Artistas do Top 10 de nossa lista de melhores músicas do ano falam sobre seus trabalhos
Redação Publicado em 03/01/2011, às 15h43
1 - "My Favorite Way" - Black Drawing Chalks: "Engraçado que a música foi rejeitada em 2004, por uma outra banda que eu e o Douglas [Castro, baterista] tínhamos na época. Engavetamos a ideia inicial e, em 2008, lembramos e resolvemos retrabalhar a música. Fizemos refrão novo, mudamos os arranjos. Acabou sendo uma das últimas músicas a ficarem prontas pro Life is a Big Holiday for Us. Desde o início dessa reformulação da canção, já sabíamos que ela teria uma pegada mais dançante do que o restante e gostamos muito disso. Quando lançamos, todo mundo achou diferente, mas viu com bons olhos e os elogios vieram. Ainda bem que ela foi rejeitada em 2004! [risos]." (Victor Rocha, vocalista e guitarrista da banda)
2 - "Cangote" - Céu: "É uma música clássica de amor! Relações sempre têm momentos em que o silêncio fala mais do que a palavra. Mistura disso com leseira. Leseira de acordar e ficar ao lado do amado (risos) sem fazer nada. Acho extretamente produtivo o ócio. Faz bem parar e ficar de leseira. E eu quis passar isso [com Cangote]."
3 - "Cover" - Erasmo Carlos: "Quando faço música, penso primeiro em inglês. Quer dizer, não exatamente inglês, em "erasmês". Só para dar o tom da música. Aí comecei a fazer essa música chamada "over". "Over, over, over and me" [cantarola]. Na hora de botar a letra, isso aí já me levou a cover. Quando fiz cover, pensei em L.A. Em cada esquina tem um. Elvis pode ser mulher, bebê, japonês, negro, anão. Caramba! Tem de tudo! No Brasil, Roberto Carlos. Quantos dele por aí! Tem Raul, Michael Jackson, Marilyn Manson, Carlitos. Porra: nunca vi cover de mim! Já vi de um monte de gente, mas nunca de mim. Aí fico me argumentando: ou não tenho personalidade cativante a ponto de despertar interesse ou sou inimitável. Mas tenho que ter um cover, pensei: 'Então eu mesmo vou ser meu cover'. Sou geminiano e sou dois."
4 - "O Tempo" - Móveis Coloniais de Acaju: "As idéias surgiram em 2007, quando a gente tava nesse processo meio corrido de começar a pensar no disco, e ela traz um pouco uma nostalgia de Pet Sounds, do Beach Boys, muita melodia com vários elementos, metais. E um refrão que permite trazer essa ideia do tempo ir um pouco mais devagar, como a letra fala. O Miranda teve uma participação muito importante nessa música, pois ouviu a primeira vez e sentiu que ainda faltava alguma coisa. Mexemos um pouco na estrutura e acabou virando uma música importante no disco, talvez até um pouco mais que as outras, por tratar dessa coisa do relacionamento e por ter um refrão que fica na cabeça por um bom tempo. E foi muito legal ver ela pronta depois de todas as mudanças." (Beto Mejia, flautista)
5 - "Me Adora" - Pitty: "Quando pensei nessa música como primeira a ser trabalhada do Chiaroscuro, bateu uma dúvida. Será que as pessoas ainda são tão puritanas e chatas a ponto de desmerecerem uma canção apenas porque existe um (suposto) palavrão na letra? Pensei mais. Sim, sempre haverão puritanos e chatos, e eles que se resolvam com seus entraves. Não, a tal palavra já não é ofensiva desde muito, ao menos para 99% das pessoas da minha geração. Virou adjetivo e, ora bolas, não ignoremos esse fato. A música foi pro mundo. Susto pra alguns, que esperavam um óbvio. Desculpe, não dá. Estou sempre a fim do que não tive, e admito um delicioso frisson nas entranhas quando me deparo com a surpresa alheia. Estão lá a melodia ingênuamente sixtie, os corinhos da Motown, a castanhola que deliberadamente roubei de Phil Spector em 'Be My Baby'. Mas também estão lá a guitarra, a voz mais gritada em alguns momentos. 'Nego' falou que era como se Strokes encontrasse Odair José. Legal, curti isso. O tempo passou, e a música ganhou versão axé, sertanejo, forró. 'Me Adora' é lobo em pele de cordeiro. É sonsa, dissimulada. Se faz de santa, e quando as luzes se apagam ela na verdade é uma bela de uma meretriz."
7 - "O Nada" - Cidadão Instigado: "Eu escrevi essa letra para falar sobre a capacidade que temos de nos apegar a coisas materiais. É muito importante aprender a perder para seguir em frente, principalmente nos tempos de hoje. Nossa memoria é nosso maior bem e essa vale a pena preservar." (Fernando Catatau, vocalista e guitarrista da banda)
8 - "Só Isso" - Emicida: "Faz tanto tempo que não esperava algo desse tipo [ter a música na lista de melhores do ano]. Gosto muito dela. Foi uma parada que nasceu bem da hora, quando eu 'viajava' direto para a Zona Sul. A base é do Slim Rimografia, um dos meus parceiros de sempre. Tenho problema com fidelidade: sempre trabalho com os mesmos caras."
9 - "Assinado Eu" - Tiê: "'Assinado Eu' foi feita aqui em casa, no meio do processo do disco. Já tinha conhecido o produtor Plínio Profeta e tinhamos decidido fazer um disco low-fi, ao vivo, bem cru, no qual eu tocaria os instrumentos sozinha. O que foi bastante assustador...[risos]. Então, enquanto estava enfurnada em casa estudando violão e piano, e respirando disco, disco, disco, veio de uma vez só: 'Assinado Eu', 'Te Valorizo' e 'Dois'. Talvez tudo na mesma semana. Essas são as minhas músicas - cartas. E, por causa do título e da gravação beeem simples, ela meio que virou a primeira música de trabalho. Nela estava impresso tudo que a gente queria com o disco. Ainda mais com o clipe (preto e branco, feito aqui em casa, de regata e calça jeans, sem maquiagem), bem simples, direto e verdadeiro."
10 - "Bee On the Grass" - Mallu Magalhães: "Essa canção eu escrevi quando meu pai me arrumou um piano. Bati umas teclas juntas e descobri o acorde. Depois fui combinando aqueles conjuntos de três dedos e, num ensaio, um pouco depois da gravação do primeiro álbum, mostrei pros meninos. E foi graças à boa memória deles que a faixa entrou nas sugestões de repertório deste segundo trabalho [Mallu Magalhães]. Como já passara um ano da composição da canção, tivemos de descer dois tons e meio. E assim seguimos em frente: completando e recriando com as mãos de segundo álbum uma cação do primeiro."
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