A turbulência que sacudiu as ruas e a inquietação no coração e na mente das pessoas mundo afora foram refletidas nas principais canções do ano que passou
Redação Publicado em 19/01/2016, às 13h32 - Atualizado em 29/01/2016, às 15h29
Nacionais
1- Elza Soares
“Maria da Vila Matilde”
Elza é maria, todas as marias. Ela encarna e defende as mulheres que sofrem com a violência doméstica. “Cê vai se arrepender de levantar a mão pra mim”, ameaça a cantora na faixa mais contundente do disco A Mulher do Fim do Mundo. Uma canção-símbolo do ano em que as pautas do empoderamento feminino e do ? m da cultura do estupro estiveram mais em voga do que nunca. A mensagem é ainda mais forte por vir de Elza, uma incansável guerreira que sentiu essa dor na pele.
2- Boogarins
"Avalanche"
Dinho almeida fala sobre ganância e famílias desabrigadas, mas também sobre a própria banda. Entre guitarras coloridas e ressonantes, ele declara as intenções em poucas palavras: “Com ele [eco], meu grito tem força para derrubar todos os prédios”.
3- Emicida
"Boa Esperança"
Pelo terceiro ano consecutivo presente nesta lista, o rapper paulistano marcou 2015 com uma canção em que costura versos diretos e cortantes sobre o racismo ainda vigente. A faixa também ganhou um dos melhores clipes brasileiros do ano.
4- Gal Costa
"Quando Você Olha Pra Ela"
Na missão de se conectar às novas gerações, a voz de Gal abraça a letra de Mallu Magalhães com total suavidade. A potência natural da cantora dá lugar a uma interpretação controlada na medida, sobre uma base com um quê de samba-rock.
5- Instituto
"Alto Zé do Pinho" (part. Sabotage)
figuras lendárias como Sabotage e Chico Science ganham vida nesta saudosa (tematicamente), porém moderna (sonoramente) ode ao Recife. Além do groove do Nação Zumbi, o raro cantar melódico do ? nado rapper é de arrepiar.
6-Tulipa Raiz
"Tafetá" (part. João Donato)
O balanço do piano elétrico do mestre João Donato é o que conduz a música, que tem também o delicioso dueto vocal entre Tulipa e o convidado – ele, com aquele cantar inimitável; ela, com a técnica impecável de sempre.
7- Ava Rocha
“O Jardim”
Faixa menos experimental de Ava Patrya Yndia Yracema, “O Jardim” é também o mais singelo e sentimental registro do álbum. A voz soturna de Ava encaixa-se com personalidade ímpar no detalhado instrumental.
8- Cidadão Incastigado
“Fortaleza”
Fernando Catatau dilui a nostalgia da terra natal em críticas sociais. O riff remete às raízes nordestinas da banda e eleva a dureza desta declaração de amor e decepção permeada pela passagem do tempo.
9- Anitta
“Bang”
Está cada vez mais difícil usar a palavra “funk” e o nome “Anitta” em uma mesma frase. “Bang” reafirma a vocação da cantora para o pop – mais uma vez, com a ajuda dos hitmakers Jerson Junior e Umberto Tavares.
10- BNegão & Os Seletores de Frequencia
“Surfin’ Astatke”
A faixa do trompetista Pedro Selector tenta fundir o jazz etíope de Mulatu Astatke com a surf music. O resultado lembra as trilhas sonoras feitas em Bollywood.
Rodrigo Ogi
“Hahaha”
Em suas minicrônicas urbanas, o rapper paulistano dá vazão ao bom humor. Nesta que é uma das faixas principais do álbum RÁ, ele fala de uma paquera atrapalhada. É impossível não rir quando Ogi entoa o refrão.
Ana Cañas
“Tô na Vida”
Composta por Arnaldo Antunes e com participação do guitarrista do Nação Zumbi, Lúcio Maia, “Tô na Vida” traz Ana Cañas se aproximando do rock em uma balada de poesia reta e melodia aconchegante.
Odair José
“Dia 16”
Guitarras ardidas e uma bateria bem marcada conduzem esta canção que batiza o mais recente trabalho do cantor e compositor goiano. O som não tem nada de popularesco e se aproxima do classic rock.
André Abujanra
“Espelho do Tempo
Coroando o clima teatral de O Homem Bruxa, o músico faz um apropriado tributo ao falecido pai, o ator Antônio Abujamra, relatando que o gene artístico passa de geração para geração.
Dônica
“Bicho Burro”
A canção sintetiza o encontro da MPB no estilo Clube da Esquina com o rock progressivo, mistura que é marca da sonoridade do Dônica. A vulgaridade do título pouco condiz com o refinamento da letra.
Elza Soares
“Luz Vermelha”
A desesperança urbana ganha como moldura uma guitarra roqueira de Kiko Dinucci, em uma canção cujo refrão é construído sobre uma frase do filme O Bandido da Luz Vermelha, a respeito do infame criminoso.
Karina Buhr
“Eu Sou um Monstro”
Pancada poética é a especialidade de Karina, que fez mais um dos bons discos de temática feminista (entre outras críticas) do ano passado. “Mulher, tua apatia te mata”, crava ela no marcante refrão.
Silva
““Noite” (part. Lulu Santos e Don L)
As referências de um ícone pop, como Lulu, e de um importante representante do rap moderno (Don L) abraçaram a melodia de Silva, que nunca teve tanto apelo comercial quanto aqui.
3RD World Vision
“Provocações”(Part. Espião)"
No projeto que juntou rappers brasileiros com nomes norte-americanos, “Provocações” se destacou. Nela, o rapper Espião justifica o título da faixa e provoca outros criadores de rimas do país.
Jonas Sá
“Chat Roulette”
Sacana, libidinoso, sem-vergonha: todos esses adjetivos se casam com o rap sexual de Sá. A guitarra remete aos momentos mais rascantes de Lanny Gordin, mas tudo se perde em uma barulhenta fanfarra no final.
Jaloo
“Fluxo”
O paraense já tinha mostrado que tem estilo próprio e, ao mesmo tempo, é um ótimo aglutinador de tendências. As batidas do “funk de fluxo” desta faixa vieram para comprovar a criatividade do artista.
Supercordas
“Fundação Roberto Marinho Blues & Co.”
Macaco Bong
“#tapanapantera”
O trio instrumental ressurgiu em 2015 com o álbum Macumba Afrocimética, tendo como um dos destaques este tema pesado e dissonante, conduzido pelo tom grave e hipnótico do baixo elétrico.
Johnny Hooker
“Eu Vou Fazer uma Macumba pra te Amarrar, Maldito!”
A canção que dá título ao trabalho do músico pernambucano é um glam rock percussivo. Metais e um baixo oscilante amarram o recado do cantor ao namorado que o deixou.
Vanusa
“Tudo Aurora” (part. Zeca Baleiro)
“Embora a vida seja um estandarte/ Da maldade/ Bem ou mal/ Eu prefiro a verdade”, canta Vanusa nesta faixa de acento folk. Zeca Baleiro, produtor do CD da cantora, junta-se a ela ao microfone.
Internacionais
Kendrick Lamar
“King Kunta”
Muitos são os grandes momentos de To Pimp a Butterfl y, mas “King Kunta” se destaca por ser a faixa com mais funk pulsando nas veias. Remete ao Parliament, de George Clinton, e traz elementos de “The Payback”, de James Brown. Há ainda uma citação de “Smooth Criminal”, de Michael Jackson (quando Kendrick pergunta “Annie, are you ok?”). Apesar de o escravo rebelde Kunta Kinte ser citado já no título, o rapper
preferiu um videoclipe festivo para promover o hit. Ele retornou à suburbana cidade natal de Compton e convocou os amigos que seguem residindo por lá para tirar uma onda nas ruas. No ano do revival do N.W.A. – outro fi lho ilustre de Compton –, casou direitinho.
The Weeknd
“Can’t Feel My Face”
Foi o “oooooh!” que mudou tudo. Essa única sílaba de êxtase, exclamada pouco antes de cada refrão, transformou Abel Tesfaye (também conhecido como The Weeknd) de um cantor cult de R&B em um astro
pop. A produção de Max Martin também ajudou.
Adele
Hello”
Quando adele diz “Hello”, as pessoas escutam – dezenas de milhões de pessoas escutam. Independentemente de estar cantando para um ex (como o videoclipe insinua) ou para sua juventude (como ela alega), esta balada intensa corta fundo.
Courtney Barnett
“Pedestrian at Best”
Os quatro minutos mais empolgantes do rock em 2015: sons de guitarra de garagem e um desabafo sombrio e hilariante que levam a um refrão que sua banda alternativa preferida dos anos 1990 teria rasgado a camisa xadrez para ter escrito.
Alabama Shakes
“Don’t Wanna Fight”
A banda se entrega ao poder do groove nesta que pode ser sua faixa mais quente e funk até agora. O uivo de abertura de Brittany Howard soa como um verdadeiro furacão. Mas a mensagem não agride ninguém: é um urgente pedido de conciliação.
Tame Impala
“Let It Happen
De alguma forma, a batida acolhedora de synth-pop desta composição dos australianos experimentalistas nos faz pensar no guru psicodélico Syd Barrett participando de uma balada ao lado do pioneiro da música eletrônica Gary Numan.
Faith No More
“Sunny Side Up”
O terceiro single de Sol Invictus traz um elemento que pode passar despercebido para a maioria dos ouvintes, mas que deixou os músicos animados no estúdio:
Roddy Bottum gravou sua parte em um piano de verdade, não em um teclado.
Major Lazer & Dj Snake
“Lean On” (part. Mø)
Rihanna a rejeitou. Nicki Minaj também. Então, a equipe de Diplo se juntou a uma novata dinamarquesa e a um baladeiro francês. O resultado: a faixa mais tocada na história do Spotify e um dos refrãos mais irresistíveis do ano.
Drake
“Hotline Bling”
Um sample vintage de bateria eletrônica dos anos 1970 move a dolorosa lembrança de uma garota que ligava para Drake ansiando por sexo. Agora, resta a ele ficar se lamentando sobre a atual vida festeira da moça e dançar como um bobo apaixonado.
Kendrick Lamar
“Alright”
Depois de uma visita à África, Lamar percebeu que a discussão sobre racismo nunca vai acabar. Quando voltou, gravou esta faixa, que reflete sobre luta e esperança.
A produção e os vocais de apoio ficaram com Pharrell Williams.
MotÖrhead
“Thunder & Lightning”
Se alguém um dia desejou que Lemmy Kilmister e cia. fizessem uma canção falando de trovoadas e raios, cá está ela. A faixa de Bad Magic serve como trilha
sonora perfeita para dias em que o céu estiver desabando.
Sam Smith
“The Writing’s on the Wall”
Bombástica, exagerada e passional. Se não fosse assim, esta balada não teria nenhuma graça. Afinal, ela é o tema principal de 007 contra Spectre, o mais recente
filme da franquia do agente James Bond.
Björk
“Black Lake”
Tão expressiva e emocional quanto sempre e mais pessoal do que nunca, Björk abriu o coração em Vulnicura. Esta faixa representa toda a dor da perda da
cantora, que fez o álbum inspirada pelo fim de um relacionamento.
Alabama Shakes
“Trouble”
O guitarrista dos Rolling Stones canta de forma clara neste rock básico, que se tivesse sido lançado por sua banda titular teria potencial para se tornar um tremendo
hit. Richards mantém tudo descomplicado e capricha nas guitarras.
Rihanna
“Bitch Better Have My Money
A estrela deve lançar o álbum Anti ainda este ano, mas os singles que anteciparam o trabalho causaram impacto em 2015. Apesar de complicada para dançar,
esta faixa hipnótica pega na hora.
FLORENCE AND THE MACHINE
“Ship to Wreck”
Usando uma sonoridade que poderia ter saído de uma rádio FM dos anos 1970, a canção faz uso pleno da voz grandiloquente de Florence Welch.
Ela forma um turbilhão durante o qual sua banda navega de forma estável.
Mumford & Sons
“Believe”
Primeiro single de Wilder Mind, a faixa teve a função de mostrar que o Mumford & Sons estava dando uma guinada na sonoridade que lhe era tradicional. Antes
folk e acústica, hoje a banda não sente falta do banjo.
Wilco
“Random Name Generator”
Guitarras tortas, arranjos oblíquos e vocais serenos. Em termos de som, é o Wilco de sempre. Na hilária letra criada por Je Tweedy, o cantor pretende nomear
de forma aleatória toda criança recém-nascida.
Justin Bieber
“Sorry”
Bieber quer mudar a opinião pública sobre si, e assim pede desculpas, metaforicamente, pelo comportamento errático de anos anteriores. A batida tropical desse dancehall (que tem a mão de Skrillex) facilita a tarefa
para o canadense.
Eagles of Death Metal
“Complexity”
Uma versão deste rock lascivo já havia saído em Honkey Kong (2011), disco solo de Jesse Hughes (sob a alcunha Boots Electric). Mas Josh Homme achou que ela merecia uma nova chance. Agradecemos por isso.
New Order
Restless”
Este single dos mestres da música eletrônica tem como temas centrais a cobiça e o consumismo. Mas o que
interessa é que ele resgata o pique dos bons tempos em que os ingleses colocavam fogo nas pistas de dança.
Giorgio Moroder
“Déjà Vu”
A fortuita parceria entre dois dos nomes mais importantes da música nos últimos dois anos – o veterano produtor Moroder retornando e Sia explodindo de vez – gerou uma das melhores faixas dance ouvidas em 2015.
Lana Del Rey
“Music to Watch Boys to”
Como uma garota falsamente ingênua que sabe de seu poder de sedução, Lana Del Rey fica de olho nos rapazes
e mistura doses de melancolia e volúpia nesta faixa conduzida por um piano sutil e refrão com som orquestrado.
The Dead Weather
“I Feel Love (Every Million Miles)”
“Por que a batida do meu coração parece um alto-falante?”, canta Alison Mosshart. Este rock agressivo em alto
volume e com vocais afiados é uma honrosa representação contemporânea do gênero.
Kurt Vile
“Pretty Pimpin”
O rapaz dos acordes de guitarra dourados está olhando para um espelho e o que encontra é um completo estranho. Ele prefere deixar o pânico inicial de lado com uma canção que tem partes iguais de tiração de sarro e maluquice.
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