Martinho da Vila homenageia os 100anos do compositor Noel Rosa com CD
Antônio Amaral Rocha Publicado em 17/08/2010, às 05h12
Martinho da Vila, que afirma gostar de fazer trabalhos conceituais, desta vez escolheu 14 composições de Noel Rosa para lançar o álbum celebratório Poeta da Cidade, Martinho Canta Noel.
Qual a expectativa que você tem com este lançamento?
Este disco foi feito sem a intenção de ser um trabalho de carreira. Começou com a ideia de ser um encarte de um livro que sairia pela PUC, sobre o Noel Rosa. Mas daí o livro não ficou pronto e o disco ficou, a Biscoito Fino resolveu lançar e eu aceitei. Na verdade eu não tinha uma expectativa. Agora que eu estou tendo. O disco ganhou vida própria. Ele era um adendo e passou a ser o principal.
Qual a percepção que você tem sobre Noel como cronista da vida carioca?
O Noel é tido como o poeta da Vila, mas na verdade ele é um poeta da cidade, poeta do Brasil. As músicas dele que estão neste disco, e outras que poderiam estar, são o Brasil. Eu até pensei em chamar o CD de Noel Rosa, Poeta do Brasil, mas, como ficou mais presente como o poeta do Rio de Janeiro, então ficou Poeta da Cidade.
A escolha do repertório procurou buscar temas que justificassem uma determinada ideia?
O Noel já foi e é muito gravado. Tem muitas leituras diferenciadas. Então, quando eu tive essa incumbência, em conversas com o Rildo Hora, que é o produtor, eu falei a ele que tínhamos que achar um conceito para o disco. Decidimos começar pelas músicas em que só Noel fosse o letrista e o compositor. Isso já era um conceito, porque eu não tinha e não tenho notícia de um disco sobre Noel só compositor. Podíamos ter pensado em fazer um Noel sociólogo, Noel romântico, Noel malandro, cronista...
E o caso de "Filosofia", dele com André Filho?
Isso dentro do projeto foi um "erro". Eu me esqueci da parceria. Daí eu já tinha gravado e pensamos em trocar a música, o que seria lógico, mas o pessoal argumentou: "Martinho, mas está tão boa essa gravação", ficamos apaixonados pela gravação e resolvemos deixar.
Você está rodeado de mulheres no CD. De 14 faixas elas estão em dez. Como foi esse processo de escolha?
Eu pensei em botar algumas participações. Em princípio eu achava que não, porque um disco de Noel, sendo um produto meu... Daí pensei: e se a gente botasse um pessoal novo? E o Rildo sugeriu as minhas filhas, e eu falei: bota a sua também, a Patrícia Horta. Depois indiquei a Aline Calixto e ele indicou a Ana Costa, e fechamos assim. Duas delas estreiam cantando. É o caso da Maíra e da Patrícia Horta. A Ana Costa e a Aline Calixto estão começando, e isso pode impulsionar a carreira delas. A Mart'nália já é uma estrela. A Maíra Freitas [voz e piano em "Último Desejo" ] tem uma formação erudita.
A volta de Elifas Andreato ao mercado de capas de discos neste projeto é algo a festejar. Ele topou facilmente?
Foi o meu filho, Martinho Filho, que teve a ideia de chamar o Elifas. Eu argumentei que talvez o Elifas não estivesse mais a fim de fazer capas. Mas ele topou na hora e fez uma coisa que não se faz mais hoje. Eu fiquei felicíssimo com o trabalho e é um dos melhores da minha carreira.
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