Rubel não tem medo de sair da zona de conforto - Jonas Tucci/Divulgação

[Acontece] Planos Ousados

Com público crescente, Rubel cativa ouvintes do folk, mas quer rumar em direção ao hip-hop

Gabriel Nunes Publicado em 30/12/2016, às 17h05 - Atualizado às 17h46

O interesse de Rubel pela música começou cedo. Aos 9 anos, ele costumava se sentar ao piano da família e dedilhar aleatoriamente as compridas teclas de marfim. Percebendo a curiosidade do menino diante do vistoso instrumento, o irmão mais velho dele decidiu matriculá-lo em um curso mais básico, de violão, que ele estudaria obstinadamente por aproximadamente seis anos.

Apesar da precoce e acentuada inclinação musical, o carioca – que na adolescência chegou a arriscar uma carreira com a banda de rock alternativo Corleones – decidiu buscar novas formas de expressão por meio da sétima arte, matriculando-se no curso de cinema da Pontifícia Universidade Católica (PUC-RJ). “Nunca acreditei que a música fosse uma profissão possível”, afirma.

Foi durante uma viagem de intercâmbio à cidade texana de Austin (reconhecida pela efervescente e eclética cena musical) que Rubel redescobriu o deslumbramento pela música germinado na infância. “Fiquei em uma casa que tinha umas 120 pessoas, das quais 20 eram músicos”, relembra. “Teve uma sintonia, uma explosão musical e de harmonia muito forte entre a gente. Todos compartilhavam das mesmas referências que eu. Foi transformadora essa pulsão.”

Como forma de materializar e criar uma espécie de fotografia sinestésica dos seis meses de vivências e experiências na capital do Texas, Rubel gravou o debute Pearl (2013), que leva o nome da casa onde ele esteve hospedado durante o intercâmbio. Com sete faixas e menos de 40 minutos de duração, o disco entrelaça a rústica sonoridade folk de Bon Iver – uma das maiores infl uências de Rubel até então – às ansiedades e inseguranças poetizadas de Cícero e Phill Veras. “Ele tomou vida própria e se tornou uma coisa quase palpável”, diz o cantor sobre o trabalho.

Na recente turnê Adeus, Pearl, em que se despede do repertório do disco, ele esgotou os ingressos para um show no Auditório Ibirapuera, em São Paulo, em menos de cinco horas. Já para o segundo álbum, o artista pretende mudar radicalmente. “Tenho ouvido muito Kendrick Lamar, Chance the Rapper, Tássia Reis...”, ele lista. “O hip-hop vive uma fase muito revolucionária hoje em dia, trazendo coisas mais interessantes do que a música folk.”

Com o patrocínio da Natura Musical, o sucessor de Pearl já está em processo de pré-produção, mas ainda não tem previsão de lançamento. “Como envolve hip-hop e também traz uma lógica bem diferente daquela que usei no primeiro álbum, ainda estou tentando entender a dinâmica da parada toda”, revela Rubel. “Pretendo gravar lá para fevereiro do ano que vem e talvez lançar em abril.”

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