Os Beatles e alguns amigos caninos em 1967; - HENRY GROSSMAN

Portfólio - Beatles

Paulo Cavalcanti Publicado em 15/03/2013, às 16h08 - Atualizado às 16h31

Vários fotógrafos que se especializaram em imagens de astros do rock também eram fãs e estavam envolvidos com a música. Não foi o caso de Henry Grossman. Como ele mesmo relata, seus primórdios profissionais foram o menos rock and roll possível. “Eu tinha aulas em Nova York, estudava fotografia”, Grossman começa. “Depois que me formei, trabalhei como fotógrafo por seis meses. Ganhei uma bolsa de teatro na Universidade de Brandeis, onde eventualmente atuei como fotógrafo do campus. A ex-primeira-dama Eleanor Roosevelt dava aulas na faculdade e também tinha um programa de TV. O senador John Kennedy anunciou em Washington que iria concorrer à presidência e voou para Boston para aparecer no programa de TV da Sra. Roosevelt. Devido às conexões dela com a faculdade onde eu trabalhava, fui convocado a tirar fotos de Kennedy no estúdio de TV. Comecei a registrar a campanha dele e o presenteava com prints”, lembra.

Foi exatamente o envolvimento de Grossman com Kennedy que abriu as portas para futuras conquistas profissionais. ”Uma importante revista do meu país colocou uma foto que fiz de Kennedy na capa e eu ganhei acesso à Casa Branca”, ele lembra. “Também comecei a apresentar o portfólio dos meus tempos em Brandeis e passei a ser chamado pelas revistas.”

Em fevereiro de 1964, quando tinha 27 anos, Grossman foi contratado para fotografar os Beatles no Ed Sullivan Show, programa de TV campeão de audiência. As aparições do quarteto no show consolidaram o nome dos Beatles nos Estados Unidos, embora o fotógrafo nem sonhasse que os rapazes de Liverpool se tornariam o maior fenômeno da história da música: “Nunca imaginei que eles fossem tomar conta dos Estados Unidos. Mas logo de cara percebi que eles tinham muita coisa a favor: tinham frescor e possuíam extraordinária interação com o público. Eram divertidos, bem-humorados e charmosos.”

Grossman foi convocado novamente a clicar os Beatles naquele ano e ganhou a confiança da banda. Tornou-se amigo dos rapazes, particularmente de George Harrison. Embora nunca fosse considerado fotógrafo oficial dos Beatles, ele tinha um acesso VIP que era negado a outros profissionais. Isso despertou uma certa inveja nos colegas dele. “John falou para um grupo de fotógrafos anos depois: ‘Henry é um amigo meu. Ele tem viajado pelo mundo com a gente. Se vocês tivessem passado o que ele passou com a banda, então poderiam estar aqui também, na mesma posição dele’”, conta Grossman, que afirma que a relação dele com os Beatles era de auxílio mútuo. “Eu aprendi muito com eles. Talvez também tenha contribuído um pouco. Uma vez, quando George estava com dificuldade com uma letra, me pediu ajuda. Eu saí e comprei para ele um dicionário Thesaurus, George mais tarde falou que foi de grande ajuda.”

Várias fotos de Grossman se tornaram icônicas, como as da época da gravação de Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band (1967), quando os Beatles apareceram de bigode e com visual psicodélico. Ele estava no meio do furacão quando os Beatles criaram a música extraordinária de sua carreira. O fotógrafo se lembra destes tempos notáveis: “As fotos me ajudam a lembrar de tudo! Eu notava como George ia para a cabine de som e começava a mexer em botões e condensadores para alterar o som. Eles conheciam música – não só como tocar mas também como era todo o processo para que ela saísse do jeito que queriam”, explica. Grossman detalha como era estar no estúdio com a banda: “Tudo tinha início à tarde, com Paul no piano dizendo: ‘Ei, pessoal, ouçam isto’. Eles começavam brincando com uma determinada melodia. No final da tarde, eu mal a reconhecia. Eu ouvia a música deles, mas nem sempre registrava – eu era basicamente um ouvinte de música clássica. Mas achava sensacional estar ao redor deles durante todo o processo criativo.”

Grossman retratou os Beatles até 1968. Os integrantes da banda aos poucos começaram a seguir caminhos individuais e o fotógrafo também se viu envolvido em outras atividades. “Eu estava ocupado trabalhando na Casa Branca e fotografando artistas da Broadway e outras celebridades”, ele recorda. “Eu também estudava atuação com Lee Strasberg e me preparava para me tornar um cantor de ópera. Apareci na Broadway na peça Grand Hotel e por dois anos e meio cantei no Metropolitan Opera como tenor. Então, estava bem ocupado.”

Quase 50 anos depois do começo de seu envolvimento com o Fab Four, Grossman reconhece que os Beatles projetam uma longa sombra em sua vida. “Para mim, o legado deles é a música que fizeram e o prazer que ela proporciona a tantas pessoas. A fama deles ainda vai durar por muito tempo”, reflete. “Quando Ringo viu Places I Remember, ele disse que nunca pensou que estas fotos ainda existissem. Elas o fizeram lembrar de um período muito animado da vida dele e de toda a diversão que teve naquele tempo. Eu andei com os Beatles e os documentei nas situações que aconteciam no momento – nada de mandá-los posar em situações pré-combinadas. Eu não procurava ser intrusivo. Para mim, olhar para estas fotos é como estar com eles de novo, revisitar meus velhos amigos.”

Beatles

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