Condenado à injeção letal em 1994 por um crime que afirma não ter cometido, Damien Echols reaprende a viver em sociedade, agora na pele de uma celebridade multimídia
Mayra Dias Gomes Publicado em 09/01/2013, às 11h29 - Atualizado em 15/01/2013, às 12h50
Na porta da livraria Barnes and Noble da Union Square, em Nova York, um cartaz anuncia: “Damien Echols conversa com Johnny Depp”. O evento está marcado para começar às 7 da noite, mas uma fila de quase 100 pessoas já se forma ao meio-dia, debaixo do sol escaldante.
Uma senhora para diante do cartaz e pergunta em voz alta: “Quem é Damien Echols?”
Uma adolescente vestida de preto dos pés à cabeça responde: “Você não conhece o caso ‘West Memphis Three’? Ele foi condenado à morte por um assassinato que não cometeu. Hoje vai lançar o livro Life After Death, e o Johnny Depp estará aqui com ele.”
Ao longo do dia, muitos repetem a pergunta. Alguns transeuntes mostram-se surpresos ao presenciar uma multidão esperando para conhecer um homem que foi condenado por assassinato. Afinal, Echols é considerado culpado na justiça, e para a maioria a decisão da justiça costuma ser a verdade absoluta.
O lançamento de Life After Death marca o início de uma nova batalha para Damien Echols. Para provar a inocência e curar o trauma que sofreu, ele sente-se obrigado a relatar ao mundo a sua versão dos fatos. “Eu preciso contar minha história para me curar”, ele me disse, em uma das mensagens que trocamos nos últimos meses. “Só a dor transformada em arte pode me fazer crescer e ajudar na minha cura.”
Damien Echols, nascido Michael Hutherson em 11 de dezembro de 1974, foi condenado em 1994 (junto ao melhor amigo, Jason Baldwin, e o colega, Jessie Misskelley) pelo assassinato brutal de três crianças – Christopher Byers, Michael Moore e Stevie Branch –, todas de 8 anos de idade. Em maio de 1993, os corpos dos meninos foram encontrados submersos em um lago lamacento, com as mãos e os pés atados pelos cadarços dos próprios sapatos, em West Memphis, no estado do Arkansas. Byers foi o mais machucado: teve os órgãos genitais mutilados e extraídos.
Autora do livro Devil’s Knot fala sobre o que a inspirou a investigar o caso dos West Memphis Three.
Sem respostas, a comunidade da cidade, localizada na área conhecida como “Bible Belt” (o cinturão da Bíblia), começou a crer na presença de um culto satânico. Fanáticos gritavam pelas ruas que o fim estava próximo e que o Diabo estava à solta em West Memphis. Rumores de sacrifícios humanos e orgias satanistas espalhavam-se, alimentados pela mídia. A polícia precisava encontrar um culpado.
A investigação, porém, teve inúmeras falhas, apontadas no livro Devil’s Knot: The True Story of the West Memphis Three, da jornalista Mara Leveritt. A polícia nunca chegou a investigar a família das crianças, apesar das suspeitas contínuas de que o crime foi cometido por um parente de uma das vítimas. Também deu pouca atenção a uma ligação que recebeu do gerente do restaurante Mr. Bojangles na noite do crime, alegando que um homem negro desnorteado e coberto de sangue e lama entrou no estabelecimento e permaneceu no banheiro por uma hora. Depois que os corpos foram achados, os policiais recolheram mostras de sangue do banheiro, mas a prova foi misteriosamente perdida. Em 4 de junho de 1993, menos de um mês após os assassinatos, três jovens locais foram presos.
Damien Echols era um adolescente que chamava a atenção em West Memphis. Com a pele branca e aversão ao sol, ele caminhava pela cidade com um longo e empoeirado sobretudo preto e botas, com os cabelos raspados pela metade. Ouvia punk e heavy metal e apreciava filmes e livros de terror de Stephen King.
“Meu comportamento não era bom”, ele assume na biografia. “Eu era expulso da aula pelo menos uma vez por semana por incomodar a paz em geral. O problema é que eu estava simplesmente feliz de estar longe do inferno que era a minha casa. (...) Não usei cor nenhuma até o dia em que fui preso. Tinha deixado meu cabelo crescer e ficar bagunçado para parecer com Johnny Depp em Edward Mãos de Tesoura.”
A família dele era pobre e muitas vezes não tinha dinheiro para eletricidade ou água quente. Durante a infância, os pais viviam discutindo por causa de dinheiro. Eventualmente, eles se separaram. A mãe se casou com Jack Echols, que acabou adotando Damien e a irmã dele, Michelle. A família vivia em mudança, passando por trailers, um quarto no fundo de uma igreja e um barraco construído em cima de um cemitério indígena. Passaram por cidades em Mississippi, Tennessee, Maryland, Oregon e Arkansas.
“As pessoas de lugares como West Memphis não gostam de nada que se destaca, incluindo inteligência e beleza”, prossegue Echols. “Se uma mulher é esperta e toma conta do seu corpo, as outras a olham com ódio. Se um homem é inteligente, ele vai ser rejeitado. As pessoas não têm a disciplina ou o respeito próprio para melhorar, e odeiam qualquer um que consiga, porque os faz se sentirem pequenos e inadequados.”
Durante a adolescência, o rapaz se sentia sozinho, sofria de depressão e tinha pensamentos suicidas. Tinha também um histórico de delitos menores e foi enviado mais de uma vez para um hospital psiquiátrico. Conforme ele conta, o oficial de condicional Jerry Driver estava decidido a provar que Damien era líder de um grupo satânico. Ele admite que era realmente interessado por ocultismo e tinha um gosto duvidoso, mas que era “inofensivo” e estava só “passando por uma fase”. Porém, Driver estava convencido de que o adolescente praticava satanismo e vivia o interrogando sobre atividades demoníacas na cidade. Em duas ocasiões, o agente prendeu Echols e o deixou escolher entre a cadeia e o hospital psiquiátrico.
“Quando era criança, aprendi na escola que viver na América significa ter certa liberdade, mas, ao ficar mais velho, descobri que a realidade é dura”, ele escreveu. “Policiais podiam me parar a qualquer hora, em qualquer lugar, e não me dar outra escolha a não ser obedecer. Mesmo sem estar fazendo nada errado, eu tinha que dizer a eles aonde eu estava indo, de onde vinha e outras informações pessoais.”
Tímido, bom aluno e com talento para desenho, Jason Baldwin era amigo inseparável de Damien, com quem compartilhava afinidades musicais. Jessie Misskelley, o terceiro condenado, era mais amigo de Baldwin do que de Echols, pois morava em um trailer perto dele. Era conhecido pelo QI baixo e raciocínio lento. Quando foi preso, a polícia o questionou por 12 horas, sem a presença de advogados ou responsáveis, fazendo-o crer que se admitisse o crime, ficaria livre da tortura das autoridades. No limite do cansaço, o adolescente confessou.
“Era aparente até para alguém de inteligência média que você não estava lidando com o cara mais inteligente do mundo”, conta Echols. “Ele era como uma criança. Era inofensivo.”
A confissão contraditória de Misskelley o colocava na cena do crime com os outros dois, e foi usada no julgamento como prova principal. Depois de confessar, ele admitiu que havia mentido para fazer a polícia parar de perturbá-lo e se negou a testemunhar contra os amigos. Apesar da tentativa da defesa de provar que a confissão foi induzida, as palavras impensadas pesaram. Além da confissão, não havia mais nada que provasse que o trio estava na cena do crime. Sem renda para contratar advogados, os jovens foram representados por defensores públicos que sequer chamaram testemunhas para comprovar seus álibis. Assim mesmo, foi o julgamento criminal mais longo da história de Arkansas. Echols, Baldwin e Misskelley acabaram condenados, e West Memphis os enxergou como bruxas na fogueira.
Em 18 de março de 1994, Baldwin foi sentenciado à prisão perpétua; Misskelley, à prisão perpétua com mais 40 anos de reclusão; e Echols foi sentenciado à morte por injeção letal. Todos mantiveram que são inocentes. Contudo, inúmeros apelos foram negados e 18 anos se passaram até serem enfim ouvidos pelo Estado.
Na prisão, Echols conta que era obrigado a ficar acorrentado pelos pés e mãos, e que ficou dez anos em solitária, sem sequer ver a luz do sol. “Quando me tiravam da cela por uma hora, simplesmente me botavam em uma cela diferente”, conta. “Quando saí da prisão, tive que reaprender tudo, inclusive a andar e a comer com talheres.” Era constantemente jogado em um lugar conhecido como “o buraco”, onde guardas o espancavam, o ameaçavam de morte, cuspiam nele e abusavam dele. Às vezes, entravam em sua cela e destruíam objetos pessoais. Ele sempre encontrava insetos na comida e não tinha direito a tratamento médico. “Eles não vão gastar dinheiro com alguém que planejam matar. Fiquei muito doente lá dentro. Meus dentes foram danificados por causa dos socos constantes que levava dos guardas, e minha visão é péssima por ter passado tanto tempo em um lugar pequeno, sem ver a luz do sol.”
“Quando cheguei à Tucker Maximum Security Unit em 1994, aquilo me deixou chocado. Na noite em que cheguei ao corredor da morte, fui colocado em uma cela entre dois dos homens mais odiados da face da Terra. Jonas só tinha uma perna e Albert só tinha um olho”, ele escreveu. “Porém, apesar de os presidiários serem assustadores, a maioria tinha problemas psicológicos e não oferecia riscos. No corredor da morte, diferentemente de em uma prisão comum, o que reina é o silêncio. Os prisioneiros não berram, só aguardam. Muitos não têm noção do que está acontecendo, pois são deficientes mentais.”
“Nos filmes, você sempre tem de tomar cuidado com os prisioneiros. Na vida real, são com os guardas e com a administração”, Echols relata. “Eles fazem de tudo para tornar sua vida mais difícil e estressante do que já é, como se estar ali não fosse o suficiente. Eles podem mandar um homem para a prisão por falsificar um cheque e o atormentar até que ele se torne um criminoso violento. Eu não queria que essas pessoas me tocassem e me transformassem em algo podre como elas. Tentei todo tipo de prática espiritual e meditação para me ajudar a manter a sanidade.”
Ler e escrever também ajudou. Echols escrevia em diários sem data, já que dias não lhe tinham mais significado. “A única maneira de sobreviver à prisão é mantendo alguma rotina. Você precisa forjar algum tipo de vida para si mesmo lá dentro para não morrer”, explica. “Perdi a conta de quantas execuções aconteceram durante o tempo em que estive preso. Acredito que entre 25 e 30. Alguns homens eu conhecia e tinha proximidade, outros eu não aguentava sequer ver. Mesmo assim eu não sentia felicidade ao vê-los irem do jeito que foram.”
Damien Echols já poderia estar morto se uma produtora do canal HBO chamada Sheila Nevins não tivesse se interessado pelo caso por meio de uma reportagem de jornal. Ela entrou em contato com os cineastas Joe Berlinger e Bruce Sinofsky, que acabaram dirigindo o documentário em três partes Paradise Lost: The Child Murders at Robin Hood Hills, que apresentou ao mundo a história dos rapazes de West Memphis. O terceiro capítulo, Paradise Lost: Purgatory, ganhou indicações aos prêmios Oscar e Emmy em 2012. A primeira parte também marcou a primeira vez em que os integrantes do Metallica permitiram que uma música deles fosse usada na trilha de um filme (a dupla Berlinger e Sinofsky posteriormente foi responsável pelo revelador documentário sobre a banda, Some Kind of Monster).
Graças a Paradise Lost, nomes como Johnny Depp, Henry Rollins, Eddie Vedder, Marilyn Manson e o diretor Peter Jackson passaram a apoiar a causa do trio – Vedder e Jackson chegaram a doar dinheiro para a condução de testes de DNA e investigações. Em 2006, Michale Graves, ex-vocalista do Misfits, saiu em turnê para apoiar o caso e gravou o álbum Illusions em 2007, no qual musicou letras de Echols.
No cinema, a saga continua. Em dezembro passado foi lançado o documentário West of Memphis, coproduzido por Echols, pela esposa dele, Lorri Davis, por Peter Jackson e pela esposa do cineasta neozelandês, Fran Walsh. “É importante que eu continue divulgando o que aconteceu, pois cada pessoa que lê ou assiste a essa história é potencialmente um membro do júri”, o ex-presidiário explica. “A maioria das pessoas sentenciadas à morte está lá pelo fato de que o caso delas recebeu mais publicidade. A diferença de um homem ser sentenciado à prisão e à morte pode ser decidida por nada mais do que um dia devagar na mídia.” Em 2013 é a vez de Devil’s Knot, longa-metragem estrelado por Reese Witherspoon e Collin Firth, inspirado pelo livro homônimo lançado por Mara Leveritt em 2002.
A repercussão da história dos “West Memphis Three” atingiu também Lorri Davis, uma arquiteta de Nova York. Após assistir ao primeiro Paradise Lost, ela ficou obcecada pelo caso e escreveu uma carta para Echols na prisão.
“Lorri fez algo que as outras pessoas não haviam feito. Ela pediu desculpas por invadir minha privacidade. Isso ficou na minha cabeça, porque eu sentia que não tinha mais privacidade. Minha vida inteira foi exposta para que os outros pudessem me examinar e me cutucar com uma vara”, ele escreveu em Life After Death. Após seis meses de correspondência, ela foi conhecê-lo pessoalmente no cárcere. Os dois se apaixonaram, e ela resolveu se mudar para um local próximo ao presídio para trabalhar pessoalmente no caso. Em 1999, os dois se casaram em uma cerimônia budista. No total, já estão juntos há 17 anos.
Em setembro de 2011, Echols, Baldwin e Misskelley aceitaram um acordo confuso com a promotoria: os três foram libertados, mas tiveram de se declarar culpados enquanto afirmavam ser inocentes. Com isso, perderam a habilidade de processar o Estado. Damien Echols tornou-se o único homem a deixar o corredor da morte no estado do Arkansas. Hoje, tem como objetivo limpar o próprio nome e encontrar o verdadeiro assassino das crianças.
“Não há rotina espiritual que diminua a realidade da vida diária no corredor da morte”, ele escreveu. “Uma pessoa normal não comete assassinato. Por quase 17 anos, esperei por alguém com quem eu pudesse ter uma conversa, mas isso não acontece. As pessoas são deficientes mentais. Não existem criminosos geniais andando pelos corredores. A maioria não é só analfabeta, mas não consegue nem se expressar direito em inglês. Eu nunca conheci um prisioneiro que foi à faculdade e posso contar na mão quantos se formaram na escola. Quase todos moravam em pobreza absoluta e quase todos sofreram alguma forma de abuso. A lei diz que os insanos e os deficientes mentais não podem ser executados, mas isso acontece regularmente.”
No dia em que saíram da prisão diante de flashes e atenção mundial, Damien Echols e Jason Baldwin (que não conviveram enquanto estavam encarcerados) foram tirar carteira de identidade. Depois, Eddie Vedder os levou para um hotel, onde um jantar os esperava. Echols comeu hambúrguer, sanduíche de peru, batatas fritas e bebeu vinho Merlot. Também bebeu champanhe pela primeira vez. Na mesma noite, Jessie Misskelley retornou para a casa do pai em um trailer em West Memphis, e os outros dois ganharam uma festa no telhado do hotel, onde Vedder e Natalie Maines (vocalista do Dixie Chicks) cantaram em homenagem aos recém-libertados. “Foi tudo muito surreal”, Echols lembra. Na manhã seguinte, o cantor do Pearl Jam deu de presente a eles a primeira viagem de avião. O destino foi a casa do músico em Seattle, onde Echols finalmente pôde passar tempo com Lorri Davis, que o havia esperado por tantos anos.
O casal passou o primeiro ano junto em Nova York, fascinado pela vida na cidade grande. Em setembro, ele decidiu se mudar para Salem (Massachussets), “onde é difícil achar uma casa que não seja mal-assombrada”, ele brinca. Curiosamente, é na cidade onde as bruxas foram queimadas no século 17 que ele diz sentir-se mais confortável. “Tudo me lembra o Halloween.”
"Se eu não tivesse certeza da inocência deste cara, nunca arriscaria minha carreira posando ao lado dele.” Johnny Depp está agora no centro das atenções do evento de lançamento de Life After Death, na livraria em Nova York. A seu lado, vestido de preto, com os braços cruzados e óculos escuros no rosto, Damien Echols sorri e responde: “Isso não é exatamente um avanço na sua carreira”.
Riram, como amigos de infância. Desde que foi libertado, Echols tem se acostumado ao assédio e à convivência constante com celebridades que afirmam se identificar com sua causa. Na mão dele, é visível uma tatuagem que fez junto com Depp. O ator explica que é uma de suas preferidas, e que quase sempre que os dois se encontram, acabam em um estúdio de tatuagem. Outro dos hobbies na rotina pós-prisão é tatuar amigos e fãs no estúdio Sacred Tattoo, em Nova York. Sem experiência, escolheu desenhar a letra “X”. Um dos que se aventuraram foi Dave Navarro, guitarrista do Jane’s Addiction, mais recente famoso a apoiar a causa dos West Memphis Three. Na semana seguinte ao lançamento do livro, Navarro entrevistou Echols diante de uma plateia na faculdade Ucla, em Los Angeles.
“Fui convidado para ir a um estúdio para ser tatuado pelo Damien e, no processo dessa experiência, começamos a falar sobre trauma, porque sou sobrevivente de um assassinato na minha família”, Navarro começou. “Minha mãe foi assassinada em 1983 e o assassino dela sentenciado à morte. Nossa amizade foi uma conexão real e honesta, que não pareceu forçada.”
“Falando sobre a pena de morte”, prosseguiu o guitarrista, dirigindo-se a Echols, “o assassino da minha mãe estava no corredor da morte, e há duas semanas a sentença dele foi mudada, e ele se juntou à população. Eu queria que você soubesse que meu ponto de vista sobre essa situação seria muito diferente se eu não tivesse te conhecido. Me faz achar que nos conhecemos por um motivo divino. Agora sei que se um homem que foi sentenciado à morte é inocente, o corredor não deveria existir”.
Damien Echols escutou o discurso, impassível. Então, tomou a palavra. “Muitas vezes, as pessoas acham que se você está na prisão, você provavelmente merece o que está acontecendo. E ninguém se importa com o que acontece lá dentro. Acho que as pessoas precisam considerar que, na maioria das vezes, quem vai para a prisão irá sair. Poucos são executados ou ficam lá dentro durante toda a vida. É preciso pensar que as pessoas são torturadas lá dentro, até que se tornem insanas. Um dia elas vão estar nas suas igrejas, nas suas escolas, nos seus supermercados, nos seus bairros. Vocês precisam olhar para esta situação e perceber que, enquanto permitirem que isso aconteça, estão na verdade machucando a si mesmos.”
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