A banda britânica de Pete Doherty e Carl Barât sobreviveu às drogas, à prisão e à separação; agora, os planos são grandiosos
Patrick Doyle| Tradução: Ana Ban Publicado em 17/09/2014, às 12h44 - Atualizado às 12h49
Demorou seis minutos inteiros para que a grande volta do Libertines descambasse para o caos. No dia 5 de julho, quando a banda começou a tocar a desordenada canção roqueira “Boys in the Band”, a multidão de 65 mil pessoas presentes no Hyde Park, em Londres, avançou na direção do palco; o Libertines, então, passou vários dos minutos seguintes implorando para que os fãs parassem de se esmagar. “As pessoas simplesmente estavam perdendo a cabeça, ficando loucas pra caralho”, diz um dos líderes do grupo, Carl Barât. “Eu não me dei conta de como aquilo era perigoso.”
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O show foi retomado, mas 38 fãs saíram machucados e oito foram hospitalizados. Foi um retorno confuso, como era de se esperar, da banda do Reino Unido que, desde a separação em 2004, passou uma década envolvida em vícios, problemas com a lei e brigas internas. “Temos sorte de ainda estarmos por aqui”, diz o vocalista e guitarrista Pete Doherty. “E por termos sido perdoados uns pelos outros e por todo mundo.”
A apresentação no Hyde Park teve como base Up the Bracket (2002), o clássico do garage punk do Libertines, que Barât e Doherty começaram a compor na adolescência. “Era emocionante demais, igual a um sonho acordado”, afirma Doherty a respeito do início da banda. Desde o começo, o Libertines fazia o Strokes parecer um bando de coroinhas, e a diversão logo saiu do controle. O comportamento errático e o vício em heroína e crack de Doherty forçaram a banda a sair em turnê sem ele. Em 2003, o músico cumpriu uma pena de dois meses na prisão por invadir o apartamento de Barât e roubar um violão, um laptop e outros objetos. “Não éramos compatíveis”, diz Doherty. “Nós não suportávamos ficar juntos.”
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Barât tinha problemas próprios. Durante sessões de gravação tensas para o segundo disco do Libertines, no final de 2003, ele foi hospitalizado depois de, bêbado, escorregar no banheiro, bater a cabeça na pia e machucar feio o olho. Doherty foi preso mais de 20 vezes nos anos seguintes, sob acusações que variavam entre suspeita de roubo de carro e suposto fornecimento de drogas a uma mulher que morreu de overdose. “Eu com certeza fiquei preocupado com ele”, lembra Barât. “Foi uma época muito estranha, sabe? Nós nos comunicávamos por farpinhas nas músicas e nas entrevistas.”
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A primeira vez que Barât ouviu falar sobre a possibilidade de uma volta do Libertines foi quando Doherty mencionou a ideia a um jornal israelense no começo do ano. Logo, a dupla começou a fazer reuniões regadas a mojitos para conversar sobre o assunto. “Nós resolvemos algumas coisinhas”, Barât diz a respeito da relação dos dois. Em junho, a banda se encontrou em um estúdio de Hamburgo para ensaiar. Imediatamente, tocar juntos pareceu a coisa certa. Barât e Doherty começaram mais uma vez a compor canções para um novo álbum que esperam finalizar no ano que vem. “Elas estão tão melódicas quanto antes – saltitantes e alegres, mas com aquele fundo carregado de presságio que sempre está presente”, diz Doherty a respeito do novo material, apesar de se recusar a ver a volta com romantismo excessivo. “Você sabe como nós somos”, ele pondera. “Não nos concentramos, somos bagunçados, mas temos algumas coisas a nosso favor – como essa melodia que costura as nossas músicas.”
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Os dois estão até escrevendo um roteiro para uma sitcom que deve retratar o início da banda. “Tem umas coisas que nem daria para inventar”, diz Barât. Ele passou a maneirar nas drogas antes de se tornar pai, em 2010; Doherty nunca se acalmou. Em junho, declarou a um jornal britânico: “Eu gostaria de me livrar das porcarias das drogas. Já não é mais divertido. Mas é difícil parar”. “Ele tem um trailer tipo [aquele usado em] Breaking Bad para rodar pela Europa”, Barât conta. “Eu não me meto com o que ele pode ou não consumir. Só sei que ele está feliz e quer fazer coisas comigo. Se eu me preocupar com o resto todo, então vamos voltar para o ponto em que estávamos da última vez.”
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