Novo Capítulo

Dave Mustaine celebra o virtuosismo do guitarrista Kiko Loureiro na atual formação do Megadeth

Paulo Cavalcanti

Publicado em 11/03/2016, às 14h05 - Atualizado às 14h30
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<b>BANDA RENOVADA</b><br> (Da esq. para a dir.) Kiko Loureiro, Dave Ellefson, Dave Mustaine e Chris Adler. - Divulgação

Dave Mustaine, de 54 anos, acredita que Dystopia, 15º disco de estúdio do Megadeth, marca um novo capítulo na trajetória da banda veterana de thrash metal que ele lidera desde os anos 1980. Depois da saída do baterista Shawn Drover e do guitarrista Chris Broderick, Mustaine convocou para os respectivos postos Chris Adler (Lamb of God) e o brasileiro Kiko Loureiro. Muitos por aqui ficaram alegres e surpresos com a escolha de Loureiro, mas, para Mustaine, ter um brasileiro entre os integrantes do grupo foi algo natural. “A minha conexão com o país é de longa data”, ele diz. “Poucos sabem, mas eu tenho um guarda-costas brasileiro. Falamos sobre a música e a cultura do país. Com o Kiko, minha ligação [com o Brasil] se fortaleceu.” Mustaine também não mede elogios ao virtuoso guitarrista. “Kiko foi muito importante na construção melódica das canções de Dystopia. Como guitarristas, temos estilos diferentes. Eu venho da escola do blues, da turma da Invasão Britânica. Já o Kiko é um cara com um estilo rápido, supermoderno e melódico. Isso fez a diferença e nos trouxe frescor e novas ideias.”

Em agosto, os fãs daqui vão poder presenciar Kiko tocando no Megadeth. Até o fechamento desta edição, estavam confirmados shows em São Paulo (Espaço das Américas, 7/8), Brasília (Net Live Brasília, 12/8), Fortaleza

(Siará Hall, 13/8) e Porto Alegre (Pepsi on Stage, 16/8).

As letras de Dystopia fazem jus ao nome do trabalho: são pessimistas, agourentas e enxergam o mundo como um lugar sem esperança. “The Threat Is Real”, a faixa de abertura, causou polêmica nos Estados Unidos. Ela começa com cânticos lamentosos que lembram o idioma árabe. Já a melodia apresenta uma sonoridade oriental.

Mustaine, quando questionado se a ameaça do título é o ISIS, o famigerado Estado Islâmico, responde de forma categórica. “Não. Não mesmo. A música não tem nenhum tema específico.

Ela é sobre um conjunto geral de coisas ruins que incomodam a todos. Ameaças e fobias, bem, nós enfrentamos em todos os locais e de todas as formas. Para muitos, os germes são uma ameaça. O cara que faz bullying com você na escola também é. Tudo depende.” Na visão do músico, sempre atento aos acontecimentos políticos – ele é conhecido por posições ligadas a ideais da direita –, a corrupção é outra grande ameaça. “Vocês aí no Brasil também sofrem com uma corrupção gigantesca, certo? Esse tipo de situação traz vergonha a todo mundo.”

Mustaine deve em breve mostrar suas ideias e seu dia a dia na televisão norte-americana: ele pretende seguir os passos de colegas do metal, como Ozzy Osbourne e Gene Simmons, e estrelar um reality show. O projeto ainda está em fase embrionária. “Eu e minha família gravamos um piloto para um programa que pode se chamar Living with the Mustaines. Mas não é tão focado em mim, é mais a respeito da minha filha Electra, de 18 anos, que pretende seguir carreira como cantora – não de rock pesado, mas sim de country.” O primeiro episódio acompanha a família de Mustaine viajando do estado da Califórnia à cidade de Nashville, no Tennessee, onde

estão morando no momento. “Não fechamos com nenhum canal, mas estamos discutindo possibilidades”, finaliza o músico.

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