Redação Publicado em 21/02/2015, às 10h00
No segundo longa da carreira, Damien Chazelle honra o talento ímpar dos personagens usando montagem, trilha e fotografia com precisão e energia. Andrew Neiman (Miles Teller) é um baterista de jazz que estuda em um dos melhores conservatórios do mundo, em Nova York. Lá encontra Fletcher (J.K. Simmons), um maestro que se tornará mentor e algoz. Algumas perguntas logo aparecem e colocam tensão entre os dois. Há limite para se criar um gênio? Por quanto esforço e
humilhação é preciso passar para ser o melhor em alguma coisa? Existe conquista sem trabalho duro? Chazelle não só dá conta de filmar a atmosfera do jazz, gerando imagens marcantes, como também nos surpreende com a história da relação entre aluno e professor.
Tudo é improvável nesta bonita cinebiografi a. O protagonista é o físico e cosmólogo Stephen Hawking (Eddie Redmayne), que, atacado por uma doença degenerativa quando jovem, contraria os prognósticos, dribla a morte e se torna um astro pop da ciência. Mas o fi lme também tem o ponto de vista de Jane (Felicity Jones), a primeira esposa de Hawking. Estudante de artes, ela surpreende ao embarcar em um relacionamento aparentemente falido, mas que duraria décadas e geraria três fi lhos. O longa, baseado em livro escrito por Jane, se concentra na vida conjugal deles e injeta humor e inteligência em sequências que poderiam ser desastres dramáticos. A direção de James Marsh busca nos movimentos circulares e na luz de Cambridge, Inglaterra, as imagens capazes de organizar o caos que é o Universo (e o amor). Eddie Redmayne, em um trabalho primoroso e antológico tanto na parte física como emocional, deixa seu personagem cheio de nuances usando apenas o olhar.
O veterano diretor retorna ao território da provocação em Sniper Americano, que foi indicado a seis prêmios no Oscar, incluindo Melhor
Filme e Melhor Ator (Cooper). Ao delinear a existência tumultuada e tragicamente curta de Chris Kyle, membro da equipe dos Navy Seal e considerado o atirador mais letal da história militar dos Estados Unidos (ele matou 160 pessoas consideradas inimigas no Iraque), Eastwood nos joga no meio da zona de guerra. Lá, a consciência trava uma batalha com o instinto assassino. Cooper, que dá tudo o que tem e um pouco mais, é puro músculo em sua imersão na pele de Kyle, um rapaz do Texas como qualquer outro, mas que enxerga o mal que há no mundo e decide fazer algo a respeito. Toda a dor é visível nos olhos do militar, cuja postura é estar sempre em estado de alerta contra o perigo iminente. Cooper e Eastwood saúdam o patriotismo do atirador, mas não negam o fardo que isso impõe a ele. Um dos pecados do filme é a cena em que Cooper segura um bebê, que é visivelmente um boneco.
Selma - Uma Luta pela Igualdade, de Ava DuVernay
A cinebiografia de Martin Luther King Jr. retrata a luta do líder para garantir o direito ao voto para os negros nos Estados Unidos. A arriscada campanha culminou na histórica marcha de Selma a Montgomery, no Alabama, que influenciou a opinião pública norte-americana e forçou ao presidente Johnson a criar a Lei do Direito ao Voto de 1965. A marcha comemora 50 anos em 2015.
O jogo da imitação conseguiu indicações ao Oscar para as principais categorias, incluindo Melhor Filme, Diretor, Ator (Cumberbatch) e Atriz Coadjuvante (Keira), mas é improvável que leve algum desses prêmios, ainda que seja o tipo de produto com tudo de que o Oscar gosta: um protagonista genial e perturbado, discussão de tabus e a Segunda Guerra como pano de fundo. E a história é real – a saga de Alan Turing, matemático brilhante contratado pelo governo britânico para decifrar o sistema de comunicação nazista. Poderia ser mais um filme sobre um prodígio incompreendido, mas há o agravante de que Turing era homossexual em uma época em que isso constituía crime. São muitas as variáveis que fazem o filme não se decidir direito para que lado ir. Ao mesmo tempo que é uma apurada reconstituição de um período histórico, é um drama de apelo psicológico que depende do brilho do protagonista para engrenar. Cumberbatch está ótimo, mas não foi desta vez que saiu da zona de conforto. Fica a incômoda impressão de que o brilho dele como ator depende de personagens notoriamente desajustados e indomáveis, como Stephen Hawking, Julian Assange e Sherlock Holmes, que interpretou anteriormente.
A obra de Wes Anderson é sempre motivo de intenso culto e em O Grande Hotel Budapeste o diretor atinge um novo pico de inventividade e sedução. Ralph Fiennes interpreta um concierge que trabalha há muitos anos no conhecido hotel-título e que constrói peculiar amizade com um jovem empregado (Tony Revolori). Enquanto isso, uma importante pintura renascentista é roubada e recuperada e isso gera um movimentado embate por uma fortuna familiar. Nesta comédia inspirada em escritos de Stefan Zweig, a ação transcorre entre a Primeira e a Segunda Guerra Mundial, em uma Europa em transformação. O roteiro de Anderson desfi la admiráveis figurinos e direção de arte, além de uma vasta coleção de peculiares personagens coadjuvantes, defendidos por um elenco estelar: entre muitos, nomes como Willem Dafoe, Edward Norton, Léa Seydoux, Owen Wilson e Tilda Swinton. Com elegância e finíssimo humor, Anderson cria uma obra ao mesmo tempo ligeira e perspicaz. E a inspirada trilha sonora de Alexandre Desplat colabora para o sucesso.
Em 2002, Richard Linklater resolveu desafiar o tempo e construir uma narrativa cinematográfica sobre infância. O cineasta escolheu Ellar Coltrane, então com seis anos, para protagonizar a história de um garoto comum, Mason, que em questão de horas se torna um homem perante os olhos do espectador emocionado. Para quem está sentado no cinema com os olhos vidrados na telona, Boyhood se resume a um filme de 164 minutos. Na vida de Linklater, Coltrane e o resto da equipe, o longa representa um processo realizado ao longo 4200 dias – mais precisamente, em 39 dias ao longo de 12 anos.
Michael Keaton é Riggan Thomson, um ator que está em baixa depois de ter vivido o super- herói Birdman em uma trilogia de fi lmes de sucesso. Thomson tenta se reinventar na Broadway estrelando, escrevendo e dirigindo uma peça sobre o poeta e escritor Raymond Carver. Ele quer se manter honesto enquanto anda na corda bamba de Nova York, mas ainda é assombrado pelos poderes de seu antigo e bem-sucedido alter ego cinematográfico. Birdman navega entre a realidade e a fantasia. Na sequência em que ele levita no camarim e debate com a voz de Birdman, que argumenta que o ator é bom demais para os “mariquinhas” do mundo do teatro, notamos que esta é a atuação da vida de Keaton.
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