Recuperada, Nova Orleans brilha com um dos festivais de jazz (e música pop) mais famosos do mundo
Por Marcelo de Barros Camargo Publicado em 13/07/2009, às 12h33
Três anos atrás, quem chegasse a Nova Orleans de avião notaria uma imagem caso olhasse pela janela: um sem-número de pontos azuis e brancos. Era o sinal da fúria do Katrina, e os tais pontos eram os telhados das casas e os trailers que serviam de residência para quem voltou depois da catástrofe. Já recuperada, a cidade volta a abrigar o estilo que a levou a ser conhecida por amantes da música do mundo todo: o jazz. No fi m de abril, a 40ª edição do New Orleans Jazz Fest & Heritage recebeu artistas do mundo todo durante sete dias, em 12 palcos (sendo cinco a céu aberto). Foram impressionantes 65 shows por dia, com a programação começando por volta das 11h e terminando às 19h, com shows tão díspares quanto Joe Cocker e Bon Jovi, Ben Harper e Neville Brothers, Kings of Leon e James Taylor. Isso sem contar os Corais de músicas gospel e orquestras. O preço por essa extravagância musical toda? Uma média de R$ 50 por dia.
Algumas dessas apresentações fizeram balançar a Pista de Corrida de Fair Grounds, por onde passaram cerca de 400 mil pessoas. O veterano Joe Cocker se apresentou no Acura Stage e, com sua voz rouca e trejeitos nas mãos, pulou, gritou e se deixou levar pela magia da cidade do vodu, cantando todos os seus antigos sucessos. Depois foi a vez de Johnny Winter: com dificuldades para andar, mas não para tocar e cantar, se sentou e fez a tenda de blues dançar do primeiro até o último número - sendo que o show, que tinha uma duração programada de apenas uma hora - acabou se prolongando em 30 minutos extras. Já Ben Harper, acompanhado de sua nova banda, a Relentless7, exibiu uma invejável coleção de guitarras e balançou a plateia até o encerramento do dia. Em sua nova estética musical, Harper aposta na simplicidade - inclusive dando nova vida a canções mais antigas de seu repertório. Provando que o público de Nova Orleans não tem preconceitos musicais, Bon Jovi subiu ao palco quando uma multidão já se acotovelava em frente a ele - e o vocalista Jon Bon Jovi teve de forçar os olhos para conseguir ver até onde o mar de pessoas seguia. Entre os músicos locais, dois se destacaram: Dr. John e Charmaine Neville. O primeiro - que entrou em cena com seu cajado e tinha sobre o piano um crânio humano - desempenhou de forma exemplar sua função de representante da cidade. Neville enfrentou o sol forte das 15h, mas nem por isso deixou de cantar e dançar intensamente.
Mas quem dominou o festival não foi um estadunidense: o canadense Neil Young - com uma aparelhagem valvulada, um miniórgão de tubos e piano de cauda - tocou por mais de duas horas, sem se limitar ao repertório de seu trabalho mais recente, Fork in the Road. Entre os clássicos escolhidos para a noite estavam "Hey Hey, My My (Into the Black)", "Pocahontas" e até uma versão para "A Day in the Life", dos Beatles. Houve também espaço para um pequeno set acústico que teve "Heart of Gold", "The Needle and the Damage Done" (sozinho, sem a banda de seis integrantes) e "Old Man". Apesar da reação de êxtase da plateia, foi Young quem delirou depois que uma das cordas da guitarra dele arrebentou - ele aproveitou e arrebentou o resto, dando um toque de rebeldia ao set. E o coração musical de Nova Orleans pulsou fortemente de novo. Como disse Charmaine Neville: "Nós cantamos para vocês, se estamos aqui é por vocês. Precisamos de vocês. Depois da tempestade, Nova Orleans está melhor ainda".
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