Lutador veterano, Vitor Belfort ainda luta para se manter no topo – inclusive fora do octógono
Murilo Basso Publicado em 14/05/2013, às 15h06 - Atualizado às 15h08
Aguardando o início da coletiva de divulgação do evento UFC Jaraguá do Sul (SC), marcado para o dia 18 deste mês, Vitor Belfort exibe tranquilidade ao reconhecer que já viveu tantos altos quanto baixos. Hoje, aos 36 anos, o lutador carioca garante atravessar o melhor momento da carreira. “Se alguém me convida para disputar um cinturão, para lutas de alto nível, significa que tenho história”, reflete. “Sou o único cara da minha geração ainda em atividade que está no topo. Quando fui campeão pela primeira vez, o Jon Jones tinha 9 anos de idade.”
Belfort, que venceu oito das últimas dez lutas que disputou, aproveita para desmentir os boatos de doping – recentemente, Michael Bisping, adversário dele no último UFC São Paulo, levantou questionamentos sobre o tema. “Muitos não sabem que o uso terapêutico para tratamento de reposição de testosterona é algo autorizado e acompanhado por médicos. Há todo um procedimento e preciso passar por exames de sangue toda semana”, ele explica. “É só uma reposição, porque há uma deficiência. O tratamento me traz a um nível de uma pessoa normal da minha idade. Nunca burlei nada e sempre agi de maneira clara.”
Enquanto elogia a nova safra de lutadores – como um dos nomes mais promissores, aponta o do pupilo Cezar Mutante –, Belfort afirma buscar se aperfeiçoar observando os mais jovens. “É como se estivéssemos em um parque de diversões, e cada novo lutador que surge é uma nova montanha-russa, cada uma com seu loop e suas particularidades”, brinca. “É muito divertido, somos como crianças. Para mim, a preparação para um evento é como estar na Disney.” Se a nova geração merece elogios, o lutador questiona o famoso “trash talk” usado por alguns adversários para promover combates. “Sempre topo desafios. Mas não faz sentido você passar semanas ofendendo alguém, para depois da luta terminarem abraçados”, conta. “Se você faz isso, está enganando o consumidor, está mentindo para os seus fãs. Você não pode conquistar uma luta na garganta. Isso não é WWE. Arte marcial é algo que precisamos respeitar.”
Embora esteja confortável com a carreira e com os rumos do esporte que ajudou a popularizar, Vitor Belfort embarga a voz ao relembrar o desaparecimento da irmã Priscila, há nove anos. De acordo com as investigações, ela foi sequestrada no Rio de Janeiro em 9 de janeiro de 2004 e levada ao Morro da Providência, onde teria sido assassinada. O inquérito não chegou a ser concluído e corre em segredo de justiça. “Um dia, comecei a me lembrar de todas as pessoas que havia magoado e de todas as pessoas que haviam me machucado. Fui perdoando um a um e achei que não conseguiria perdoar os assassinos da minha irmã. Chorei alto por horas, até que percebi que era Deus que os julgaria, que eu não tinha esse direito e então consegui perdoá-los”, ele diz. “Desde então, resolvi essa situação internamente – não desejo mal e não preciso de vingança. Eu só gostaria que, através da experiência com o caso, fosse possível evitar que outras famílias passem por situações semelhantes. E é isso que tenho buscado.”
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