O recluso Paul Simon fala sobre Garfunkel, drogas e o relacionamento com Carrie Fisher em biografia
Andy Greene Publicado em 21/06/2018, às 19h30 - Atualizado às 19h31
Paul Simon nunca viu muita utilidade para drogas psicodélicas após um breve flerte com LSD na década de 1960. Mas no começo de 1998, mais ou menos na época em que o musical dele na Broadway, The Capeman, encerrou a temporada depois de somente oito semanas, ele se voltou à ayahuasca, um alucinógeno poderoso, para amortecer a dor. “Não dá nem para imaginar se sentir melhor”, conta o artista ao biógrafo Robert Hilburn, que assina o livro Paul Simon: The Life. “O efeito posterior durava dias. Também me permitiu ouvir novos sons na minha mente, o que me tornou capaz de compor músicas muito mais rápido do que antes.”
Esse é só um pequeno detalhe entre as muitas revelações da biografia, que chegou às lojas no mês passado. Simon conversou com o veterano repórter do Los Angeles Times por mais de 100 horas, e essa foi a primeira vez que Simon colaborou para algum livro sobre a vida dele. “É um cara muito discreto”, diz Hilburn. “Então tínhamos muitas áreas para explorar.”
Hilburn, que tem 78 anos, conheceu Simon quando este estava fazendo sua primeira turnê solo, no Auditório Cívico de Santa Mônica, na Califórnia, em 1973. “Ele era diferente de muitas das pessoas que eu entrevistava na época”, conta Hilburn. “Era muito bem articulado. E não era muito de intimidades, mas também não ficava nervoso ao narrar o próprio processo criativo.” Os caminhos dos dois foram se cruzando novamente nos anos que se seguiram, especialmente em 1987, quando Hilburn foi o único jornalista norte-americano a acompanhar Simon ao Zimbábue, durante a turnê Graceland. O repórter se aposentou do Times em 2005 e em 2013 escreveu o épico Johnny Cash: The Life antes de entrar em contato com Simon. “Ele perguntou ‘Por que eu preciso de uma biografia? Minha vida não importa. O que importa são as canções’”, relembra Hilburn. “Respondi: ‘É o processo criativo, Paul – é fascinante’.” Assim que Simon topou, outros acabaram abraçando a ideia, como Steve Martin, Edie Brickell (esposa do artista) e a falecida Carrie Fisher, que foi casada com Simon e expôs fatos sobre a relação, que durou 12 anos.
Não houve cooperação da parte de Art Garfunkel, contudo (os dois não se falam há anos e o livro explora em detalhes a relação conflituosa da dupla). Simon comenta pela primeira vez sobre a turnê de reunião de 2010, que foi cancelada devido a graves problemas vocais de Garfunkel. Ele diz que o amigo não abriu o jogo sobre essas questões e que isso custou a eles quase US$ 1 millhão em multas. “Ele poderia ter dito que não conseguiria fazer isso”, Simon disse a Hilburn. “Teve toda essa negação. Ele nos decepcionou.”
No início do processo, Hilburn chegou a ficar preocupado porque Simon não estava se abrindo o suficiente. Mas, quando aconteceu a rodada final de entrevistas, esse medo havia desaparecido. “Ele se tornou alguém tão eloquente para falar sobre a vida dele quanto sempre foi para discorrer sobre a música que faz.”
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