Por dentro dos planos para Paisley Park – e da briga em torno do patrimônio do artista
David Browne Publicado em 29/10/2016, às 09h46
Este mês, cerca de seis meses depois da morte de Prince por uma overdose acidental do medicamento fentanil, o Paisley Park, lendário complexo onde ele morava, em Chanhassen, Minnesota, abriu as portas para visitas públicas.
Na preparação, operários que vasculhavam os cômodos encontraram diversos tesouros: de roupas antigas (incluindo a que ele usou no show do intervalo do Super Bowl em 2007, mostrada na foto à direita) a um livro com 40 a 50 páginas de letras escritas à mão e um quarto secreto que escondia imagens inéditas em vídeo. “Para onde quer que eu olhe”, conta uma fonte próxima ao projeto, “penso: ‘Caramba’”.
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Ainda mais surpreendentes são as diretrizes detalhadas que Prince deixou para transformar Paisley Park em um museu depois que morresse – incluindo uma linha do tempo de sua vida em meados dos anos 1990 afixada em uma parede e mensagens e textos que enviou a amigos especificando como queria que os fãs percorressem o local. “Estamos vendo e-mails que ele mandou quatro meses antes de morrer dizendo como queria isso”, diz a fonte. “Ele não estava prevendo nada, [mas] sempre quis que os fãs viessem aqui. Deixou o caminho das pedras para nós.”
Infelizmente, o museu é basicamente o único aspecto dos assuntos de Prince que tem um mapa. O patrimônio dele se transformou em um emaranhado de herdeiros legítimos e duvidosos, problemas financeiros assustadores e perguntas difíceis sobre quem deveria dar opinião sobre como moldar seu legado. A questão de quem controla os bens de Prince é ainda mais complicada. Como ele não deixou testamento e não tinha filhos conhecidos, seu patrimônio será dividido entre sua irmã, Tyka, e seus meios-irmãos Sharon, Norrine, John Nelson, Alfred Jackson e Omarr Baker.
“Não acho que Prince se importasse muito com essas preocupações terrenas que temos”, diz Frank Wheaton, advogado de Jackson. Ainda assim, mais de duas dezenas de pessoas fizeram declarações legais de direito à herança, incluindo uma mulher que alega ter se casado secretamente com Prince em 2002. Ela não conseguiu apresentar nem a certidão de casamento porque “a CIA e outras agências consideram esses documentos superconfidenciais”, segundo declarações em tribunal.
A família de Prince agora enfrenta uma conta assustadora de imposto patrimonial que vencerá em janeiro, com base no valor de sua obra gravada e imóveis. Algumas pessoas estimam que seus bens valham até US$ 300 milhões e que o espólio dele possa dever até metade desse valor.
Um gerador confiável de receita será a música de Prince. Para ajudar temporariamente a gerenciar seus bens, o Bremer Trust – banco e firma de investimento de Minnesota escolhido por um tribunal para servir de administrador especial do patrimônio do músico – indicou dois veteranos: L. Londell McMillan, que já foi advogado de Prince, e o executivo Charles Koppelman, que mediou o acordo para o lançamento do álbum Emancipation, de 1996.
Segundo McMillan, uma possível compilação de sucessos pode ser lançada até o fim do ano. Também valiosa é a quantidade imensa de músicas e vídeos inéditos. Uma fonte estima que um cofre em Paisley Park tenha “milhares e milhares” de fitas, mas quando esta edição foi para a gráfica nenhum associado a Prince tinha sido encarregado de separar o material.
Por enquanto, o foco está em Paisley Park. Para a família, que aprova os planos, a ideia é manter Paisley Park funcionando como se Prince ainda estivesse vivo. “Não queremos que o lugar fique conhecido como uma lembrança ou algo morto”, diz Baker. “Enquanto Paisley Park for mantido vivo, meu irmão permanecerá vivo.”
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