Russell na década de 1970, quando tudo dava certo para ele. - Rex Fiatures via ap

Pau para Toda Obra

Por mais de quatro décadas, Leon Russell brilhou como músico de apoio e artista solo

Redação Publicado em 20/12/2016, às 02h22 - Atualizado às 13h55

O cantor, compositor e pianista Leon Russell começou a carreira como um requisitado músico de estúdio. Depois, se transformou em um improvável superastro na década de 1970. Quando esse momento de glória passou, entrou para o rol do “onde está ele agora?” Nos últimos anos, foi redescoberto, especialmente depois que gravou com o amigo e discípulo Elton John o elogiado The Union (2010). Foi com esse status renovado que ele morreu, no dia 13 de novembro, aos 74 anos, em Nashville.

Claude Russell Bridges trafegou por todas as vertentes da música de raiz norte-americana, juntando soul, gospel, R&B, folk e country de uma forma única, sempre dando ao som que fazia um toque sulista. Nasceu em Lawton, Oklahoma, no dia 2 de abril de 1942, e começou a tocar piano e guitarra na adolescência na cidade de Tulsa. As coisas passaram de fato a acontecer quando foi viver em Los Angeles, aos 17 anos.

Na Califórnia da década de 1960, Russell fez parte do chamado Wrecking Crew, grupo cambiante de músicos de elite que tocavam anonimamente com praticamente todos os artistas de peso da época. Ele participou de sessões com Frank Sinatra, The Beach Boys, Ricky Nelson, The Byrds e muitos outros. Foi responsável, em particular, pelo som de Gary Lewis and the Playboys, grupo pop da gravadora Liberty cujo frontman era o filho do comediante Jerry Lewis. Russell também ganhou visibilidade quando fez parte da banda do programa de TV Shindig!, exibido pela rede ABC.

O caminho para o estrelato se consolidou em 1969, quando Joe Cocker estourou com “Delta Lady”, de Russell. Em 1970, o músico foi trabalhar como pianista, produtor e diretor musical de Cocker na turnê Mad Dogs and Englishmen. Foi um sucesso de público e o álbum duplo ao vivo derivado vendeu milhões. O documentário, também homônimo, tornou Russell conhecido. O grande público se acostumou à figura dele: barbudo, com cabelos longos e grisalhos. Os costumeiros óculos escuros escondiam os olhos azuis.

Em 1971, ele participou do histórico Concerto para Bangladesh, tocando com o organizador, George Harrison, e outros luminares, como Bob Dylan, Eric Clapton e Ringo Starr. No ano seguinte, emplacou o single “Tight Rope”. A música de Leon Russell estava em todos os cantos: “This Mascarade” foi um enorme hit para George Benson e para os Carpenters. “A Song for You” ganhou incontáveis versões e se tornou um standard. “Superstar” também estourou com os Carpenters. Mas, conforme o panorama musical foi mudando, ele ficou para trás. Nos anos 1980 e 1990, ficou um tanto esquecido, mas seguiu trabalhando. Em maio de 1987, ele visitou o Brasil, tocando no antigo Palace, em São Paulo, ao lado do multi-instrumentista Edgar Winter.

O sucesso de The Union, com Elton John, veio na hora certa para Russell, que enfrentava problemas financeiros. Em 2011, ele entrou para o Hall da Fama do Rock and Roll. Com a exposição, voltou a tocar novamente para grandes plateias, ainda que sua saúde começasse a declinar. Em julho deste ano, Russell sofreu um ataque cardíaco e foi submetido a uma cirurgia. Ainda se recuperava do ocorrido quando o coração parou de vez. Em 2010, falou à Rolling Stone sobre o seu legado: “Eu fiquei surpreso pelo sucesso que tive. Mas não fiquei surpreso quando ele foi embora”.

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