Brian Hiatt Publicado em 08/07/2008, às 15h04 - Atualizado em 11/07/2008, às 17h59
Em contraste ao clima suave e acolhedor da música do Coldplay, Martin é quase irritantemente intenso: ele tem uma gagueira adorável, ao estilo Hugh Grant, mas quando sente mais firmeza no que está dizendo - o que é freqüente - seus olhos soltam faíscas, como se ele fosse um cientista louco explicando seus planos de dominação mundial. Essa energia, junto com a habilidade que sua banda tem para fazer um rock sincero e elevado, nos moldes do U2 - melódico e grandioso ao mesmo tempo -, foi o combustível da ascensão do Coldplay, de banda universitária para um dos maiores grupos de rock da década. Apesar de tudo, porém, Martin não consegue deixar de se achar um azarão. "Você tem que se manter faminto", explica. "Se sua mulher já saiu com o Brad Pitt, você vai querer se garantir, me entende?"
Como estava o clima na banda no processo de criação do novo disco?
Nosso último disco foi muito malhado por algumas pessoas, e no final achamos que nenhum produtor fosse querer trabalhar com a gente. Nossa fama era maior do que nossa qualidade, e estávamos com muita vontade de melhorar, em um nível básico mesmo. Aí eu perguntei ao Brian Eno: "Você conhece algum produtor que possa nos ajudar a melhorar como banda?". E ele disse: "Olha, não quero encher a minha bola, mas eu posso ser esse cara".
Que avaliação ele fez da banda?
Ele disse: "As músicas de vocês são muito compridas. Você é muito repetitivo, usa muito os mesmos recursos. Tamanho não é necessariamente documento, vocês usam demais os mesmos sons, e as suas letras não são lá grande coisa". Ele destrinchou a coisa.
Qual foi a reação de vocês?
Encaramos. Você pode sentar, olhar para os seus discos de platina e dizer: "Vai se foder, você tá falando merda". Ou você pode falar: "Beleza, ele provavelmente tem alguma razão". Brian e Markus [Dravs, co-produtor] nos analisaram num esquema meio de acampamento militar. Em 20 minutos, já tínhamos esquecido todas as vendas de discos.
Você lê esta matéria na íntegra na edição 22 da Rolling Stone Brasil, julho/2008
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