Cercado pela família, Lenine lança disco reafirmando a crença em um tempo melhor
Bruna Meloso Publicado em 15/06/2015, às 18h30 - Atualizado em 07/11/2017, às 18h51
Quatro anos após Chão (2011), Lenine voltou aos estúdios para o registro de um novo álbum de inéditas, Carbono. Além de marcar o retorno do baterista Pantico Rocha e do baixista Guila, o trabalho consolida a parceria do músico com os filhos: Bruno Giorgi segue como integrante da banda, João Cavalcanti ajudou a compor a faixatítulo e Bernardo Pimentel, assim como os outros dois, participou das gravações dos backing vocals.
Desde quando seus filhos gravam com você?
Durante anos eu mesmo fiz todos vocais, mas desde o Labiata (2008) gravo com eles. É infinitamente mais divertido, e temos o mesmo aparelho fônico, o mesmo DNA. Existe a similaridade no timbre da voz.
Quando você faz uma música como “Castanho”, com os versos “Eu sou um par/ Não cheguei sozinho”, mostra antes para sua esposa?
Eu mostro tudo para a Anna [Barroso]. Os meus piores “desconfiômetros” vêm do núcleo familiar. A moçada não poupa nada [risos]. Fui, ao longo da vida, elegendo os meus filtros e, em última análise, tudo o que faço é para agradar a esses filtros. São poucos, umas 30 pessoas, mas são muito exigentes – sempre imagino que se eu agradar a essa turma, há uma grande possibilidade de agradar a um grupo de pessoas muito maior.
Carbono, como Chão, é um disco com um conceito bem definido. De onde parte a criação de um trabalho assim?
Antes do Labiata, eu começava um álbum pesquisando as canções que já tinha feito. Mas canção é uma fotografia: por mais que ela possa ter uma atemporalidade, para quem criou, sempre vai estar ligada a um determinado momento. Depois de trabalhar com o Grupo Corpo, descobri que no estúdio eu poderia ser mais coerente com a minha cabeça no momento atual. Hoje, fico em volta de um título e de uma imagem antes de fazer qualquer canção para um novo álbum.
Você sempre apoiou causas ambientalistas. Dá para se manter otimista no mundo em que vivemos hoje?
Eu teimo em ser otimista. Embora haja toda essa enxurrada de má conduta, essa falta de esperança em um futuro político, percebo também as conquistas do homem. Pena que isso não seja furo jornalístico – o furo é o que ele faz de mau, de péssimo. As catadoras de babaçu do interior do Maranhão ou a fossa orgânica com bananeira no Centro Oeste não são notícia.
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