Os 60 Maiores Momentos da História do Rock and Roll - Michael Ochs Archives

Os 60 Maiores Momentos da História do Rock and Roll

Há exatamente 6 décadas, em 9 de julho, "Rock Around the Clock" alcançou o número 1 da parada e a era do rock estava oficialmente lançada

Paulo Cavalcanti Publicado em 08/07/2015, às 15h26 - Atualizado em 28/10/2016, às 15h03

Desde que o refrão “one, two, three o’clock, four o’clock, rock”, de “Rock Around the Clock”, começou a ressoar nas rádios norte-americanas em 1955, a presença do rock and roll tem mudado a existência de gente nos quatro cantos do planeta. A partir destas seis décadas do surgimento do gênero, selecionamos 60 momentos que fizeram o rock avançar e se transmutar. É natural que cada um tenha os seus acontecimentos preferidos ou então a própria definição do que é o rock, mas a graça é justamente essa: o estilo sempre se mostrou mutante, adaptável e inquieto, ponto de partida de polêmicas e divergências.

É bom lembrar que as raízes do rock vieram do blues, do country e do rhythm and blues, que, por sua vez, desaguaram no soul, no funk e na disco music. Além de mostrarmos os caminhos que levaram a essas quebras e fusões, falamos também do punk, da música eletrônica e do rock alternativo. Afinal, atitude pesa muito nessa equação.

O rock sempre foi sinônimo de rebeldia. As provocações sexuais de Madonna são tão válidas quanto o rebolado de Elvis Presley na década de 1950. Assim, o que une Bill Haley e Amy Winehouse, artistas que aparentemente estão distantes milhões de anos-luz um do outro? Ambos fazem parte da vibrante história do rock and roll, essa semente para ícones de universos variados e com peso imensurável na trajetória de milhões de pessoas que, tantas vezes, dedicam a vida a ele, o gênero mais emblemático – e controverso – da música.

Revoluções Permanentes

Aglutinando tendências da canção norte-americana, o rock and roll surgiu em meio a mudanças musicais e sociais

A pergunta “quando exatamente surgiu o rock?” vai ecoar eternamente. Não existe uma resposta simples e direta, já que o rock nasceu como parte de um processo revolucionário, tanto no aspecto musical quanto no comportamental. O estilo foi batizado na década de 1950 e virou a música da juventude – isso é fato, mas as raízes já se mostravam presentes em décadas anteriores.

É possível achar elementos que formariam o rock em todos os estratos da música de raiz norte-americana dos anos 1930. Naquela década, o jazz e as canções que vinham da Broadway e de Hollywood eram o que chegava às paradas. Paralelamente, pesquisadores e folcloristas, como John A. Lomax e o filho dele, Alan, já vasculhavam a rica música que vinha dos confins dos Estados Unidos, especialmente do sul do país. Gravações de country, gospel, folk e blues não vendiam tanto quanto a música popular baseada no jazz, mas sua poderosa presença já era notada.

O jazz, por sua vez, atingiu o apogeu nas décadas de 1930 e 1940 com o swing. Porém, o auge não foi duradouro: após o fim da Segunda Guerra, as big bands entraram em decadência. Já não era mais economicamente viável manter na estrada orquestras com 40 ou 50 músicos.

Além disso, o estilo também passava por alterações. O caminho estava aberto para o surgimento do bebop, nome dado ao tipo de jazz feito à base de improviso. Esse subgênero desestimulava a dança: era um som cerebral que agradava aos próprios músicos e aos intelectuais. A grande massa, principalmente os adolescentes, virou as costas para o bebop.

Nesse vácuo criado entre o final da década de 1940 e o começo dos anos 1950, veio, então, o pop. Era a música popular comercial não atrelada a qualquer tipo de raiz. O produtor Mitch Miller foi o grande mentor do estilo e revelou Guy Mitchell, Tony Bennett e Rosemary Clooney, entre outros. Em meio a tantos talentos, dois artistas produzidos por Miller já indicavam um momento de transição. A voz potente de Frankie Laine pontuava canções de cunho proletário e temas de faroeste, enquanto Johnnie Ray fazia a ponte entre Frank Sinatra e Elvis Presley. Surdo de um ouvido e com um estilo exagerado, Ray causava histeria ao cantar baladas lacrimosas, como “Cry”. O mais importante é que ele também colocava em seu repertório canções de artistas negros.

Consumida pela classe média branca, a sonoridade criada por Mitch Miller nas gravadoras Mercury e Columbia foi muito popular e aqueceu o mercado, mas o formato e a mensagem que continha pouco interessavam à juventude. A música negra novamente veio socorrer. O processo de mudança já ocorria há algum tempo – na Chicago dos anos 1930, bluesmen oriundos do sul, como Big Bill Broonzy e Tampa Red, satisfaziam o público urbano que frequentava os bares e clubes, mas os ouvintes começaram a clamar por um ritmo mais dançante. Enquanto isso, para não serem soterrados pelo barulho dos locais onde costumavam tocar, os músicos amplificaram o som que faziam. As guitarras elétricas já eram uma força no blues e no jazz: músicos como Charlie Christian e T-Bone Walker, donos de um estilo fluido e expressivo, seriam grande influência para Chuck Berry, por exemplo. Era a vez do jump blues e do boogie-woogie, vertentes aceleradas e agitadas do blues que vinham para anunciar o que aconteceria nos salões de dança. Esse tipo de blues amplificado, com som mais alto e marcante, ganhou uma nova denominação: rhythm and blues. O termo foi cunhado pelo jornalista (e mais tarde produtor) Jerry Wexler.

Em Chicago, a Chess Records revelou gigantes do estilo, a exemplo de Muddy Waters, Bo Diddley, Willie Dixon e Little Walter. Já em Nova York, a Atlantic Records tinha gente como Big Joe Turner, Ray Charles, The Clovers, The Drifters, LaVern Baker e Ruth Brown. Vendo o público crescer, Ahmet Ertegu?n, dono da gravadora nova-iorquina, recrutou Jerry Leiber e Mike Stoller,

dois jovens produtores e compositores brancos que trabalhavam exclusivamente com os ritmos da música negra. Leiber e Stoller estavam por dentro dos jargões e gírias da juventude

e começaram a criar canções que falavam a mesma língua dos adolescentes da época.

Mais ao sul, na cidade de Nova Orleans, berço do jazz, o R&B se transformava pelas mãos e vozes de Fats Domino, Lloyd Price, Larry Williams e Little Richard. Outros luminares, como Billy Ward and The Dominoes, Big Mama Thornton, Hank Ballard, Little Willie John, Roy Brown, Etta James, Louis Jordan & His Timpany Five e Wynonie Harris, também foram cruciais em trazer diferentes elementos para a formação do rock.

As mudanças, no entanto, não ocorriam apenas no blues – a música country também passava por períodos de reformulação. O agitado honky tonk, que era executado em botecos de beira de estrada, antecipava o rockabilly. Hank Williams, que viria a se tornar figura suprema da música country, gravou, em 1947, “Move It on Over”, cuja estrutura rítmica e melódica mais tarde seria usada em “Rock Around the Clock”. Williams, com seu estilo de vida destrutivo, também foi um precursor dos excessos dos astros do rock.

Eterno apaixonado pela música negra, foi o dj Alan Freed que vislumbrou o enorme potencial comercial do rhythm and blues. Em 1951, ele batizou o programa de rádio que apresentava em Cleveland de Moondog Rock and Roll Party e, assim, o ritmo ganhou o nome oficial. O termo “rock and roll” não era novo – já tinha sido usado em várias canções em décadas anteriores e também era uma gíria para sexo –, mas Freed, ao reforçar a nomenclatura e promover os artistas emergentes de R&B, foi o verdadeiro pai da denominação “rock and roll”.

Como Freed, que tocava música negra também para o público branco, outra figura crucial na integração desses dois universos foi o produtor Sam Phillips. Ele conhecia profundamente o country e o blues e, em 1952, fundou a Sun Records, em Memphis, no Tennessee. A Sun Records gravava artistas negros e licenciava as matrizes para selos de outras partes do país. Por lá passaram B.B. King, Howlin’ Wolf e Rufus Thomas. Ainda em Memphis, em 1951, o cantor e saxofonista Jackie Brenston, acompanhado por Ike Turner e sua banda, The Kings of Rhythm (embora no selo tenha o nome saído Delta Cats), gravou “Rocket ‘88’”. Foi um marco: esta é considerada a primeira canção autêntica de rock, antes do hit “Rock Around the Clock”.

Ainda que Memphis, a cidade escolhida por Sam Phillips para a Sun Records, abrigasse como nenhum outro lugar a efervescência e a mistura musical dos Estados Unidos, o país vivia uma ampla situação de segregação racial. Pelo menos isso não ocorreu tão acentuadamente na música. Assim, jovens músicos fanáticos por R&B passaram a procurar a Sun – Elvis Presley foi um deles. O futuro Rei era o “branco com voz e sentimento de negro”, o tipo de artista que Phillips sempre desejou encontrar. A febre não demorou a se espalhar: Elvis foi seguido por outros futuros ícones, como Johnny Cash, Carl Perkins, Jerry Lee Lewis, Roy Orbison e Conway Twitty, que avançaram a revolução da Sun.

A música se modificava e florescia a cada nova gravação, a cada novo show nos clubes, mas apenas isso não seria suficiente para gerar uma transformação cultural de fato. Havia também uma inquietude social nos Estados Unidos. O país vivia tempos de prosperidade econômica, mas ninguém disfarçava o sentimento de aguda paranoia causado pela Guerra Fria. Hollywood reportava isso por meio de filmes estrelados por iconoclastas, como Marlon Brando (O Selvagem) e James Dean (Vidas Amargas e Juventude Transviada). Em meio a esses jovens sem ligação com os “bons costumes”, uma nova classe ganhava consideração: o adolescente. Foi inevitável que os “rebeldes sem causa”, como eram chamados os jovens da época, adotassem o rock and roll como a música de seu dia a dia.

A revolução estava plantada. Firmando a chegada de tempos de rebeldia, em 19 de março de 1955, estreou Sementes da Violência, de Richard Brooks, cujo enredo tratava de temas como delinquência juvenil e conflito de gerações. Quando “Rock Around the Clock”, com Bill Haley & His Comets, começou a ecoar na abertura do filme, foi iniciada uma mudança sem volta: o mundo ouviu o poder do rock and roll.

1 - “Rock Around the Clock”: o Big Bang do rock 1955

Bill Haley era um dj e músico de western swing, um tipo de country dançante, que gostava de incorporar elementos da música negra. Em 1951, mesmo ano em que Jackie Brenston and His Delta Cats gravaram “Rocket ‘88’”, considerado o primeiro registro do rock, Haley e The Saddlemen, banda que tocava com ele na época, fi zeram uma cover fi el e balançada da faixa. No ano seguinte, o músico continuou com a fusão de country e R&B com “Rock the Joint”, e seguiu em curva ascendente no lançamento de “Crazy Man, Crazy” (1953), que se tornou um hit. Haley começou, então, a ser notado pelo público adolescente.

Em 1954, em um movimento que marcaria sua carreira, ele saiu da gravadora Essex e assinou com a Decca. Lá, com produção de Milt Gabler, gravou “(We’re Gonna) Rock Around the Clock”, canção não muito conhecida de Sonny Dae and His Knights. O grupo que o acompanhava agora tinha um novo nome: The Comets.

A regravação foi incluída no lado B do single “Thirteen Women (And Only One Man in Town)” e, a princípio, não chamou atenção. Haley acabou estourando pouco depois com “Shake, Rattle and Roll”, de Big Joe Turner, mas ninguém poderia prever o que ainda estava por vir: em 1955, no ano seguinte à sua gravação, “Rock Around the Clock” (agora, com o nome abreviado) entrou para a trilha do filme Sementes da Violência [Blackboard Jungle, no original]. Com a exposição nos cinemas, a canção se tornou o primeiro hino do rock and roll. A partir de uma melodia que não deixava ninguém parado e uma letra evocativa que fazia um convite irresistível à festa e ao prazer, “Rock Around the Clock” alcançou o número 1 da parada em 9 de julho de 1955. A era do rock estava oficialmente lançada.

2 - A batida negra entra na música popular 1955

No mesmo momento em que Bill Haley levava o estilo ao mainstream, alguns aprendizes do rhythm and blues quebravam as barreiras raciais e apresentavam a batida da música negra para o público branco e jovem. Quando Chuck Berry (“Maybellene”), Little Richard (“Tutti Frutti”), Bo Diddley (“Bo Diddley”), The Platters (“The Great Pretender”) e Fats Domino (“Ain’t That a Shame”) colocaram fogo nas paradas em 1955, aquele recorte do R&B passava definitivamente a ser chamado de rock and roll.

3 - Elvis Presley se torna o Rei do Rock 1956

Elvis Presley foi notado por Sam Phillips, dono da pequena Sun Records, em Memphis, quando gravou “That’s All Right” (1954). No entanto Phillips não conseguiu segurar Elvis por muito tempo. Ao final de 1955, o contrato do cantor foi vendido para a RCA. Com os recursos da nova gravadora, o astro explodiu mundialmente em 1956. Em menos de um ano, ele gravou hit atrás de hit, incluindo os atemporais “Heartbreak Hotel”, “Hound Dog” e “Don’t Be Cruel”. Recém-coroado Rei do Rock, Elvis se transformou no arquétipo de como um artista do gênero deveria agir e se comportar.

4 - O rock inglês dava os primeiros passos 1958

Os Beatles foram pioneiros em diversas frentes, mas o rock britânico já caminhava antes. A semente do gênero foi lançada nas terras da rainha quando Cli Richard and The Drifters lançaram “Move It!”, em 1958. A partir daí, precursores como The Shadows, Adam Faith, Marty Wilde, Billy Fury e Johnny Kidd and the Pirates já apresentavam à juventude inglesa a excitação do rock and roll. Ainda viria mais vanguarda da Inglaterra: pouco depois, o produtor Joe Meek deu início a experimentações eletrônicas no rock por meio de trabalhos inovadores, como “Telstar” (The Tornados).

5 - “O dia em que a música morreu” 1958

A euforia da primeira geração do rock terminou de forma trágica no dia 3 de fevereiro de 1959, quando um avião caiu em um campo cheio de neve em Clear Lake, Iowa, nos Estados Unidos. Na aeronave estavam Buddy Holly, The Big Bopper e Ritchie Valens. O superastro Holly tinha em seu currículo os hits “Peggy Sue” e “That’ll Be the Day”; Bopper era um radialista roqueiro e Valens deu os primeiros passos para o surgimento do rock latino. Em 1971, Don McLean escreveu sobre o acontecimento no hit “American Pie” e cunhou a frase “O dia em que a música morreu”.

6 - Ray Charles alavanca a soul music 1959

Em 1954, charles adaptou a canção gospel “It Must Be Jesus”, dando a ela o nome de “I’ve Got a Woman”. O feito causou uma enorme polêmica, com Charles sendo acusado de “vulgarizar” uma canção religiosa, mas a intenção do genial cantor e pianista não tinha nada de perversa: ele queria levar o fervor e o êxtase do que se ouvia e cantava nas igrejas para a canção popular. Com “What’d I Say”, ele conseguiu e assim impulsionou o surgimento de um novo estilo: a soul music.

7 - O pop inovador do Brill Building 1960

o Brill Building é um edifício localizado no coração de Nova York. Lá e em prédios vizinhos, talentosos times de composição criavam sem parar. Dentre eles estavam Carole King/ Gerry Go n, Burt Bacharach, Hal David, Barry Mann/ Cynthia Weil e Je Barry/ Ellie Greenwich. Ao juntar a sofi sticação melódica de mestres da velha guarda, como George Gershwin, com a batida do R&B e embalar tudo com letras que refletiam a inquietude adolescente, o som do Brill Building ganhou fãs do quilate dos Beatles, que emularam o estilo no LP Please Please Me (1963).

8 - A Motown cai na estrada 1962

Berry Gordy Jr. fundou a Motown em 1959, em Detroit. Aos poucos, usando compositores de enorme talento e uma produção inovadora, a companhia começou a definir o que seria a soul music moderna. Em 1962, Gordy já tinha juntado uma quantidade de astros e hits suficientes para impressionar o público. Com um tino empresarial apurado, ele teve a ideia de colocar na estrada o espetáculo Motortown Revue, uma turnê em que o público tinha a chance de ver no mesmo palco Marvin Gaye, Martha and the Vandellas, The Contours, The Temptations, Stevie Wonder, Mary Wells, The Supremes e The Marvelettes, nomes que se tornariam gigantes da black music.

primeira apresentação do Motortown Revue aconteceu em outubro de 1962 no Howard Theater, em Washington, DC. Depois de passar por vários locais do sul dos Estados Unidos (onde a trupe foi alvo de preconceito racial), a consagração veio em dezembro, com uma temporada no lendário Apollo Theatre, no Harlem, em Nova York. Parte dos shows foi filmada, e a Motown estava de vez no mapa do pop.

9 - A Wall of Sound, de Phil Spector 1963

Em 1958, ao lado do grupo the teddy Bears, Phil Spector chegou ao primeiro lugar da parada norte-americana com “To Know Him Is to Love Him”. Mesmo com o sucesso, o que ele realmente queria era ser produtor. Em 1963, no auge da influência e da criatividade, Spector forjou a Wall of Sound, um estilo de produção majestoso e wagneriano que ele chamava de “pequenas sinfonias para os garotos”. Com “Be My Baby”, hit das Ronettes, a parede sonora de Spector se tornou inquebrável.

10 - O rock de garagem do grupo The Kingsmen 1963

Um dos apelos do rock é a possibilidade de se aprender alguns acordes básicos e tocar o que vier na cabeça. Os integrantes da banda The Kingsmen foram os sacerdotes desse tipo de som, graças à versão deles para “Louie Louie”, um R&B original de Richard Berry. Outros artistas norte-americanos, entre eles Paul Revere and the Raiders, já haviam registrado a canção, mas a versão dos Kingsmen se tornou defi nitiva: suja, tocada de qualquer jeito e com letra ininteligível, ela abriu inúmeras possibilidades, ampliando o entendimento de que o rock podia ser feito por e para todos.

11 - Os Beatles invadem a América 1964

Após a morte do presidente john f. Kennedy, em 22 de novembro de 1963, os Estados Unidos passaram por um período melancólico. No entanto, o estado de espírito da nação mudou no dia 7 de janeiro de 1964, quando quatro músicos ingleses com um corte de cabelo considerado engraçado pisaram em solo norte-americano. No dia 9, o grupo tocou no programa de TV The Ed Sullivan Show, com transmissão para 40 milhões de pessoas. Depois dessa apresentação histórica, os norte-americanos se apaixonaram definitivamente por John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr.

Quando “I Want to Hold Your Hand” chegou ao topo das paradas nos Estados Unidos, em 1º de fevereiro, ninguém mais era capaz de deter o quarteto. Fora da Inglaterra, inicialmente, a história dos Beatles poderia parecer um conto de fadas instantâneo, mas os músicos de Liverpool já vinham batalhando há um bom tempo. Eles só foram estourar em sua terra natal em 1963, com canções como “Please Please Me” e “From Me to You”, depois de um período de aprendizado tocando por toda a Inglaterra e em Hamburgo, na Alemanha. Em 1964, a presença dos Beatles foi avassaladora nos Estados Unidos. Eles foram responsáveis

por um feito único: no dia 4 de abril, a banda colocou cinco canções simultaneamente no Top 5 da parada norte-americana: “Can’t Buy Me Love”, “Twist and Shout”, “She Loves You”, “I Want to Hold Your Hand” e “Please Please Me”, respectivamente. Além da enorme popularidade, os Beatles deram o pontapé em uma revolução que fez da década de 1960 um período inesquecível para a cultura pop.

12 - Astros brilham no T.A.M.I. Show 1964

O T.A.M.I. show, filmado nos dias 28 e 29 de outubro de 1964, em Santa Monica, Califórnia, foi o primeiro grande filme-concerto do rock. Participaram The Beach Boys, Jan & Dean, Marvin Gaye, The Supremes, James Brown, Smokey Robinson and the Miracles, Billy J. Kramer and The Dakotas Chuck Berry, Gerry and the Pacemakers, Lesley Gore, The Rolling Stones e The Barbarians. Foi um evento repleto de performances notáveis, mas Brown foi imbatível. O incendiário set dele, que durou menos de 20 minutos, o consolidou como um astro. Mick Jagger mais tarde admitiria ter se inspirado nos movimentos do mestre.

13 - Sam Cooke fala de direitos civis e de racismo 1964

Tendo iniciado a carreira no circuito gospel, Sam Cooke começou a fazer sucesso com músicas românticas, caso de “You Send Me”. Entretanto, ele sentia que tinha outras mensagens para passar. “Blowin’ in the Wind”, de Bob Dylan, foi uma canção decisiva para Cooke – após ouvir a faixa, ele tratou de escrever uma letra que documentasse as injustiças sofridas pela população negra. “A Change Is Gonna Come” saiu dias depois da morte do soulman, em dezembro de 1964, e se tornou um hino dos direitos civis.

14 - Bob Dylan eletrifica a música folk 1965

Quando era adolescente, Bob Dylan gostava de rock and roll, mas logo foi seduzido pelo folk acústico e politizado. Os puristas enxergavam o cantor como uma espécie de Messias que lutava contra o pop comercial. Só que Dylan se sentia incomodado com o rótulo. No dia 25 de julho de 1965, ele destruiu essa imagem ao aparecer tocando uma guitarra elétrica acompanhado pela Paul Butterfi eld Blues Band no tradicional festival folk de Newport. Os folkies radicais passaram a chamá-lo de “Judas”. O caminho para a criação de “Like a Rolling Stone” estava aberto.

15 - The Rolling Stones gravam “(I Can’t Get No) Satisfaction” 1965

Durante as turnês que faziam na década de 1960, os Stones só conseguiam escrever novas canções na estrada. Foi em um desses períodos, em um hotel na Flórida, que Keith Richards acordou com um ri na cabeça. Ele pegou o violão e registrou o momento em um gravador portátil que tinha ao lado da cama. Depois, voltou a dormir. Ao ouvir o resultado da inspiração noturna de Richards, Mick Jagger criou uma letra falando de transgressão e rebeldia. “Era a minha visão do mundo, minha insatisfação com tudo”, ele admitiu mais tarde.

16 - Os Beach Boys mudam tudo com Pet Sounds 1966

Os Beach Boys foram o maior nome da surf music. Canções como “Surf in’ U.S.A.”, “I Get Around” e “California Girls” eram o retrato de um mundo idílico de prazeres, repleto de sol, praia, carros velozes e romance. No entanto, depois do sucesso inicial, a banda quis ir além do território já explorado. Para completar, no final de 1964, o líder e compositor Brian Wilson sofreu um ataque nervoso e parou de excursionar. Apesar de recém-casado, Wilson passou a escrever sobre solidão, carência e ansiedade. Em maio de 1966, tudo o que ele sentia convergiu em Pet Sounds, um álbum sofisticado e conceitual.

Foi uma autêntica revolução: Wilson usou os melhores músicos de estúdio de Los Angeles, conhecidos como The Wrecking Crew, e criou um som intrincado, cheio de detalhes e quase sinfônico. No estúdio, ele se tornou parceiro de composição de Tony Asher, cujas letras sensíveis e introspectivas resvalavam no difícil momento em que a adolescência fica para trás e é preciso encarar os conflitos da vida adulta. Canções como “God Only Knows”, “Wouldn’t It Be Nice” e “Here Today” tocaram fundo na alma de jovens que, além de sofrer por amor, não sabiam que rumo tomar na vida.

A temática e o acabamento de Pet Sounds influenciaram toda uma geração de músicos dos anos 1960, incluindo os Beatles, que se inspiraram nele para criar o também revolucionário Revolver (1966). Nos meses que se seguiram à chegada do disco, Brian Wilson se firmou como a maior mente da música pop, criando o single “Good Vibrations”, um marco psicodélico que ele chamou de “pequena sinfonia para Deus”.

17 - A inscrição “Clapton é Deus” toma conta de Londres 1966

Eric Clapton começou a se consolidar como guitarrista quando estava nos Yardbirds, banda que ele deixou em 1965 (tendo sido brilhantemente substituído por Je Beck). Ele decidiu tocar blues puro com John Mayall and the Bluesbreakers, e os solos estonteantes que criava deixavam o público perplexo. A reverência era tanta que os muros de Londres começaram a ser pichados com a inscrição “Clapton é Deus”. Foi assim, com a idolatria a Clapton, que se inaugurou o culto aos heróis da guitarra.

18 - The Doors quebra tabus em Los Angeles 1967

Jim Morrison era um roqueiro incomum. Apaixonado por poesia, cinema e literatura, ele usou o rock para dar vazão à criatividade artística. Ao lado de Ray Manzarek, Robby Krieger e John Densmore no The Doors, Morrison estava sempre pronto para transgredir quaisquer que fossem as convenções. Em agosto de 1966, o quarteto foi expulso do palco do tradicional Whisky a Go Go, em Los Angeles, por interpretar a ode edipiana “The End”. Morrison não se importou, já que estava mesmo disposto a quebrar tabus.

Quando finalmente foi lançado o primeiro álbum do quarteto, homônimo, em 4 de janeiro de 1967, o outro lado do nascente Verão do Amor foi revelado: o Doors não celebrava o alto-astral do universo hippie, e sim entoava versos sobre a guerra, o final dos tempos e o lado negro do rock. A sensual “Light My Fire”, lançada como single, chegou ao primeiro lugar e mostrava o lado dionisíaco do cantor, enquanto a polêmica “The End” ganhava em estúdio uma versão sinuosa, com sonoridade oriental. Não foi à toa que a faixa serviu anos depois como tema do filme Apocalypse Now (1979). O álbum de estreia do The Doors acabou se tornando a trilha para aqueles tempos sangrentos, marcados pela incoerência da Guerra do Vietnã. Morrison seguiu polemizando: em 1969, foi acusado de expor o membro sexual em um show em Miami.

19 - Desponta a cena psicodélica de São Francisco 1967

Em 14 de janeiro de 1967, ocorreu em São Francisco o Human Be-In, um encontro de hippies, adeptos da cultura beat, ativistas e militantes políticos. Além de ter sido uma antecipação do célebre Verão do Amor, o evento, que reuniu 20 mil pessoas, teve um significado musical de suma importância,

já que nele tocaram Je erson Airplane, Grateful Dead e outras bandas responsáveis por forjar o rock psicodélico.

20 - Aretha Franklin Se reinventa no Alabama 1967

Aretha Franklin já gravava havia alguns anos, mas com pouco sucesso de público e crítica. Sua trajetória começou a mudar no dia 24 de janeiro de 1967, quando ela entrou no estúdio Muscle Shoals, no Alabama. Finalmente a cantora achava o material adequado para sua grandiosa voz e os músicos certos para acompanhá-la. A ideia de levá-la para o Alabama foi de Jerry Wexler, produtor da gravadora Atlantic. Deu certo: lá, Aretha registrou faixas como “Respect” e “I Never Loved a Man (The Way I Love You)”, que mudaram a soul music.

21 - O submundo do Velvet Underground 1967

A capa do LP The Velvet Underground & Nico, com uma banana estilizada criada por Andy Warhol, era digna de atenção por si só. No entanto aqueles que se aventuraram a ouvir o conteúdo do álbum, lançado em 12 de março de 1967, ficaram chocados. O som era cru e as referências a drogas, sadomasoquismo, prostituição e desvios sexuais eram explícitas. Talvez o público ainda não estivesse preparado para assimilar as transgressões de Lou Reed e companheiros, mas com o tempo o Velvet Underground se tornaria referência máxima para o rock alternativo.

22 - Beatles lançam Sgt. Pepper’s 1967

A evolução musical dos Beatles foi rápida e inexorável. Eles já haviam lançado álbuns geniais – Rubber Soul (1965), Revolver (1966) –, mas quando Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band foi revelado ao mundo, em 1º de junho de 1967, o quarteto repercutiu além da música. Lisérgico na forma e no conteúdo, Sgt. Pepper’s... mostrou uma coleção de canções em total sintonia com os acontecimentos sociopolíticos do Verão do Amor.

23 - Acontece o Monterey Pop Festival 1967

Entre os dias 16 e 18 de junho de 1967, a ensolarada cidade de Monterey, na Califórnia, recebeu alguns dos maiores nomes do rock da década de 1960. O Monterey Pop Festival foi organizado pelo empresário Lou Adler e por John Phillips, do grupo The Mamas & the Papas, um dos destaques do evento. Foi em Monterey que uma plateia mais numerosa pôde ouvir pela primeira vez a voz rascante de Janis Joplin, novata proveniente da cena de São Francisco que estava à frente da banda Big Brother and the Holding Company. Jimi Hendrix, genial guitarrista norte- americano expatriado que havia se tornado sensação na Inglaterra, finalmente conquistou o público de seu país com talento e pirotecnia – ele destruiu a guitarra e colocou fogo no instrumento em pleno palco. Os ingleses do grupo The Who também se fizeram notar ao quebrar raivosamente seus equipamentos. Já o soulman Otis Redding abandonou o circuito regional e foi abraçado pelos hippies. Simon and Garfunkel, Je erson Airplane, Grateful Dead e The Byrds, entre outros, também fizeram parte do line-up, e muitas das apresentações foram registradas em vídeo pelo cineasta D.A. Pennebaker. Sem Monterey, talvez não tivesse havido Woodstock: o evento se tornou o protótipo para vindouros festivais.

24 - The Byrds inauguram o country rock 1968

O grupo The Byrds ajudou a popularizar o folk rock com as versões elétricas que fazia para canções de Bob Dylan, entre elas o clássico “Mr. Tambourine Man”. Em 1968, Gram Parsons, novo na banda, levou o líder Roger McGuinn a uma busca pelas raízes da canção rural norte-americana. Sweetheart of the Rodeo (1968) foi o resultado e lançou as bases para uma indústria milionária que teve seu pico na década de 1970, com os Eagles.

25- Creedence fala contra a guerra 1969

Os estados unidos viviam um tempo de turbulência no final da década de 1960, especialmente por causa do envolvimento do país na Guerra do Vietnã. Sem seguir o caminho da militância e trafegando pela ética da classe trabalhadora, John Fogerty, o líder do Creedence Clearwater Revival, deu o recado contra o conflito a partir de 1969 com os singles “Fortunate Son” e “Bad Moon Rising”.

26 - The Who populariza a ópera rock 1969

The Who não foi o primeiro grupo a gravar uma ópera rock – os também britânicos The Pretty Things já tinham feito isso em 1968, com S.F. Sorrow. No entantoTommy, a saga espiritual criada por Pete Townshend que narra a história do garoto surdo, cego e mudo que se torna campeão de fliperama, foi uma sensação. O disco duplo expandiu a linguagem do rock e a banda passou a apresentá-lo em casas de ópera. Lançado em 23 de maio de 1969, Tommy trouxe clássicos como “Pinball Wizard”.

27 - Festival de Woodstock reúne meio milhão de pessoas 1969

O sucesso obtido pelo monterey pop Festival abriu as portas para outros megafestivais de rock. Nos dias 15, 16 e 17 de agosto de 1969, cerca de 500 mil pessoas conviveram em relativa paz no mais importante evento musical de todos os tempos. Ironicamente, o Festival de Woodstock não foi realizado na cidade de Woodstock, como havia sido planejado pelos organizadores. No último instante, os moradores não concordaram com a ideia de um festival gigantesco na região. Entretanto, como o nome já havia sido definido, permaneceu para a posteridade registrado como The Woodstock Music & Art Fair. O local final foi uma gigantesca fazenda de um senhor chamado Max Yasgur, em Bethel, cidadezinha próxima a Woodstock.

Mesmo quem passou por momentos desconfortáveis – nem em suas melhores expectativas os organizadores poderiam prever o tamanho do público que se dirigiu ao evento–, quem foi ao Woodstock pôde se orgulhar de ter feito parte da história na propriedade de Yasgur. A enorme massa não se importou com a comida escassa ou com a chuva que transformou o local em um lodaçal. Nada foi capaz de tirar a atenção do público das apresentações de ícones como Santana, Jimi Hendrix (que entrou no palco na manhã do dia 18), Crosby, Stills, Nash & Young, Joe Cocker, Joan Baez, Janis Joplin, Sly & the Family Stone e The Who, responsáveis por performances emblemáticas. O sucesso do documentário homônimo, dirigido por Michael Wadleigh (1970), e os álbuns com a trilha sonora do festival firmaram o legado daqueles três dias para as futuras gerações.

Woodstock foi mais do que uma celebração da utopia da contracultura, da paz e do amor: foi um marco na propagação do rock como força universal.

28 - Os Rolling Stones e a tragédia do Festival de Altamont 1969

Depois de anos longe dos estados unidos, os Rolling Stones fi zeram, em 1969, uma bem-sucedida turnê pelo país. Como uma espécie de agradecimento, a banda resolveu promover um show gratuito na Altamont Speedway, na Califórnia, no dia 6 de dezembro. Foi um pesadelo. Meredith Hunter, um jovem negro de 19 anos, acabou assassinado

pelos “seguranças” do show, os motoqueiros do clube Hells Angels, a poucos metros do palco. O incidente foi capturado no documentário Gimme Shelter (1970) e marcou definitivamente o fim da utopia da década de 1960.

29 - O momento dos cantorescompositores 1970

Se a década de 1960 privilegiou o coletivo, os anos 1970 deram vazão a artistas individuais, gente que escrevia e interpretava seu próprio material. Nos dois lados do Atlântico, nomes como James Taylor, Joni Mitchell, Jackson Browne, Carole King, Cat Stevens, Elton John e outros forjavam melodias suaves que revelavam letras existenciais e introspectivas sobre relacionamentos complicados e dramas pessoais.

30 - Surge o heavy metal com o Black Sabbath 1970

Artistas pioneiros, como Deep Purple, Steppenwolf, Iron Butterfly e até mesmo Cream e Jimi Hendrix, já haviam antecipado o que viria a ser o rock pesado. No entanto, quando um obscuro quarteto de Birmingham, Inglaterra, lançou o LP de estreia (o homônimo Black Sabbath, em 13 de fevereiro de 1970), uma nuvem chamada heavy metal começou a pairar sobre o planeta. Os rifis sinistros de Tony Iommi e os vocais alienados de Ozzy Osbourne eram a trilha sonora para os dias mais soturnos da vida.

31 - O domínio do rock progressivo 1971

o Pink Floyd e o Moody Blues lançaram as sementes para o rock progressivo na segunda metade da década de 1960. Logo, muitas bandas trocaram o formato do single comercial por álbuns que abrigavam extensas suítes com influência de música erudita e jazz moderno. O rock progressivo viveu seu apogeu na primeira metade da década de 1970. Em 1971, por exemplo, saíram álbuns como Tarkus (Emerson, Lake & Palmer), Fragile (Yes) e Nursery Cryme (Genesis). Cerebral e pomposo, o prog rock pode não estar mais na moda, mas nunca morreu.

32 - Marvin Gaye e Sly Stone se reinventam 1971

No início da década de 1970, os artistas da música negra começaram a retratar o caos urbano que encontravam ao seu redor. Em 1971, saíram dois álbuns que definiram aquele momento: What’s Going On, de Marvin Gaye, e There’s a Riot Goin’ On, de Sly & the Family Stone. Gaye elaborou um apaixonado conjunto de canções falando de desemprego, guerra, miséria e devastação do planeta. Já o antes otimista Stone fotografou as más vibrações dos Estados Unidos por meio de um funk sombrio, ameaçador e difícil de ouvir.

33 - Nasce a obra-prima Exile on Main St., dos Stones 1972

os Rolling Stones já haviam gravado inúmeros álbuns memoráveis, entre eles Beggar’s Banquet (1968), Let It Bleed (1969) e Sticky Fingers (1971), mas a aventura do retiro da banda no sul da França iria gerar o trabalho mais polêmico e aclamado deles. Os contos sobre os bastidores da gravação, que foi basicamente idealizada por

Keith Richards, já são lendários – lá houve sexo e drogas em quantidades cavalares. O álbum resultante, Exile on Main St., marca o clímax criativo dos Stones: é cheio de blues, túrgido e orgânico.

34 - David Bowie lança o Glam 1972

Na década de 1960, david bowie já havia tentado, sem muito sucesso, ser astro mod e cantor folk. A sorte do artista mudou de fato quando ele colocou maquiagem, pintou

o cabelo de laranja, começou a usar roupas exóticas e inventou Ziggy Stardust. O personagem apareceu pela primeira vez no dia 10 de janeiro de 1972, em um show no Toby Jug Pub, em Tolworth, Inglaterra. Para criar Ziggy, um roqueiro alienígena de sexualidade indefinida, Bowie se inspirou no pioneiro Vince Taylor e no excêntrico Legendary Stardust Cowboy. Fruto dessa nova fase, o álbum The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars, lançado em 16 de junho daquele ano, foi puxado pelo single “Starman” e se tornou uma sensação.

As apresentações de Bowie e sua banda eram embebidas em uma poderosa marca teatral e se tornaram concorridas. O glam rock virou moda e diversos nomes passaram

a seguir as diretrizes lançadas por Bowie – Marc Bolan, Gary Glitter, Slade, KISS, New York Dolls e até Alice Cooper experimentaram o gosto da purpurina. No entanto, Bowie jamais parou no tempo: em 1973 ele abandonou Ziggy para sempre. Nas décadas seguintes, mudou inúmeras vezes de persona artística.

35 - Led Zeppelin é a banda número 1 do planeta 1973

Quando surgiu das cinzas dos Yardbirds, em 1968, o Led Zeppelin já tinha intenção de dominar o mundo. O guitarrista Jimmy Page, ao lado do empresário Peter Grant, controlava cada aspecto da parte musical e promocional da banda. Os três primeiros álbuns fizeram um sucesso crescente, abrindo caminho para o disco que fi cou conhecido como Led Zeppelin IV (1971), que deflagrou o status mitológico do quarteto, trazendo “Stairway to Heaven”, “Black Dog” e “Rock and Roll”. Quando eles lançaram Houses of the Holy, em 28 de março de 1973, uma nova turnê norte- -americana foi agendada – foi a excursão mais lucrativa realizada por uma banda na história do rock até então. Cada apresentação teve os ingressos esgotados em menos de quatro horas.

36- Pink Floyd revela o lado negro da Lua 1973

O Pink Floyd começou como uma entidade psicodélica liderada por Syd Barrett, mas depois que ele saiu da banda tudo mudou. O quarteto inglês já havia mostrado várias canções do álbum que viria a se chamar The Dark Side of the Moon em apresentações no Rainbow Theatre, em Londres, em 1972. Só que quando o trabalho finalizado chegou às lojas, em 1º de março de 1973, provocou uma sutil revolução. Usando temas como doença mental e alienação, o Pink Floyd criou um ciclo de canções extremamente bem produzidas que representavam a angústia urbana da metade da década de 1970.

37 - Kraftwerk lança o pop eletrônico 1975

“Autobahn” foi uma verdadeira sensação quando foi lançada, em maio de 1975. O quarteto Kraftwerk vinha da Alemanha, só que, para muita gente, parecia ser de outro planeta. A canção, uma ode às autoestradas do país deles, era feita apenas com sintetizadores. Se hoje a música eletrônica é uma força poderosa e ubíqua, é sempre bom lembrar que esse caminho foi trilhado pela primeira vez há 40 anos pelos pioneiros germânicos.

38 - Os primórdios do punk e da new wave no CBGB 1975

O nome do evento era enorme: Festival of New York’s Top 40 Unrecorded Rock and Roll Bands. No entanto, grandes mesmo vieram a se tornar algumas das atrações do festival, que ocorreu de 16 de julho a 3 de agosto no clube CBGB, em Nova York (Blondie, Talking Heads, Television e Ramones estavam entre elas). As apresentações atraíram, a princípio, apenas bêbados e curiosos; um pouco adiante, porém, por meio do boca a boca, o CBGB se tornou o lugar mais badalado da cidade. O punk e a new wave ganhavam vida definitiva na América.

39 - O sucesso mundial de Bob Marley 1975

Catch a Fire (1973) foi o LP que tornou Bob Marley and the Wailers conhecidos fora do território jamaicano. Ao longo de dois anos viajando, Marley foi construindo uma sólida base de fãs. Na apresentação no Lyceum, em Londres, no dia 18 de julho de 1975, o astro fi ncou defi nitivamente a bandeira do reggae na história da música popular, se consagrando como o maior ídolo pop de fora do eixo Estados Unidos-Inglaterra. A disputada apresentação foi gravada ao vivo e preservada no álbum Live! (1975).

40 - A explosão de Bruce Springsteen 1975

Quando Springsteen lançou born to Run, seu terceiro álbum, já havia um barulho em torno dele. Em agosto de 1975, o cantor e a E Street Band tocaram em shows concorridos no Bottom Line, um clube em Greenwich Village, Nova York. Depois de críticas extasiadas, o artista foi capa da Time e da Newsweek, duas das mais importantes revistas de interesse geral dos Estados Unidos. As publicações decretaram que ele era a nova salvação do rock. Felizmente, Springsteen cumpriu todas as expectativas.

41 - Queen alavanca a era do vídeo musical 1975

Desde os primórdios do rock eram feitos vídeos promocionais para divulgar as canções, mas geralmente com produções modestas e sem muita ambição. O Queen foi um dos responsáveis por mudar isso – em novembro de 1975, a banda quebrou a banca com um memorável clipe para “Bohemian Rhapsody”, destaque do álbum A Night at the Opera (1975). Dirigido por Bruce Gowers, o bombástico vídeo mostrando o cantor Freddie Mercury e companheiros rodou o mundo e, além de ter impulsionado a popularidade da faixa, mostrou o poder inigualável do casamento entre imagens e música.

42 - A nave funk de George Clinton aterrissa na América 1976

As apresentações do parliament-Funkadelic pareciam uma festa à fantasia que não tinha hora para acabar. No dia 29 de outubro de 1976, o líder George Clinton se superou ao levar para o New Orleans Municipal Auditorium a chamada Mothership, um gigantesco modelo de uma nave espacial que descia em pleno palco. O groove seguia em alto volume em meio ao que mais parecia uma invasão alienígena. A ópera espacial de Clinton marcou o auge do funk em sua forma mais autêntica.

43 - The Band se despede 1976

Na metade dos anos 1970, o punk e a disco music já se faziam presentes e a geração gestada na década anterior sentia que mudanças definitivas estavam por vir. O símbolo da chegada de uma nova era foi o espetáculo de despedida da The Band, em 25 de novembro de 1976, no Winterland Ballroom, em São Francisco. O evento foi filmado por Martin Scorsese e ganhou o nome de The Last Waltz (ou O Último Concerto de Rock). Bob Dylan, Neil Young, Van Morrison, Eric Clapton, Muddy Waters, Neil Diamond e outros participaram do emocionante concerto que marcou o adeus dos canadenses.

44 - Os Sex Pistols escandalizam a Inglaterra 1977

Terra da rainha vinha passando por um momento de turbulência, com desemprego e insatisfação tomando conta das principais cidades do país. Depois do espalhafatoso visual apresentado pelo glam rock, o momento parecia oportuno para uma volta ao básico.

Jovens que mal sabiam tocar viram no ato de fazer música uma saída para a apatia. O som cru que nasceu pelas mãos desses garotos, em garagens e pubs estropiados, foi batizado de punk. Malcolm McLaren, um artista visual e agitador cultural da cena alternativa londrina, viu potencial na nova onda e formatou um grupo que resumia os ideais – ou a falta deles – do punk: Sex Pistols.

Em apenas dois anos, a banda liderada pelo vocalista Johnny Rotten e depois integrada pelo controverso baixista Sid Vicious levou a anarquia ao mundo do rock, deixando a sociedade inglesa em polvorosa e fazendo os conservadores tremerem quando ouviam a palavra “punk”. A maior provocação do quarteto ocorreu em junho de 1977, à época do jubileu de prata da rainha Elizabeth II, quando foi lançado o single “God Save the Queen”, que chamava sua majestade de “fascista”. Assim, os Pistols viraram inimigos públicos, fato consolidado com o provocativo LP Never Mind the Bollocks, Here’s the Sex Pistols, que saiu em 27 de outubro de 1977. Escandaloso e dono de uma energia primal, o único álbum de estúdio da banda teve outros hinos malcriados, como “Anarchy in the U.K.” e “Pretty Vacant”. O LP também causou impacto pela minimalista e evocativa capa criada pelo artista Jamie Reid.

45 - A disco music toma conta do mundo 1977

O ritmo das pistas vinha mostrando força desde 1974, época dos hits “Rock Your Baby” (George McCrae) e “Rock the Boat” (The Hues Corporation). Nomes da T.K. Records, como KC and the Sunshine Band, esquentavam os clubes. Em 1977, boa parte do planeta dançava ao som do estilo. Para coroar essa movimentação, no fi nal do mesmo ano estreou o hoje clássico Os Embalos de Sábado à Noite (na imagem, com o nome original), com uma trilha milionária criada pelo trio Bee Gees, destacando a épica “Stayin’ Alive”. Astros como Donna Summer e Chic venderam milhões e dominaram as rádios. Embora a febre da discoteca tenha esmorecido ao longo dos anos, a influência da disco segue intensa, inspirando de Daft Punk a Mark Ronson.

46 - Estoura a New Wave of British Heavy Metal 1979

O rock pesado feito na inglaterra ganhou um novo gás com a formação dos pioneiros Judas Priest e Motörhead. Tocando com velocidade, mas infringindo as “normas” do hard rock vigente, as bandas lideradas respectivamente por Rob Halford e Lemmy Kilmister foram grandes influências para músicos que se encontravam no underground britânico. Ironicamente, o punk também entrou nessa equação, principalmente por causa da atitude sem compromisso. Aos poucos, uma cena que começou informal foi ganhando força. No dia 8 de maio de 1979, o jornalista Geo Barton fez a cobertura de um show que reuniu alguns desses candidatos ao estrelato no Bandwagon Heavy Metal Soundhouse, em Londres. Iron Maiden, Samson e Angel Witch, bandas com vocais com pique de ópera, temas épicos, acordes roqueiros que se afastavam do blues e uma mitologia própria, fisgaram a atenção de Barton. Quando a r senha dele foi publicada no jornal Sounds, na semana seguinte, o editor Alan Lewis cunhou o termo “nova onda do metal britânico” para classificar aqueles grupos. A expressão, popularizada com a abreviatura NWOBHW, englobou alguns dos artistas que mais à frente revolucionariam o jeito que se fazia heavy metal no mundo.

47 - R.E.M. vislumbra o indie rock 1981

Depois da ebulição provocada pelo punk, vários músicos perceberam que, para alcançar o público, não era necessário seguir modismos ou estar atrelado a algum esquema gigantesco das gravadoras. Independência, instinto e integridade falavam mais alto. Nenhuma banda simbolizou esse estado de espírito como o R.E.M. Quando Michael Stipe e companheiros lançaram o single “Radio Free Europe”, em 8 de julho de 1981, o “faça você mesmo” do punk dava origem ao indie rock enquanto guitarras menos distorcidas voltavam a conquistar a imaginação da juventude.

48 - A MTV invade a América 1981

1º de agosto de 1981: é curioso, mas pouquíssima gente viu ao vivo a imagem de um astronauta na Lua ao lado de uma bandeira que trazia o logotipo do canal que, naquele exato instante, entrava no ar. Na sequência, foi exibido o clipe da sugestiva “Video Killed the Radio Star”, do Buggles. Embora o debute da MTV tenha sido praticamente ignorado, a emissora

musical modifi caria a relação entre a música pop e o público consumidor, fazendo do videoclipe uma indústria milionária.

49 Michael Jackson revela o moonwalk 1983

A carreira solo de Michael Jackson começou paralelamente à época em que ele fazia parte do Jackson Five. Ele teve sucesso com canções como “Ben”, “One Day in Your Life” e outras, mas só de fato abriu as asas longe dos irmãos quando lançou, em

1979, o magnífico O the Wall. Impecável e cheio de groove, o disco teve a produção precisa de Quincy Jones e fez um enorme sucesso. Por isso, Jackson não hesitou em chamar Jones para produzir o sucessor Thriller, lançado em 30 de novembro de 1982. O trabalho ocuparia o posto de álbum mais vendido da história. Jackson estava no auge quando foi escalado para se apresentar no especial de TV Motown 25: Yesterday, Today, Forever, gravado em 25 de março de 1983, no Pasadena Conference Center, na Califórnia, poucos meses após a chegada de Thriller. Depois de cantar um medley de hits do Jackson Five ao lado dos irmãos, o artista tomou o palco sozinho, confiante como nunca, para mostrar o single solo “Billie Jean”. No meio da performance, Jackson começou a deslizar para trás, em um passo surpreendente que foi chamado de “moonwalk”.

A dança do cantor virou o assunto mais comentado nos Estados Unidos depois que o especial foi ao ar pela rede NBC, no dia 16 de maio. Nas pistas de dança, o moonwalk se tornou mania absoluta. Naquele momento, ninguém era maior que Michael Jackson - o apogeu do garoto que cresceu sendo ouvido por diversas plateias pode apenas ser comparado ao de Elvis Presley e ao dos Beatles. Jackson só viria a ser definitivamente chamado de “Rei do Pop” no início dos anos 1990, mas já dava indícios de por que merecia a alcunha.

50- U2 se consagra no show de Red Rocks 1983

Para muita gente, a primeira (e mais poderosa) visão do U2 se materializou no dia 5 de junho de 1983, quando o quarteto

se apresentou no Red Rocks Amphitheatre, no Colorado, durante a primeira turnê norte- americana dos irlandeses. Muitos fatores contribuíram para a mística do momento, como a beleza natural do local, a chuva e a neblina. Quando o vocalista, Bono – que ainda usava o cognome “Vox” –, pegou uma bandeira branca e começou a desfilar em nome da paz ao som de “Sunday Bloody Sunday”, o rock ganhou seus justiceiros definitivos.

51 - Metallica difunde o thrash 1983

É regra básica do metal: quando as coisas começam a ficar muito melódicas, o próximo passo é acelerar ao máximo. O Metallica não foi a primeira nem a única banda de speed ou thrash metal a gravar naquela época – Slayer, Anthrax e o ridicularizado Venom também estavam na mesma pegada. Só que a repercussão do álbum Kill ‘Em All, lançado em 25 de julho de 1983, transformaria o thrash em linguagem corrente. O disco não escondia a influência das bandas do NWOBHM, mas o som havia ganhado uma velocidade de quebrar o pescoço.

52 - Madonna inicia lista de polêmicas com “Like a Virgin” 1984

O álbum homônimo de 1983 não deixou claro a que, de fato, veio Madonna. Ela só mostrou do que era capaz no ano seguinte,

em 14 de setembro de 1984, quando apareceu na primeira edição do MTV Video Music Awards. Usando um vestido de noiva estilizado, Madonna cantou o hit “Like a Virgin” de forma provocante: ela subiu ao palco para vender atitude e empoderamento feminino. Era o início de uma jornada camaleônica e imbatível. Ao longo dos anos, Madonna personifi cou a garota católica, a diva, a dominatrix e a mulher sedenta pela verdade espiritual, mudando para sempre o zeitgeist feminino no pop.

53 - Acontece o Live Aid 1985

Em 1985, os astros da música queriam salvar o mundo. O single beneficente “We Are the World”, do projeto USA for Africa, saiu em março; em 13 de julho, impulsionado pelo cantor Bob Geldof, foi a vez do concerto Live Aid, com renda destinada à população faminta da África. Duas apresentações ocorreram simultaneamente, uma na Inglaterra (Estádio de Wembley, em Londres) e outra nos Estados Unidos (Estádio John F. Kennedy, na Filadélfia). Mesmo com tantos figurões presentes, o consenso é de que o Queen roubou o show de forma épica em Wembley.

54 - O rock luta contra a censura 1985

O Parents Music Resource Center (PMRC) era uma comissão governamental que tinha como intenção censurar canções e álbuns que tivessem conteúdo considerado ofensivo. A comunidade musical ficou indignada com a criação do órgão e um debate foi agendado no senado dos Estados Unidos. Frank Zappa, John Denver e o cantor Dee Snider (Twisted Sister) deram depoimentos veementes a favor da liberdade de expressão. No final, muitas das propostas absurdas do PMRC foram engavetadas, embora a partir daquele momento os discos tenham ganhado os infames selos de classificação.

55 - Guns N’ Roses desponta para o estrelato 1987

Na noite de 6 de junho de 1985, no clube Troubadour, em Los Angeles, uma banda recém-formada chamada Guns N’ Roses

tocava para uma plateia minguada. Entretanto, os dias de fome do quinteto encabeçado pelo cantor Axl Rose e pelo guitarrista Slash logo iriam terminar. Enquanto sobreviviam à escassez de recursos, eles começaram a dar formato a canções clássicas, entre elas “Sweet Child o’ Mine” e “Paradise City”. Quando Appetite for Destruction foi finalmente lançado, em 21 de julho de 1987, o rock ganhou seus mais icônicos bad boys. O álbum vendeu mais de 30 milhões de cópias.

56 - O Nirvana e o último grande ícone do rock 1991

A região nordeste dos Estados Unidos sempre teve uma tradição de fazer rock barulhento e cru. Na década de 1980, inspiradas pelo Black Sabbath e pelo grupo Melvins, pioneiro do stoner rock, várias bandas começaram a sobressair na cena underground de Seattle. O Nirvana, liderado por Kurt Cobain, foi uma delas. Em 1989, o trio, que ainda não tinha Dave Grohl na formação, lançou o álbum de estreia, Bleach, pela gravadora Sub Pop. A boa repercussão levou a banda a assinar com um selo da Geffen, uma grande gravadora. Cobain já vinha acumulando um expressivo catálogo de canções. Um dia, a amiga Kathleen Hanna, vocalista da banda Bikini Kill, pintou em spray a frase “Kurt smells like teen spirit” na parede do quarto dele.

Cobain gostou da inscrição – ele não sabia, mas Teen Spirit era uma marca de desodorante feminino. Com o som dos Pixies na cabeça, ele acabou usando parte da frase no que viria a ser o último grande hino do rock and roll até o momento. Em 17 de agosto de 1991, o Nirvana gravou o anárquico vídeo de “Smells Like Teen Spirit”: era o que faltava para uma mudança de rumo nas rádios e para a explosão da cena de Seattle. Quando o álbum Nevermind chegou às lojas, em 24 de setembro daquele ano, o Nirvana acabou com a festa do metal farofa; meses depois, tirou Dangerous (1991), de Michael Jackson, do primeiro lugar, marcando um novo período de criatividade e energia para o rock. Não é exagero afirmar que o gênero ainda vive o impacto causado pela meteórica carreira dos maiores ícones do grunge e da subsequente trágica morte de Cobain.

57 - A rivalidade entre o Blur e o Oasis esquenta o britpop 1994

Tudo parecia andar muito calmo na música pop britânica da década de 1990. Porém, a Inglaterra começou a tremer com o surgimento do britpop. O movimento era um contra-ataque ao grunge e buscava valorizar novamente o rock feito com o sotaque europeu. The Verve, Pulp, Placebo e Supergrass fi zeram grandes discos, mas eles foram deixados para trás pelo Blur e pelo Oasis, cuja rivalidade atingiu o pico quando as duas bandas lançaram, espectivamente, os extraordinários Parklife e Definitely Maybe.

58 - Radiohead revive o art rock com OK Computer 1997

Teria sido quase impossível prever que um disco lento e depressivo, falando de um mundo que se deteriorava, se tornaria um sucesso mundial, justamente no cenário pós-grunge da década de 1990. Em OK Computer, lançado em 21 de maio, Thom Yorke, o líder da banda inglesa, mostrava que aprendeu com o Pink Floyd como unir tecnologia e “esquisitice” a melodias marcantes. A faixa “Paranoid Android” é um exemplo da retomada do rock cerebral promovida pelos ingleses. O Radiohead seguiu assim, estranho e instigante.

59 - The Strokes redefine o conceito de rock contemporâneo 2001

O quinteto nova-iorquino the Strokes surgiu com a velocidade da internet. Julian Casablancas e banda já haviam conseguido fama e seguidores antes mesmo de gravar um disco. Primeiro, eles foram incensados na nativa Nova York; depois, reverenciados pelos sempre novidadeiros semanários ingleses. Quando Is This It foi lançado, em 30 de julho de 2001, o hype se justificou. A banda chegou a ser acusada de colocar o estilo acima da substância, mas além do ar calculadamente desleixado os músicos deram uma injeção de vitalidade ao indie rock. Os Strokes promoveram com habilidade um híbrido do som de bandas como The Velvet Underground, The Modern Lovers e Television, mas para eles a devoção ao punk e ao art rock de décadas anteriores não era um mero exercício de cópia – o quinteto realmente impulsionou uma nova onda no rock, se tornando referência para outras bandas vitais da virada do milênio, como Arctic Monkeys e The Libertines. O Strokes provou que, desde os tempos em que os roqueiros pioneiros decalcavam a linguagem do blues, a reciclagem com talento e visão é a chave do negócio.

60 - Amy Winehouse domina as paradas com Back to Black 2006

Amy Winehouse foi a rainha do pop retrô: com alma e dor, a cantora britânica emulava o som e o visual de estrelas do passado. Ao lado da banda The Dap-Kings e com produção de Mark Ronson, Amy dominou o mundo com o álbum Back to Black, um sucesso que abriria o caminho para nomes como Adele. Infelizmente, o sintomático single “Rehab” já indicava: Amy não tinha estrutura emocional para lidar com o estrelato, sofrimento por amor ou abuso de drogas e álcool. Em uma espécie de tragédia anunciada, a cantora morreu em 23 de julho de 2011, aos 27 anos, lembrando a história de Jim Morrison, Janis Joplin e outros ícones que se foram nessa idade.

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