Daniel Beleza & Os Corações em Fúria: banda indie que não tem vergonha da sonoridade nacional - André Porto

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Daniel Belleza & Os Corações em Fúria: experimentação, MPB e psicodelia no 2º disco

Humberto Finatti Publicado em 13/08/2007, às 17h57 - Atualizado em 31/08/2007, às 19h28

Os primeiros shows do quarteto paulista Daniel Belleza & Os Corações em Fúria aconteceram no ano de 2003. Os palcos eram galerias de arte, projeções de vídeo davam o suporte e todo um cuidado com o visual dos integrantes dava o tom. Foi o que bastou para o mundo fashion apadrinhar a banda, que passou a se apresentar em desfiles de grifes famosas. O primeiro disco saiu no final de 2004, com um repertório que forma uma ponte inusitada entre o glam rock da década de 70 e a MPB classuda da mesma época.

As canções ganhavam tal dimensão ao vivo que o grupo começou a ganhar fama de fazer "o show". Não era para menos: um punhado de cataclismos sônicos tocados no palco como se o mundo fosse acabar ali, e um vocalista praticando danças e gestos evocatórios, como se estivesse incorporando algum xamã. "Somos como o Oasis, estamos sempre em evidência porque nossa banda é ótima e porque temos o melhor show ao vivo do Brasil", diz o guitarrista Johnny Monster. O baixista Rangel endossa: "Existem os hypes que vêm e passam. Mas nós nos mantemos na mídia porque a gente não pára, estamos sempre trabalhando".

Já gravado e mixado, o segundo disco da banda, Avatar, somente aguarda por uma gravadora. Cheio de guitarras nervosas e muita experimentação sonora, tem direito até a arroubos de psicodelia em algumas faixas, o que reforça a ligação que a banda busca hoje com a MPB em sua fase clássica. "A música brasileira está cada vez mais presente no nosso trabalho. E isso porque ela é que tem as grandes canções", defende Johnny. "As bandas indies têm vergonha da sonoridade brasileira, de toda essa riqueza musical que está aí, à nossa volta", completa Rangel, alfinetando os "colegas" de ofício.

Há pelo menos um hit certeiro em Avatar, "Os Olhos nas Asas de Uma Mariposa", já cantada pelo público nos shows, com melodia radiofônica, guitarras aceleradas e até um "órgão de churrascaria" (no bom sentido) sublinhando tudo. "É um disco mais vivo, com muita experimentação", explica Johnny, animado. "Há violões, guitarras ao contrário, teclados, três baixos diferentes e duas baterias na mesma música e até percussão tocada com garrafas." O selo ST2 já mostrou interesse em bancar o disco, que deve sair ainda neste trimestre. "Mas vai sair de qualquer jeito, mesmo que nós mesmos tenhamos que lançar", desafia Rangel.

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