Como a cantora St. Vincent transformou caminhadas sem roupa e viagens de sono em um novo disco
Simon Vozick-Levinson Publicado em 09/04/2014, às 05h37 - Atualizado às 05h41
Há cerca de um ano, Annie Clark estava perambulando pelo rancho de um amigo em uma parte remota do oeste do Texas quando decidiu tirar a roupa. Parecia uma ótima ideia, até que ela ouviu um barulho estranho, virou-se e viu uma cobra venenosa muito perto. “Foi apavorante”, conta a cantora e guitarrista de 31 anos, mais conhecida como St. Vincent. “Corri de volta para casa e tomei uma dose de tequila.”
“Rattlesnake”, a faixa que narra esses eventos no início do recém-lançado quarto álbum de Annie, chamado apenas St. Vincent, tem todas as características das melhores obras dela: uma atmosfera tensa e assustadora, uma melodia sedutoramente pegajosa e uma surpresa – nesse caso, um solo de guitarra violento e cheio de fuzz tocado por ela. Esse é o som ferozmente peculiar que faz de Annie a artista solo mais empolgante no rock independente no momento. Sua legião devotada de fãs inclui David Byrne, parceiro dela no disco Love This Giant (2012).
Crescendo com oito irmãos em um bairro de classe média de Dallas, Annie era uma obcecada por música que começou a tocar violão aos 12 anos. Os tios dela, que formavam a dupla de jazz Tuck and Patti, fizeram-na se interessar por John Coltrane e Miles Davis e a levavam em turnê como roadie na adolescência. Em casa, os irmãos e amigos lhe mostravam Pink Floyd e Pavement.
Hoje, a cantora diz que tem muitas de suas melhores ideias para músicas quando está tentando dormir. A letra de “Huey Newton”, destaque do novo álbum, veio durante uma alucinação induzida por um remédio anti-insônia envolvendo o líder assassinado dos Panteras Negras. “Meu subconsciente é mais inteligente do que eu”, afirma. “Ele une coisas de forma que nem sempre entendo.” Ela compôs o single de crítica à mídia social “Digital Witness” em outra noite agitada. “As pessoas se sentem tão compelidas a documentar cada momento mundano que você começa a esquecer o que realmente tem importância”, diz. “Não sei se, no futuro, a privacidade será algo que apenas aquele 1% das pessoas pode ter.”
Tomando uma taça de prosecco em um café em Williamsburg, no Brooklyn, Annie retorna a seu encontro com a cascavel no Texas. O rancho do amigo ficava a uns 30 km da cidade; se ela tivesse sido picada, duvida que teria sobrevivido. “Isso teria sido bem chato”, diz, pensativa. “Só que acho que não é a pior maneira de morrer. Pelo menos tem um arco dramático.” Ela ri e levanta a taça. “Um brinde! À vida!”
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