Gadú amplia suas vontades sonoras. - Divulgação

Mudando e Crescendo

Maria Gadú lança um disco pessoal, maduro e com sonoridade lisérgica

Antônio do Amaral Rocha Publicado em 10/07/2015, às 13h23 - Atualizado às 14h46

Surfando nas águas da world music e pagando menos tributo à MPB e aos ritmos brasileiros, a cantora e compositora Maria Gadú afirma que a maturidade que vive atualmente, com o terceiro disco da carreira, Guelã, é mais pessoal que musical. Ela conta que os últimos quatro anos na estrada foram muito “apoteóticos” e que hoje encara as coisas de forma menos displicente. “A disciplina é uma coisa madura”, declara.

“Guelã” é um nome enigmático. Esconde um conceito?

Tem um conceito de amarração, sobretudo sonora. Primeiro, eu tenho adoração por outras identidades de fonemas, desde “Shimbalaiê”, que não tem um significado, mas ainda assim tem esse lance fonético. “Paracuti”, outra palavra que inventei, também não tem sentido algum. Eu tenho adoração por essa fonética mais “xamânica”, e isso tem a ver com Guelã.

Dá para dizer que esse disco está menos MPB?

O meu trabalho até agora tinha um quê cultural nacional, mais aterrado com os ritmos. Sempre tive essa coisa mais folclórica brasileira. Neste álbum, os timbres e a rítmica ficaram menos folclóricos, e talvez remetam mais a outros lugares, não sei. São milhares de influências. Eu tenho ouvido muita música internacional nestes últimos tempos.

O que você tem ouvido?

Eu ouço Yael Naim, uma menina israelense, e Ibeyi, que são gêmeas franco-cubanas. Nesse meio tem também Mayra Andrade. Eu passo longas temporadas com ela. A gente divide muito som e ela me apresentou muita coisa legal.

Por que você gravou “Trovoa”, a única no disco que não é de sua autoria?

Em 2011, eu e o [produtor e jornalista] Marcus Preto estávamos na casa de uma amiga comentando o show Recanto, da Gal Costa, a que tínhamos assistido e com o qual estávamos muito emocionados. Marcus me disse: “Você tem que ouvir ‘Trovoa’, do Maurício Pereira, que tem tudo a ver com o que você está vivendo agora”. Daí eu fiquei ouvindo a música umas sete horas em looping, chorando. Foi a primeira canção do disco e eu nem sabia que ia gravar naquele momento... se fosse fazer alguma coisa, “Trovoa” seria o meu ponto de partida. Ela acabou sendo gravada em um único take.

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