As férias estratégicas acabaram - Divulgação

Mistura Fina

Após breve pausa, banda carioca Do Amor lança primeiro álbum e retoma suas atividades

Por Leonardo Dias Pereira Publicado em 14/04/2010, às 12h18

Se a tendência do rock no novo século é o cruzamento com outros estilos musicais, como comprovam o sucesso de Vampire Weekend e Los Hermanos, provavelmente ninguém radicalizou mais nessa "fórmula" do que os cariocas do Do Amor. Diluindo suas guitarras em ritmos aparentemente díspares, como axé music, carimbó, dub, guitarrada paraense e samba-rock (sem que tudo pareça uma maçaroca sonora sem pé nem cabeça), a banda conquista com sua ousadia e originalidade. "Nunca existiu uma idéia inicial, simplesmente fazemos. É natural tocarmos um carimbó, um rock, um axé, um country ou qualquer parada que o valha. São estilos musicais que estão por aí, que ouvimos e gostamos deles há anos. Não é muito pensado, é o que sai", diz o baterista Marcelo Callado, sobre o caldo de influências. "Isso é muito natural pra gente, pois escutamos desde sempre tudo quanto é tipo de música.Mas talvez seja resultado da enorme influência que o rock, de maneira geral, teve, e ainda tem sobre a gente", completa Gustavo Benjão (guitarra e voz) - a banda conta ainda com Gabriel Bubu (guitarra e voz) e Ricardo Dias Gomes (baixo e voz). Outra peculiaridade deles, como se percebe, é a rotatividade dos integrantes no microfone (até Marcelo Callado se arrisca, e com propriedade), em uma demonstração de democracia artística que joga para escanteio a figura do "líder da banda". Depois de uma série frenética de shows entre 2007 e 2008, eles submergiram para gravar o primeiro álbum junto com o produtor Chico Neves (Paralamas do Sucesso, Skank e O Rappa). Mas a atribulada agenda dos integrantes - Callado e Dias Gomes compõem a Banda Cê, de Caetano Veloso, e passaram 2009 com o baiano na divulgação do álbum zii e zie, enquanto Benjão e Bubu tocam com vários artistas, como Nina Becker e Rubinho Jacobina - foi postergando aos poucos o lançamento. "Gostaria que o disco tivesse saído no meio do ano passado, mas levamos em conta que para lançar íamos obrigatoriamente fazer shows de divulgação, e no ano passado realmente ia ser muito difícil em função da disponibilidade de todos", explica Gustavo Benjão. Em contrapartida, esse hiato foi benéfico para que todos os detalhes, como arte, mixagem final e, principalmente, o planejamento da agenda de 2010 fosse bem trabalhada. "Deu pra esmiuçar as músicas até ficar do jeitinho que queríamos. Mas acho que o maior benefício veio pelo lance da conciliação das agendas de shows individuais com a da banda", explica Callado. No começo de fevereiro, os cariocas disponibilizaram no YouTube o clipe nonsense de "Cachoeira", música que curiosamente não deve entrar no álbum, mas que sempre é tocada nos shows, colocando em prática a estratégia traçada para retornar às atividades. No fim de março, Do Amor, o álbum, finalmente deve ver a luz do dia. Ele deve ser composto por 14 faixas, entre elas "Pepeu Baixou em Mim", "Morena Russa", e uma releitura de "Lindo Lago do Amor", de Gonzaguinha, com Ricardo Dias Gomes gastando a elegância de seu falsete esganiçado. Sobre a expectativa criada em torno do lançamento, Marcelo Callado é sucinto, citando uma frase recebida por ele do guitarrista Lanny Gordin: "Viva a gargalhada!" E, caso o bom baiano Caetano precise de sua cozinha rítmica durante os shows de divulgação, eles serão liberados numa boa? "Claro que não! Eu vou chamar a Máfia Siciliana!", diverte-se Benjão.

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