Com disco de estreia recém-lançado, o carioca Manacá já trabalha em músicas novas
Por Christina Fuscaldo Publicado em 11/01/2010, às 09h58
Para o Manacá, muita coisa mudou do ano passado para cá. A banda, que despontou na cena independente do Rio de Janeiro em 2007, emplacou músicas na trilha sonora de Capitu - minissérie exibida em dezembro que tinha a vocalista Letícia Persiles como protagonista -, abriu o show do Beirut em São Paulo em setembro e... nada mais. Previsto para abril de 2008, o primeiro disco do grupo ficou na geladeira da gravadora EMI por mais de um ano. Depois do nascimento do primeiro filho de Letícia, Ariel, Manacá chega finalmente às lojas - em um momento em que a banda já trabalha em novos arranjos e até em novas canções. "Não paramos, fizemos shows até o oitavo mês de gravidez. Tiramos férias apenas entre o Natal e o Carnaval. O Ariel nasceu em janeiro e nós já voltamos ao trabalho. Acabamos produzindo muita coisa nova nesse tempo de espera", conta Letícia.
A banda fechou contrato com Marcelo Lobato, empresário de Pitty e Marcelo D2. Depois das gravações do disco, que ganhou produção de Mario Caldato (Beastie Boys, Marisa Monte), a parceria acabou se desfazendo e o disco foi engavetado. "Lobato foi nosso primeiro empresário e foi superlegal. Mas não rolou acordo em relação a algumas questões e a gente acabou se desligando dele. Foi ele quem nos ajudou a conseguir esse contrato com a EMI. O disco ficou pronto em janeiro de 2008 e a gravadora estacionou, sem explicação.
Para Luiz César Pintoni (guitarra), Bruno Baiano (bateria) e Daniel Wally (baixo), a espera não foi fácil. Todos haviam largado seu ganha-pão para se dedicar totalmente à banda. O tempo passou e só Letícia, que ganhou o papel de destaque na minissérie baseada na obra de Machado de Assis, conseguiu dar rumo à carreira de atriz. "Foi um momento muito conturbado. Todos nós largamos nossos empregos porque acreditamos que íamos trabalhar. A coisa foi se arrastando e cada um teve que tomar rumo. Eu voltei a dar aulas de violão, Baiano arrumou um emprego em um escritório de advocacia e Wally seguiu trabalhando como técnico de som. Letícia fez a minissérie e isso foi bom porque, antes de começar a cantar, ela sonhava ser atriz", afirma César.
"O nosso CD se resume como o final de um ciclo inicial, que foi o processo desde a criação da banda, com as primeiras ideias, até o encerramento de um ciclo. O próximo trabalho já vai ter outra cara. Se fôssemos gravar esse primeiro disco hoje, já teria outra concepção", completa o guitarrista. Manacá traz oito composições de Letícia Persiles, duas de Luiz César Pintoni e a regravação de "Canto de Ossanha" (Baden Powell e Vinícius de Morais). A rabeca e o cello, de Lui Coimbra, assim como o acordeom, de Renato Ianovich, viraram a cabeça dos músicos. Agora, o Manacá não consegue mais compor sem contar com esses instrumentos. "A gente já tinha esse desejo, de colocar instrumentos que enriquecessem a harmonia e o conceito, mas não tínhamos condição de manter essa estrutura", conta Letícia. "Agora, eles são nossos músicos contratados e a gente já conta com eles quando estamos compondo."
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