Rolling Stone EUA/Redação Publicado em 09/01/2017, às 13h30 - Atualizado às 16h31
Aconteceu na noite do último domingo, 8, a 74ª edição anual do Globo de Ouro, em Los Angeles, nos Estados Unidos. A premiação, que inclui categorias tanto de filmes quanto de séries, é realizada pela Associação dos Correspondentes Estrangeiros de Hollywood. Entre discursos comoventes, tributos e vitórias surpreendentes, veja os dez melhores momentos da premiação.
A abertura inspirada em La La Land – Cantando Estações
Para dar o tom à noite, Jimmy Fallon bolou uma ousada e divertida paródia de La La Land, maior vencedor da premiação, com diversos dos indicados a prêmios. O vídeo era recheado de referências: a ressurreição de Jon Snow em Game of Thones, o Ford Bronco de People v. O.J. Simpson, Rami Malek como o personagem Elliot de Mr. Robot e muito mais. As crianças protagonistas da série Stranger Things – incluindo um rap da atriz Mille B. Brown –, como sempre, arrancaram risadas, assim como as interações entre Fallon e o cantor Justin Timberlake.
As vitórias de Atlanta e Donald Glover
Donald Glover – que também é Childish Gambino, o rapper por trás do incensado e recente disco Awaken, My Love – viu a série criada e protagonizada por ele, Atlanta, faturar dois prêmios em seu ano de estreia. Além de Melhor Série de Comédia, a produção teve com Glover o Melhor Ator em Série de Comédia. “Queria agradecer à cidade de Atlanta e aos negros que sobrevivem em Atlanta, por estarem vivos e serem pessoas maravilhosas”, lembrou ele em um dos discursos, admitindo que “não pensava que as pessoas realmente fossem gostar da série”, que apresentou ao público o trabalho de Keith Stanfield, Zazie Beetz e Brian Tyree Henry. A cidade norte-americana que dá nome à produção da FX é frequentemente palco de manifestações e protestos contra a violência policial e a morte de negros.
Um dos pontos altos da noite, que ressoou com força nas redes sociais, foi o discurso de Meryl Streep. A atriz, que detém oito prêmios e 29 indicações no Globo de Ouro, levou muitos dos presentes às lágrimas com suas palavras e também criticou diretamente o próximo presidente norte-americano no discurso proferido de voz rouca. Ela começou defendendo a liberdade e o respeito à imprensa e se referiu a um episódio recente em que Trump fez piada com um jornalista com deficiência: “A violência incita a violência. O desrespeito gera o desrespeito. Se alguém usa sua posição para fazer bullying, todos nós perdemos”. “Peço que ajudemos a proteger os jornalistas, porque precisamos deles mais do que nunca”, acrescentou.
Meryl também foi incisiva ao tratar de estrangeiros, alvos de Trump, que prometeu construir um muro entre Estados Unidos e México e deportar três milhões de imigrantes. “O que é Hollywood senão um monte de gente de vários lugares?”, disse, antes de citar as origens diversas de alguns atores ali presentes e de proferir o gancho mais marcante de toda a fala: “Hollywood está repleta de forasteiros e estrangeiros, e se você nos mandar embora, você não terá nada para assistir, exceto futebol e MMA, que não são arte.” A atriz foi agraciada com o prêmio nomeado Cecil B. DeMille, honrando o conjunto da obra dela, e encerrou um dos momentos mais intensos do Globo de Ouro de 2017 também recordando Carrie Fisher. “[Ser atriz] É como minha amiga Princesa Leia me disse certa vez: 'Pegue seu sofrimento e transforme-o em arte'.”
Tracee Ellis Ross, de Black-ish, ganhou o prêmio de Melhor Atriz em Série de Comédia ou Musical em sua primeira indicação ao Globo de Ouro. A atriz também foi a primeira mulher negra a ganhar nessa categoria em mais de três décadas. Em seu discurso, Tracee reconheceu a falta de diversidade em Hollywood, mas também acendeu a esperança de que as coisas não sejam assim para sempre. “Isto é por todas as mulheres, mulheres negras e pessoas 'de cor'”, ela disse. “Cujas histórias, ideias, pensamentos não são sempre considerados dignos, válidos e importantes.” Ela continuou: É uma honra [...] mostrar a mágica e a beleza de uma história e histórias que estão fora dos lugares que a indústria geralmente procura.”
O piadista Hugh Laurie levou por Melhor Ator Coadjuvante em The Night Manager. E não seria exagero dizer que Laurie fez mais a plateia rir do que o apagado Fallon. “Achei que este seria o último Globo de Ouro”, atirou, ao microfone. “Não quero ser chato nem nada, mas é que tem escrito ‘estrangeiro’ [referência à associação de críticos que julga os prêmios] na estatueta”. A fala foi uma crítica indireta o presidente eleito Donald Trump, que prometeu construir um muro entre Estados Unidos e México e deportar três milhões de imigrantes. O ator ainda se desculpou por soar “sombrio”.
Kristen Wiig e Steve Carell apresentando a categoria de Melhor Filme de Animação
Para anunciar o vencedor de Melhor Filme de Animação, as duas estrelas de Meu Malvado Favorito 2 relembraram as primeiras animações que eles assistiram, o que rapidamente trouxe de volta memórias dolorosas de infância. Para Carell, foi a recordação de que a mãe dele anunciou que iria se divorciar do pai depois de uma sessão de Fantasia; para Kristen, foi assistir a Bambi depois de sacrificar os três cachorros dela (chamados de Janet, Chrissy e Jack). A execução foi ótima e a ideia de que filmes para crianças também podem se conectar com experiências mais maduras e tristes (por mais que fictícias) foi um toque inteligente.
A vitória de Moonlight em Melhor Filme de Drama
O prêmio mais esperado e derradeiro da noite foi surpreendente. Deixando de lado a dura concorrência de filmes como Lion e Manchester À Beira-Mar, quem faturou a honraria foi Moonlight. Dessa forma, o longa dirigido por Barry Jenkins confirmou a condição de um dos favoritos ao Oscar. “A todos que estão no Twitter, em Miami ou Nova Orleans, se vocês não viram o filme, contem aos seus amigos e espalhem para mais amigos”, disse Jenkins no palco.
Em meio aos comentários políticos e piadas forçadas, um sopro de fofura. A dupla que estrela Lion, Dev Patel (Quem Quer Ser um Milionário?) e o pequeno Sunny Pawar, que interpreta o personagem de Patel na infância, subiram ao palco para apresentar o filme. Os dois vestiram smokings iguais e encantaram o público enquanto introduziam o longa, que foi indicado a Melhor Filme de Drama.
Viola Davis apresentando o prêmio nomeado Cecil B. DeMille de Meryl Streep
Antes de Meryl Streep subir ao palco para dar o grande discurso da noite, a colega e amiga Viola Davis fez uma apresentação emocionante para o prêmio nomeado Cecil B. DeMille que seria concedido a Streep. Viola fez uma declaração de amor ao trabalho de Streep: “Sua arte nos lembra o impacto do que significa realmente ser um artista: que é para nos sentirmos menos solitários. [...] Você é uma musa. Seu impacto me incentivou a ficar na linha, Streep. Eu te vejo. Eu te vejo.” A atriz continuou, emocionada: “Você me faz ter orgulho de ser atriz. Você me faz sentir que o que eu tenho em mim – meu corpo, meu rosto, minha idade – é suficiente. Você encapsula aquela grande citação de Émile Zola que diz ‘Se você me perguntar, como artista, o que eu vim fazer neste mundo, eu, como um artista, diria, eu vim viver em voz alta’.”
O tributo a Carrie Fisher e Debbie Reynolds
Carrie Fisher e Debbie Reynolds foram honradas com uma homenagem curta, mas comovente, após morrerem com um dia de diferença em dezembro de 2016. O vídeo contava com trechos dos pontos altos da carreira de Carrie e Debbie, incluindo cenas de Carrie em Star Wars, Harry & Sally: Feitos um para o Outro e até em uma participação especial em 30 Rock. Debbie foi honrada com cenas dela cortando um tapete em Cantando na Chuva, estrelando ao lado de Frank Sinatra em Armadilha Amorosa e passeando em uma Vespa em Dominique – um trecho justaposto perfeitamente com Carrie em um speeder em O Retorno de Jedi. Acompanhando as cenas clássicas estavam vídeos caseiros emocionantes de Carrie e Debbie, além da performance de "You Made Me Love You (I Didn't Want to Do It)" que mãe e filha fizeram no programa de Oprah Winfrey, em 2011.
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