Ao ator Rodrigo Santoro em cena do teaser da série <i>Westworld</i>, da HBO - Reprodução/Vídeo

Novo Velho Oeste

Westworld, baseada no filme de 1973, traz o brasileiro Rodrigo Santoro no elenco

Stella Rodrigues Publicado em 01/10/2016, às 11h56 - Atualizado em 02/10/2016, às 15h46

Nem adianta virem com as críticas e gracinhas de sempre: “Ah, Rodrigo Santoro em série gringa, nem vai abrir a boca”. Ele abre, fala inglês muito bem e o papel dele, do fora da lei Hector Escaton, é essencial na promissora Westworld. A nova aposta da HBO estreia neste domingo, 2 de outubro, e é uma versão de Westworld - Onde Ninguém Tem Alma (1973), filme de Michael Crichton considerado pioneiro em vários aspectos da ficção científica. Na base da trama, um parque de diversões para adultos leva as pessoas para uma experiência de imersão em um Velho Oeste povoado com androides totalmente realistas.

“Os convidados realizam seus desejos e fantasias. É um mundo em que tudo é permitido, tem uma série de analogias aí”, reflete Rodrigo Santoro. “A série é bem metafórica, me provocou vários questionamentos. Tem muita profundidade e convida o espectador a se envolver intelectual, emocional e psicologicamente.” Segundo Santoro, ele frequentemente questionava os roteiristas: “'Estou falando disso ou daquilo?’, e respondiam: ‘Disso, daquilo, daquilo outro e de mais coisa que você nem sabe ainda’”, ri o ator brasileiro. “Os neurônios fizeram hora extra.”

Dos criadores Jonathan Nolan e Lisa Joy Nolan, com produção de J.J.Abrams (Lost) e Anthony Hopkins, Ed Harris, Evan Rachel Wood no elenco, a série tem uma grande sacada em relação à obra setentista. “Ela inverte a premissa do filme. No longa, o ponto de vista é o dos convidados [humanos]. Aqui, temos o ponto de vista do anfitrião [androide]. A questão é: quem está sofrendo abuso?”, analisa Santoro. “O que é consciência, o que é realidade, o que é aceitável?”

A batelada de perguntas feitas por Rodrigo Santoro a partir de Westworld segue firme enquanto ele fala da série (“Quem é bom e quem é mau? Essa é a principal pergunta. É uma metáfora incrível para o que a gente vive hoje. Quem cria, quem faz, quem obedece, quem manipula? Hoje somos dependentes da tecnologia que nós mesmos criamos. Quem está dando as cartas e controlando a história? O que é consciência?”, continua ele). E essas questões todas não escaparam da mente dele quando o ator se deparou com um parque de diversões pela primeira vez desde que se envolveu com o projeto. “Não entrei, não, para te falar a verdade”, ri. “Passei por um Six Flags na Califórnia e foi curioso. Fiquei com uma sensação dúbia, porque o exercício de fazer a série alimentou muito a minha própria fantasia quanto ao conceito do parque”, diz. “A diferença do nosso é que como não há consequências, ali você vê a pessoa sendo tudo aquilo que ela gostaria de ser. Você tem acesso a um lado dela que vive submerso na sociedade e tem a oportunidade de se apresentar.”

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