A diretora e o roteirista contam as histórias por trás do filme que mostra a caçada a Osama Bin Laden
Logan Hill Publicado em 14/02/2013, às 13h24 - Atualizado em 19/02/2013, às 12h59
“Quem é ela?”, pergunta um oficial superior em uma sala cheia de soldados em A Hora Mais Escura. Os homens levantam o olhar e encaram uma ruiva. Jessica Chastain, que interpreta a agente da CIA Maya, diz seca: “Sou a filha da puta que achou esse lugar”, referindo-se ao esconderijo de Osama Bin Laden.
A diretora Kathryn Bigelow e o roteirista Mark Boal – a mesma equipe por trás do ganhador do Oscar de melhor filme em 2009, Guerra ao Terror – são os filhos da puta que encontraram “Maya”. A Hora Mais Escura, que estreia neste mês no Brasil, é um olhar tenso sobre a caçada a Bin Laden: o filme retrata a tortura e a humilhação sexual de suspeitos de terrorismo em detalhes apavorantes. Surpreendentemente, o longa destaca o pouco divulgado papel da jovem e astuta agente que conseguiu rastrear o terrorista mais procurado do mundo.
Mas há pouco menos de dois anos, Kathryn estava se preparando para um filme diferente – sobre “a fracassada caça a Bin Laden”. Quando a equipe estava procurando locações, em 2011, o presidente Obama anunciou que o terrorista havia sido morto. De repente, essa passou a ser a história do filme.
Boal – colaborador da Rolling Stone norte-americana – procurou fontes na comunidade de inteligência e recomeçou o trabalho. “Depois de alguns meses, um passarinho me contou que mulheres tiveram um papel fundamental na operação”, ele diz. “Ouvi falar que uma mulher estava lá durante o ataque como uma das oficiais da CIA – e foi assim que tudo começou.”
Ele encontrou notícias sobre uma jovem agente, recrutada diretamente da faculdade, que passou a carreira inteira correndo atrás de Bin Laden. “Fiquei surpreso em descobrir que havia mulheres tão fundamentais nessa caçada”, conta a diretora. A dupla aceitou o risco de elaborar a história antes que os historiadores terminassem a versão deles, mas Boal diz que ficou aliviado ao saber que seu relato parece corroborado por relatórios recentes. “Quando você trata de um assunto com tanta proximidade”, diz Boal, “não está falando da geopolítica de quem atacou quem – simplesmente não está.”
Todos sabem como termina, mas uma coisa é ler sobre, outra é assistir ao ataque ao terrorista recriado no que Kathryn Bigelow chama de “a experiência de produção mais extraordinária de que já participei”. Bin Laden é morto assim que aparece. “Dá para imaginar ser um desses caras?”, pergunta Kathryn. “Você estudou o complexo. O helicóptero cai. Você sobrevive e pula para o solo. Dá uma olhada – é esse o lugar. Só consigo imaginar que é o tipo de momento em que você pensa: ‘Esta noite vai mudar a história’.”
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