Prestes a voltar ao Brasil, Moby fala sobre o estado da música atual
Por Bruna Veloso Publicado em 11/05/2010, às 10h11 - Atualizado em 06/09/2016, às 13h58
Homem Sensível
Moby gosta de curtir a vida. O franzino músico fez fama com hits regados à música eletrônica cheia de orquestra, e experimenta intensamente a cena noturna de Nova York, onde mora. Mas Wait for Me, seu último lançamento, mostra seu lado melancólico - que os brasileiros poderão conferir em abril, nos cinco shows que ele deve fazer por aqui.
Para gravar Wait for Me, você se inspirou em um discurso no qual David Lynch falava sobre como o mercado pode influenciar negativamente as artes. Mas você não sentiu nenhum tipo de pressão por gravar um disco tão autoral?
Não senti nenhuma pressão. É um disco mais calmo, muito pessoal. Quando eu estava gravando, eu sabia que não seria o tipo de disco que venderia muito - mas atualmente nenhum disco vende bem. E tenho que dizer que é libertador fazer música em uma atmosfera na qual ninguém vende discos, porque aí você pode se concentrar apenas na arte, sem se preocupar com as vendas.
Por que você preferiu gravar com cantores desconhecidos?
Para ser honesto, eu fico meio cansado com essas parcerias com celebridades. Tento não julgar o que os outros fazem, até porque eu já colaborei com celebridades no passado, mas acho que o foco tem que ser na música, na arte. Sinto que muitas dessas colaborações são mais ligadas ao lado financeiro.
Você está trabalhando em um novo disco, certo? Vai mesmo soar mais acústico?
Estou trabalhando em dois discos: um é só eletrônico e o outro é só acústico e orquestral. Estou pensando em lançar no ano que vem, mas não sei se serão os dois exatamente ao mesmo tempo.
Qual é a inspiração para esses dois discos simultâneos?
É bem simples - o amor pela música melódica, emotiva, atmosférica. Amo o poder que a música tem de mudar o espaço no qual ela está sendo escutada. Gosto de muitos estilos diferentes, de punk, speed metal, disco, mas gosto muito de músicas emotivas, que mexem com a emoção de quem as ouve.
O fato de as pessoas ligarem cada vez menos para o conceito de álbum completo o aborrece?
Sim, porque quando eu estava crescendo, os discos eram meus melhores amigos. Eu voltava da escola e todos os dias ficava pensando que disco ia escutar. Sentava, colocava o vinil e ficava olhando a arte, lendo cada linha. O álbum é uma forma de entrar no mundo de outra pessoa por mais ou menos uma hora. Entendo que o mundo da música mudou, mas eu ainda tento fazer discos completos, esperando que alguém vá escutá-los.
Você disse que prefere que as pessoas baixem suas músicas de graça a elas não as escutarem. Recebeu muitas críticas por isso?
Eu sou criticado por tudo que digo. A verdade é que eu tenho uma vida simples, faço música e quero que as pessoas ouçam. Eu gosto que as pessoas paguem pela minha música, mas, como eu disse, prefiro que elas façam um download ilegal à possibilidade de elas não escutarem. Música é uma forma de arte mais importante que eu, que a gravadora, que uma rádio, que uma revista. Você, eu, a gravadora: nossos trabalhos são a serviço da música. A única razão para termos emprego é o fato de a música ser tão poderosa.
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