Reportagem especial ouviu executivos da indústria fonográfica e artistas para desvendar o que acontece quando a maior banda do mundo libera o novo álbum para 500 milhões de pessoas de graça
Redação Publicado em 14/10/2014, às 18h09 - Atualizado em 24/10/2014, às 15h55
A indústria fonográfica quase entrou em colapso. Foi por pouco, muito pouco. O mercado era tão acomodado, autossuficiente, que não enxergou a avalanche inevitável que viria. Caiu nocauteado, espancado pela pirataria digital que chegava por meio do Napster, em 1999. Profetas do apocalipse musical previram o fim desesperador, 15 anos atrás. A receita se reduzia e, o mais assustador, ninguém sabia o que fazer com a música digital – e caridade não era o forte de uma indústria que movimentava, na época, cerca de US$ 27 bilhões no mundo com a venda de álbuns físicos.
Veja um guia faixa a faixa de Songs of Innocence
Nesta uma década e meia passada desde então, acostumou-se a conviver com a música em que não se pode tocar – com os arquivos na nuvem, os serviços de streaming, os lançamentos exclusivamente digitais. Ainda assim, ninguém poderia prever o que aconteceu no dia 9 de setembro de 2014. É provável que as pessoas ainda comentem, nos próximos anos, sobre o que faziam quando a Apple lançou, de graça, o aguardado disco de uma das maiores bandas da atualidade. O U2 e seu Songs of Innocence fugiram dos praticamente inescapáveis vazamentos e foram disponibilizados prontamente para a conta dos 500 milhões de usuários do iTunes. Tudo sem custar um centavo para o consumidor. A fronteira final foi quebrada.
A capa da edição 98 da Rolling Stone Brasil, que comemora o aniversário de 8 anos da revista, apresenta “O Estado da Música”, um especial que discute como a chegada do novo disco do U2 marca a consolidação de uma era – a digital – e discute o que vem a seguir, ou melhor: até quando será possível cobrar pela música?
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O jornalista Andy Greene desvendou os bastidores do longo e doloroso parto do novo disco do U2, Songs of Innocence, responsável por disparar o gatilho que acionou a revolução e chegou a 500 milhões de usuários do iTunes de uma só vez. “Pode ser grande demais, mas gostamos de pensar grande”, disse Guy Oseary, empresário da banda. Comentários contra e a favor dividiram as opiniões nas redes sociais. “Se não quiser, apague”, respondeu Bono aos detratores.
O álbum, o mais pessoal e íntimo dos irlandeses em décadas, gerou discussão entre artistas e figuras importantes da indústria fonográfica. O jornalista Pedro Antunes, com o auxílio de Lucas Brêda e Luísa Jubilut na reportagem, ouviu chefões de gravadoras, produtores e artistas para compreender o que a ação significa para o atual estado da música.
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Afinal, o que acontece quando uma das maiores bandas do mundo lança um disco inteiro de graça, na internet, para 500 milhões de pessoas? O que indicam os números de vendas digitais e fontes de renda do mercado da música? Desde 2007, quando o Radiohead lançou In Rainbows no esquema “pague quanto quiser”, os artistas se esforçam e patinam em soluções para encontrar estratégias cada vez mais criativas. Beyoncé, Jay Z e até o próprio Thom Yorke buscaram formatos criativos para tentar garantir que seus trabalhos chegassem ao maior número possível de ouvidos.
“O download é o começo e, por isso, a iniciativa do Radiohead deu tão certo”, argumenta Tulipa Ruiz. “O problema é que as ações não são replicáveis”. “Eu não gosto dessa coisa mercadológica exacerbada, mas quem curte deveria gostar [do lançamento de Songs of Innocence]", complementa Karina Buhr.
A Rolling Stone Brasil também opina sobre o tema, afinal, tudo nos leva a crer que o invólucro não tem mais importância, mas a música nunca foi tão imprescindível. E ela talvez nunca tenha sido tão democrática.
A edição 98 da revista chega às bancas a partir desta quarta, 15.
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