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Craca e Dani Nega lançam sucessor de Dispositivo Tralha>

Fernanda Talarico

Publicado em 21/06/2018, às 19h26 - Atualizado às 19h26
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Dani Nega e Craca em mais uma empreitada conjunta - Cacá Bernardes/ Divulgação

Craca e Dani Nega deram início a uma bem-sucedida colaboração em 2016, com o lançamento do Dispositivo Tralha, premiado no 28º Prêmio de Música Brasileira como Melhor Álbum de Música Eletrônica. Dois anos depois, a parceria continuou dando ótimos frutos e Felipe Julián (o Craca) e Dani voltaram ao estúdio para fazer Desmanche.

Assim como o primeiro trabalho, este fala sobre racismo, questões sociais, feminismo e política, mas de outra maneira. “O primeiro disco estava muito mais afiado e direto. Este tem a coisa da declaração política e provocativa, mas as letras são mais poéticas”, diz Dani. “A poesia ultrapassa o manifesto e toca em lugares mais profundos. Talvez a gente consiga a reflexão através da profundidade.” A insatisfação política de ambos está presente até mesmo no nome do disco. “Escolhemos Desmanche dentro de uma lógica de contextualização de um momento político que estamos vivendo: é o desmonte da educação, da saúde, do Estado... Juntamos isso à nossa estética sonora, que tem a ideia de sucata, de bases eletrônicas, de trechos sonoros ‘roubados’, e é isso”, explica Craca.

A produção do disco foi entre um protesto e outro. “No dia seguinte à morte da [vereadora] Marielle Franco, fomos a uma manifestação e marcamos de gravar uma música chamada ‘Quando Voltarão’, que fala de nossos heróis que vivem por muito pouco tempo. Inclusive, cito a Marielle e outras pessoas pretas que foram mortas pela polícia.” Mais uma mudança deste disco em relação ao primeiro é que desta vez Dani participou de todo o processo, e impôs a presença de mulheres nas participações especiais. “Devemos fortalecer a força feminina, então convidamos as parceiras pretas, da militância, que estão na correria. É uma mulherada forte de quem eu faço questão”.

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