Novo filme de Godzilla traz a criatura de volta aos Estados Unidos, mas com foco em dramas pessoais
Rodrigo Salem Publicado em 09/04/2014, às 05h04 - Atualizado às 05h19
“Godzilla é a representação da força invencível da natureza”, afirma o diretor britânico Gareth Edwards em um estúdio de Manhattan (Nova York). “E levamos a sério essa característica.” A declaração, claro, é uma forma de distanciar o novo Godzilla da fracassada versão norte-americana do monstro japonês, dirigida por Roland Emmerich e lançada em 1998. “É um filme de origem, sem ligação com o primeiro longa”, garante Edwards. “Voltamos nossa inspiração para o original. Ao mesmo tempo, há algumas surpresas.”
A primeira boa surpresa, na verdade, é a escolha do próprio Edwards como diretor. Sem nenhum blockbuster nas costas, o inglês ganhou o status de “novo Neill Blomkamp” (de Distrito 9 e Elysium) ao dirigir o thriller de ficção-científica Monstros (2010). Com um orçamento girando em torno de US$ 800 mil, ele criou um dos melhores longas do gênero em muitos anos, tendo se preocupado mais com o contexto social e menos com efeitos especiais mirabolantes.
A mesma estética foi transportada para Godzilla , que estreia no Brasil em 15 de maio. “Não é um filme normal de monstros”, Edwards explica. “Rodamos de um modo naturalista, sem muitos fundos verdes para os efeitos e usando cenários de verdade e câmeras nas mãos. É um longa que encontra uma jornada emocional dentro de um desastre natural, como se fosse um tsunami ou um terremoto de grande intensidade.” No centro dessa “jornada emocional” está um casal de cientistas nucleares (Bryan Cranston e Juliette Binoche), que sofre uma tragédia em meio a um misterioso acidente em uma usina fictícia, em 1999. Apesar de o tema sobre radioatividade ser recente para os japoneses depois do vazamento da usina de Fukushima, há três anos, ele era a única exigência da produtora japonesa Toho, dona dos direitos de Godzilla desde a criação do monstro, em 1954.
O filme então dá um salto para 2014. Joe Brody (Cranston) está afastado do filho (Aaron Taylor-Johnson), que trabalha na unidade de elite da Marinha e permanece distante da esposa (Elizabeth Olsen) e do filho de 4 anos. A mítica criatura ressurge em São Francisco para unir toda a família novamente. “Godzilla tem todo o impacto visual de um filme de monstros, mas é baseado nos personagens – é uma história sobre precaução, como não podemos mexer com a natureza sem aprender algumas lições”, afirma Cranston, que ganhou status de astro depois da série Breaking Bad. “O público de hoje é mais sofisticado. Passamos seis meses conversando sobre a trama e como introduzir de forma natural essa família no tecido fantástico de um filme de monstros”, conta o ator. “Se as pessoas não torcem para os humanos do longa, elas não vão se conectar com o filme”, concorda Edwards.
O contrário também é válido. Se um filme do Godzilla não tivesse um lagarto gigantesco realmente ameaçador, certamente os fãs não dariam bola. Por isso, Edwards passou outros seis meses (ele trabalha há três anos no projeto) conversando com a WETA, empresa de efeitos especiais e modelagem que ganhou o Oscar por O Senhor dos Anéis, para construir o visual de “Gojira”, o nome original da criatura, uma mistura das palavras “gorila” e “baleia” em japonês.
Apesar da expectativa de que Edwards não fizesse um blockbuster tradicional, ele precisou seguir algumas regras obrigatórias. É o caso dos ainda não revelados monstros com os quais Godzilla luta no filme. O diretor diz que estudou lutas de ursos reais para compor as coreografias, que, representadas da maneira incorreta, poderiam transformar a obra em uma piada. “É um filme sério e realista dentro de um mundo fantástico”, garante o diretor. “Sou fã de Godzilla desde criança. E, como fã, tenho minhas expectativas. Mas acho que encontramos o equilíbrio entre puro espetáculo e emoções verdadeiras.”
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