Sem pretensão, Roberta Sá flerta com o samba e passeia pelos estilos brasileiros
Christina Fuscaldo Publicado em 13/09/2007, às 16h31 - Atualizado em 15/10/2007, às 15h56
Roberta Sá não pensava em cantar profissionalmente até os 21 anos. Aos 24, gravou um disco e se tornou uma das promessas do samba carioca. Cantou nas duas últimas edições do prêmio TIM, participou do reality show Fama, teve música em novela da Globo, recebeu elogios de Caetano Veloso. Hoje, aos 26, sabe bem o que quer. Prova disso é Que Belo Estranho Dia pra Se Ter Alegria, seu recém-lançado disco de "música popular brasileira", assim mesmo, com iniciais minúsculas. De Ivone Lara e Délcio Carvalho ("Cansei de Esperar Você") a Moreno Veloso e Quito Ribeiro ("Mais Alguém"), o repertório passeia por vários estilos do Brasil.
"Tem jongo, frevo, samba, bossa nova, samba-choro...", enumera Roberta. "Acho uma honra ser chamada de sambista, mas não corresponde à realidade do samba. Sambista grava com cavaquinho, violão de sete cordas, bandolim. Isso está nos meus CDs, mas tenho também guitarra e programação."
Já no primeiro disco, Braseiro, duas músicas - "Casa Pré-Fabricada" (de Marcelo Camelo) e "No Braseiro" (de Pedro Luís) - fogem ao estilo. O líder do grupo A Parede - namorado de Roberta - é autor de quatro canções de Que Belo Estranho Dia... e co-autor de "Janeiros", primeira composição assinada pela intérprete. O casal assina junto a pesquisa de repertório do CD. "Eu queria fazer um disco bem-humorado e dividi isso com ele", diz a cantora potiguar radicada no Rio. "O Pedro tem bom gosto. Mostrei algumas músicas, ele sugeriu outras..."
Logo que saiu do Fama, Roberta montou um show intimista e sentiu a cobrança dos fãs por um CD. Fez mais de 200 cópias de uma demo, que foi distribuída para qualquer suspeito de ter algum contato no meio artístico. "Bati na porta das gravadoras. As pessoas me recebiam e elogiavam, mas diziam que não tinham espaço para minha música." Não ter certeza do que queria profissionalmente também lhe deu armas para trabalhar. "Fui às reuniões sozinha, sem pai nem mãe. Aquilo não era o meu sonho, mas encarei com tranqüilidade." E foi assim que convidou Ney Matogrosso, MPB-4 e Pedro Luís para tocarem em seu primeiro CD. Já o segundo traz Lenine no frevo "Fogo e Gasolina", Hamilton de Holanda tocando bandolim no choro "Novo Amor" e Carlos Malta e Pife Muderno no quase-samba "Girando na Renda".
Roberta Sá não se sente sambista, mas não nega a influência do ritmo em sua carreira - ela fundiu a música do morro à da cidade e sabe muito bem quais são seus próximos passos - tranqüilamente e sem pretensão.
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