Tom confessional, mazelas sociais e feminismo deram as caras aqui e no mundo. A diversão e a leveza de hits para as rádios, no entanto, também marcaram presença
Redação
Publicado em 12/01/2017, às 00h07 - Atualizado em 13/01/2017, às 00h05MELHORES MÚSICAS 2016 | NACIONAIS
1 | Mahmundi
“Hit”
Depois de “eterno verão”, música que deu a largada na divulgação do álbum de estreia de Mahmundi, “Hit” era a escolha natural para a sequência. A faixa de abertura do disco então ganhou videoclipe, rodado no bairro paulistano da Liberdade, com a carioca zanzando pelas ruas da cidade que adotou para viver em 2016. E não poderiam faltar os karaokês da região, que combinam perfeitamente com a ideia de “Hit”, uma canção solar, com vocação para ser cantada por muita gente. A levada reggae poderia até fazer dela um fenômeno praiano neste verão. Por enquanto, a criação mais conhecida de Mahmundi é “Sentimento”, lançada como single no último álbum em formato acústico d’O Rappa. Mas ela tem outros hits na manga. Um deles, campeão.
2 | Sabotage com DJ Cia
<>“País da Fome (Homens Animais)”
Nem é preciso conhecer a história de Sabotage para se emocionar: nesta faixa o rapper agoniza em confissões até esboçar um choro, enquanto DJ Cia amplifica os sensíveis arranjos.
3 | Céu
“Perfume do Invisível”
Single que apresentou a sonoridade peculiar de Tropix para o mundo, “Perfume do Invisível” vai crescendo com suas batidas minimalistas e vocais que enfeitiçam. O café preto e o cigarro da letra ajudam na ambientação.
4 Liniker e os Caramelows
“Remonta"
A canção sintetiza o tom confessional e sacolejado sobre o qual o primeiro álbum da banda foi arquitetado. Em um fraseado jazzístico, Liniker vocifera que depois da crueza da desconstrução é necessário remontar.
5| Arthur Verocai com Criolo
“O Tambor”
A parceria entre o maestro e o rapper promove o encontro do groove pontuado pela orquestração de Arthur Verocai com o lirismo cru de Criolo.
6 | Mano Brown com Lino Krizz
“Gangsta Boogie”
O MC precisa de três minutos para sintetizar a atual fase dançante, com os agudos de Lino Krizz, rimas malandras e um cantar encantadoramente desengonçado.
7 Carne Doce
“Princesa”
Faixa-título do segundo álbum da banda goiana, “Princesa” subverte a lógica do pop romântico em uma psicodelia melódica e compassada, permeada por guitarras ácidas e efervescentes.
8 | O Terno
“Melhor do Que Parece”
Otimismo e pessimismo são explorados com franqueza poética neste épico incrementado por cordas e órgão. A epifania do encerramento ganha tons irônicos com o arranjo de sopro.
9 | Tássia Reis
“Ouça-Me”
O disco outra esfera é espacial e viajado, mas em “Ouça-Me” Tássia Reis abre espaço para um beat parrudo, enquanto almeja elevar “o agudo ao infinito”. É impossível não escutá-la.
10 | BaianaSystem
“Bala na Agulha”
“Dignidade é poder trabalhar”, canta Russo Passapusso em uma das faixas que constroem o verdadeiro manifesto que é o segundo álbum do grupo de Salvador. Contundente e necessário.
11 | Boogarins
“Elogio à Instituição do Cinismo”
Sintetizadores e batidas eletrônicas decoram as guitarras saturadas e os vocais pastosos de uma das bandas mais inquietas e criativas – e em franco crescimento – do país.
12 Karol Conka e MC Carol
“100% Feminista”
Karol, carol, a produção de Leo Justi e Tropkillaz e mulheres lutando continuaram a brilhar em 2016. Afi nal, “século 21 e ainda querem nos limitar com novas leis”.
13 | Luisa Maita
“Fio da Memória”
O pulso que rege “fio da Memória” dilui samba no som processado que permeia o trabalho de Luisa. A voz doce e picante dela entrega uma letra simples mas marcante.
14 | Mallu Magalhães
“Casa Pronta”
Sorte é começar a vida no ventre amável de Mallu. Na categoria de “canção para a prole”, essa bossa nova feita para a pequena Luisa é uma ótima adição.
15 Dona Onete
“Banzeiro”
Tema que batiza o segundo disco da paraense, “Banzeiro” é pura festa. Na letra, menções à pororoca, à priprioca e ao popopô, expressões de um Brasil amazônico a ser explorado.
16 | Fresno com Caetano Veloso
“Hoje Sou Trovão”
A banda gaúcha convenceu o ídolo a participar de seu trabalho mais ambicioso. E Caetano deu sua contribuição à ópera-rock com a versatilidade habitual.
17 | Silva com Marisa Monte
“Noturna (Nada de Novo na Noite)”
Com um piano cadenciado e uma letra poética e introspectiva, o músico capixaba e a cantora carioca cravam uma bela parceria nesta delicada balada de clima intimista.
18 | Tagore
“Mudo”
Por trás de uma densa camada de guitarras e teclados ecoados, o Tagore interpreta uma canção assobiável, dando um resultado irresistivelmente lúdico à mescla de “pop” e
“esquisito” da banda.
19 | Metá Metá
“Corpo Vão”
Encorpada por um sax dissonante e uma guitarra errática, a canção é coroada pelo canto cru e soturno de Juçara Marçal, que divaga sobre a efemeridade da vida e do corpo humano.
20 | João Donato
“Tartaruga”
É necessário um bom fone de ouvido para ouvir Donato cantarolando o nome do animal que dá nome à faixa. Mas vale entrar na brincadeira e procurar o momento exato da peraltice.
21 | Anavitória com Tiago Iorc
“Trevo (Tu)”
A candura da junção das vozes desta dupla do Tocantins – e também do padrinho das duas, Tiago Iorc – impressiona e justifica a rápida ascensão vivida por elas.
22 | Ed Motta
“Captain’s Refusal”
Neste jazz pop de velocidade mediana conduzido por teclados, Motta nos leva aos tempos em que canções com sonoridade similar eram executadas em rádios FM do mundo todo.
23 | DeFalla
“Mate-Me”
Segundo o próprio Edu K, é a versão 2016 de uma das maiores canções do grupo: “Não Me Mande Flores”. Infelizmente, a reunião do DeFalla chegou ao fim. Mas “Mate-Me” ficará.
24 Tom Zé
“Descaração Familiar”
Ponto alto de canções Eróticas de Ninar, esta faixa é um xote eletrônico que fala da descoberta da sexualidade e da libido, tema do mais recente trabalho do artista baiano.
25 | Alok com Bruno Martini e Zeeba
“Hear Me Now”
Destaque da música eletrônica nacional, Alok se junta a Bruno Martini e à voz de Zeeba neste drinque duas partes despretensão millennial, uma parte hit para as pistas.
MELHORES MÚSICAS 2016 | INTERNACIONAIS
1 | Beyoncé
“Formation”
Foi o hit que se manteve onipresente o ano todo, e que conseguiu se tornar ainda maior com o passar do tempo. Mesmo antes de o resto de Lemonade existir, ele passou a ser o manifesto mais desafiador, em termos de letra, e mais militante, musicalmente, a respeito de quem é Beyoncé, de onde ela é e para onde vai. Vindo de uma artista que já passou muito tempo no centro da cultura norte-americana, foi uma afirmação de negritude e feminismo (com Big Freedia representando a voz dos gays), mas também um convite para a festa ao qual ninguém conseguiu resistir.
2 | David Bowie 3
“No Plan
Gravada durante as sessões para o derradeiro álbum da carreira, Blackstar, mas reservada para a trilha sonora da peça Lazarus, esta sinistra canção de fossa sobre flutuar no espaço é
um encerramento magnífico para a jornada de David Bowie.
3 | Leonard Cohen
“You Want It Darker”
A faixa que dá nome ao álbum que Cohen lançou cerca de um mês antes de morrer começa com uma prece fúnebre. O cantor segue desfilando desespero até demonstrar, com firmeza, ter aceitado o fato de que a hora de sua partida estava próxima.
4 | Nick Cave & The Bad Seeds
“I Need You”
“Nada importa quandoa pessoa que você ama se vai.” Com a voz partida e repleta de tristeza, Nick Cave canta esses versos ao recordar o flho Arthur, que morreu em 2015, aos 15 anos, depois de cair de um penhasco.
5 | Iggy Pop
“Gardenia”
Josh Homme já tinha escrito uma “Gardenia” com o Kyuss, sua primeira banda. Mas a parceria com Iggy vai em outra direção, com uma cama sonora hipnótica – o que é aquele baixo de Dean Fertita? – perfeita para o vozeirão do ídolo.
6 | Radiohead
“True Love Waits”
O amor verdadeiro espera, de fato. A música é conhecida pelos fãs desde 1995, quando Thom Yorke começou a mostrá-la ao vivo. Mas foi só quando o grupo forjou este arranjo simples e apurado que sentiu que ela estava pronta para ser registrada.
7 | Regina Spektor
“Bleeding Heart”
Mais uma bela jornada emocional da cantora e pianista de origem russa, “Bleeding Heart” fala sobre superar a ansiedade cotidiana. A música alterna picos ásperos e doces, em uma representação dos dois lados da vida.
8 | Rihanna com Drake
“Work”
Tão grudento quanto difícil de cantar, o hit que embalou o lançamento do disco Anti marcou o retorno da cantora ao dancehall, tão presente no início da carreira. Difícil é segurar a vontade de se mexer ao ouvir “work, work, work”.
9 | Frank Ocean
“Ivy”
Ocean narra um conto sobre um coração partido por cima de uma guitarra distorcida, com a voz lamuriosa confessando: “Eu achei que estivesse sonhando quando você disse que me amava”. É a música mais poderosa que ele já criou.
10 | Wilco
“If I Ever Was a Child”
Com o líder e vocalista, Je Tweedy, em seu momento mais retraído e adorável, essa faixa de três minutos traz memórias sobre crescer infeliz no subúrbio do Meio-Oeste, com um gostinho de Nels Cline para ajudar a digerir melhor a dor.
11 | The xx
“On Hold”
O primeiro single de I See You destila um lado dançante até então pouco explorado pelos britânicos. Embora seja mais pop do que as canções de xx (2009) e Coexist (2012), “On Hold”
preserva na letra a melancolia introspectiva do grupo
12 | Kanye West
“Ultralight Beam”
Kanye vai à igreja, com um coral gospel cantando “Este é um sonho de Deus”. Ele traz Kirk Franklin, Kelly Price, The-Dream e Chance the Rapper para ajudá-lo a manter o demônio longe.
13 | Red Hot Chili Peppers
“Dark Necessities
O hit da volta do Chili Peppers às rádios depois de meia década é uma colaboração com Danger Mouse, com Anthony Kiedis se abrindo sobre momentos sombrios e movidos a drogas.
14 | Chance the Rapper
“Angels"
Com este funk, chance espalha positividade pelas ruas de Chicago (“Vovó diz que eu sou kosher, mamãe diz que eu sou cultura”) até conseguir fazer todo mundo gingar com ele.
15 | Green Day
“Bang Bang”
Desde a era bush nos Estados Unidos o Green Day não soava tão ameaçador e agressivo. Foi necessária a sombra de Donald Trump para o trio recuperar a motivação, o discurso e as guitarras
inflamadas.
16 | Sia
“The Greatest”
Com uma letra edificante que funciona desde o nível existencial até como hino de incentivo para ouvir na academia, esta canção na verdade é uma homenagem tocante às vítimas do atentado à
boate Pulse, em Orlando.
17 | A Tribe Called Quest
“The Space Program”
Foi a volta triunfante do grupo – incluindo o grande e saudoso Phife Dawg, que morreu antes do lançamento. Eles trocam rimas sobre o fim do
mundo (Q-Tip diz que “não vamos desistir”).
18 | Solange
“Cranes in the Sky”
Uma canção que faz você parar e sentir a dor, não importa onde a esteja ouvindo. Descreve o tipo de tristeza da qual Solange não consegue escapar nem chorando, nem bebendo, transando
ou fazendo compras.
19 | Paul Simon
“Cool Papa Bell”
Cinquenta anos depois do sucesso de “The Sound of Silence”, Simon segue em seu impressionante retorno tardio à música, desta vez sobre uma base grooveada de guitarra com inspirações
africanas.
20 | Alicia Keys
“Blended Family What You Do for Love)”
Não fica mais pessoal do que isso. Alicia fez uma canção tocante sobre sua “família misturada”: os próprios filhos, o marido (o produtor, Swizz Beatz), a ex dele e os enteados.
21 | Elton John
“Looking Up"
No álbum Wonderful Crazy Night, base para a turnê que trará ao Brasil, o pianista deixa de lado as baladas e prioriza o rock. “Lookin Up” é uma das melhores desta safra, com um ri hipnótico difícil de esquecer.
22 | Garbage
“Empty”
Se shirley manson pode expressar insegurança a essa altura, você também pode. Ela faz isso na melhor música do disco Strange Little Birds, que não deve nada aos sucessos do auge do Garbage.
23 | PJ Harvey
“The Wheel”
Na dolorosa canção, pautada pela viagem de PJ para Kosovo e marcada por palmas ritmadas, ela expressa sentimentos comuns a todos que estão acompanhando relatos de guerra a partir da segurança do próprio lar.
24| Bon Iver
“33 ‘GOD’”
Em 2016, o Bon Iver fez uma inesperada viagem pelo universo experimental, indo fundo em vozes e timbres processados. Esta música engloba tudo isso e ainda prova que Justin Vernon continua sentimental.
25 | Childish Gambino
“Me and Your Mama”
Um trabalho 3 em 1, assim como o comediante, ator e músico. Nas três partes distintas da canção há soul, trecho instrumental e cacofonia.Também mostra Gambino abrindo o coração.