<b>VIAGEM NO TEMPO</b><br> Miranda recorda os anos 1990. (No detalhe) o diretor Ricardo Alexandre. - Divulgação

País de Banguela

A história do selo que virou marca de qualidade do rock brasileiro é tema de documentário

José Julio do Espirito Santo Publicado em 10/07/2015, às 13h09 - Atualizado às 13h23

No começo da década de 1990, uma renovação no rock nacional era engendrada por meio de uma rede informal de distribuição de fanzines e gravações demo que pululavam nas redações de jornais e revistas, que os recebiam com interesse e curiosidade. O material chegava também aos escritórios de grandes gravadoras, mas, ocupadas com a música sertaneja, elas não tinham a menor noção do que fazer com aquilo. Os selos independentes da época foram os grandes impulsionadores daquela nova cena. O documentário Sem Dentes: Banguela Records e a Turma de 94 retrata bem o período, mostrando o selo Banguela como um dos protagonistas da insurgência dos independentes. O filme estreia em julho no 7º Festival Internacional do Documentário Musical – In-Edit Brasil.

A direção ficou a cargo do jornalista Ricardo Alexandre, que, em seu livro mais recente, Cheguei Bem a Tempo de Ver o Palco Desabar – Causos e Memórias Memórias do Rock Brasileiro (1993-2008), também aborda o tema. “Só tive a dimensão exata da importância dos anos 1990 fazendo o documentário”, confidencia. “Concluí que foi o melhor período do rock brasileiro.”

Sem Dentes traz mais de 1 dezena de depoimentos. De Dado Villa-Lobos e Pena Schmidt, que tinham selos na época (Rockit! e Tinnitus, respectivamente), até Samuel Rosa, do Skank. “O nível de intimidade com os artistas foi maior do que em qualquer trabalho que eu já tenha feito”, declara Alexandre. Nas entrevistas, a sinceridade por vezes beira a exposição de algumas rusgas, mas com muito humor. Como quando o ex-titã Charles Gavin tenta explicar o estouro no orçamento para gravar o Mundo Livre S/A ou o produtor e diretor artístico do Banguela, Carlos Eduardo Miranda, fala da rescisão do contrato com os Raimundos.

O selo que informalmente se desdobrou em central da cena underground teve pouco mais de um ano de vida, mas brilhou muito. Sem Dentes ainda especula as razões para o fim desse breve período de pequenos selos geniais. “O mais legal foi mexer com a estrutura e mostrar que poderia ser diferente”, conclui Miranda.

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