Com 15 anos, o Jota Quest se mantém no topo do pop rock nacional
Por Stella Rodrigues Publicado em 03/08/2011, às 21h05
Há 15 anos, o Jota Quest lançava o disco J. Quest. Naquela época os músicos usavam perucas e um visual black. "A intenção era simbolizar esteticamente algo muito sério para nós: o groove, a black music, mas em uma versão mais moderna, contemporânea e oxigenada", brinca o guitarrista Marco Túlio Lara. De lá para cá, passou tanto tempo, que agora a palavra peruca é usada pelos integrantes para tirar sarro do baterista Paulinho Fonseca e sua cabeça lisa. Se os cinco integrantes perderam cabelos ao longo desse tempo, não foi à toa. Trata-se de uma das bandas mais workaholics do Brasil: são 12 discos - sete de estúdio (um em espanhol, lançado em 2010, como ponto de partida para uma carreira na Argentina), duas coletâneas, um demo, dois ao vivo - e uma bela coleção de milhagem graças ao enorme número de shows por todo o país. "Estar na casa do cara, falar com a imprensa local. Valorizo muito o ao vivo. Isso explica parcialmente nossa sobrevivência", argumenta o vocalista Rogério Flausino.
Fazer 15 anos pode representar a possibilidade de escolher entre festa ou viagem. O grupo optou por ambos, levando a turnê 15 Anos na Moral a 20 capitais brasileiras. Ela segue os preceitos de um projeto antigo, nunca realizado, o Jota Fest, que ganhou razão de ser em 2011, com este aniversário. A apresentação especial tem como base o disco Quinze, que também celebra a ocasião. "A ideia inicial era relançar o J. Quest remasterizado, talvez fazer um único show dele. Mas foi crescendo e veio o disco duplo, com 30 músicas selecionadas por votação no site e três inéditas. Feito o disco, quisemos a turnê", conta Flausino.
Este ano guarda outro presente. Eles se apresentam pela primeira vez em um Rock in Rio brasileiro. Difícil saber se ficam mais empolgados quando falam de assistir às atrações ou de subir ao palco. "A gente começou a tocar por causa do festival, porque vimos bandas nacionais com projeção", revela Paulinho. "Assistimos ao Paralamas do Sucesso na TV e [percebemos que] dava para viver de rock."
De lá pra cá, o Jota se tornou um expoente da música brasileira da mesma proporção dos ídolos que viram na televisão. Com a mesma formação, apostando - e ganhando - no pop rock, a identidade da banda se manteve clara e o grupo, fiel e apaixonado pelo que gosta e acredita. Com essa receita, mais vencedora do que a do café com pão de queijo, soltaram um hit atrás do outro. Tantos que a bem produzida apresentação que reúne esses hits não dura menos de duas horas. Passou de três no dia 17 de junho, em São Paulo, quando um Credicard Hall abarrotado viu ainda as participações de Pitty, Erasmo Carlos, Marcelo Bonfá e Dado Villa-Lobos.
Com semblantes sorridentes e jeito de mineiros hospitaleiros, os cinco fazem piada o tempo todo, mesmo que em algumas delas mostrassem certo ar defensivo. Quando os próprios entravam muito na intimidade da banda, o assunto imediatamente desviava para alguma brincadeira, um "assim a gente conta demais". Incômodo, mesmo, somente quando o assunto é crítica musical versus pop rock. O tema veio, foi, e, um tempo depois, Flausino o retoma inesperadamente: "Se o pop rock é o saco de pancadas da vez, é porque é normal que uma geração de rock vá contra a anterior! E que esta não aceite a que chega. Só que a nossa postura é contrária a isso. Estamos de braços abertos para a nova geração", argumenta, justificando, mais uma vez, a longevidade do quinteto.
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