Ex-Monty Python produz série televisiva para explicar o Brasil ao público europeu
Paulo Terron Publicado em 16/10/2012, às 09h41 - Atualizado em 09/11/2012, às 17h27
Mais conhecido por revolucionar a comédia mundial com o grupo cômico Monty Python, Michael Palin tem dedicado cada vez mais tempo a uma paixão: viajar. Não é algo recente e muito menos um passatempo, já que desde o fim dos anos 80 ele produz programas temáticos de turismo para a BBC, a mesma rede de TV responsável por levar ao ar o lendário Monty Python’s Flying Circus , entre 1969 e 1974. “Passei a minha vida, desde que saí da universidade, atuando muito e não me preocupo em ter parado”, ele conta. “O maior motivo é que os programas de viagem me interessam demais, adoro viajar para países diferentes, me dá um prazer gigante entender novas culturas e ver o mundo por um prisma diferente. Não é a mesma coisa que ficar em casa lendo coisas horríveis na imprensa sobre outros lugares, você precisa ir até lá e ver você mesmo.” Nesse espírito, o britânico de 69 anos desembarcou por aqui no ano passado para produzir Brazil , um programa televisivo de quatro partes e também um livro, a ser exibido na Inglaterra neste mês.
O Brasil já te interessava antes do programa de TV?
Sim, eu sempre me interessei muito. Eu participei de Brazil , do Terry Gilliam, e o filme se chama assim porque, se você se lembrar, o personagem vai sendo gradualmente esmagado pelo sistema e a única coisa que mantém a mente dele viva é uma música [cantarola “Aquarela do Brasil” ]. De certa forma, o Brasil era um mundo da fantasia para nós na Inglaterra: as praias eram douradas, os corpos eram lindos, a comida era incrível e havia música tocando o tempo todo. Ao mesmo tempo, havia muito interesse pelas florestas, pela Amazônia, e pela conservação disso tudo, que envolveu o país no debate sobre o assunto. Era o lado ambiental e o fantástico, da nossa imaginação. Eu queria enxergar além disso e descobrir qual era a realidade.
Você acredita que estaremos prontos para as Olimpíadas e a Copa?
Tenho certeza de que sim. Uma coisa que foi demonstrada por Londres é que todo mundo ama a celebração, a festa. E, de todos os lugares no planeta, parece que o Brasil é o que melhor saber fazer festa. Psicologicamente, já é meio caminho andado. Quanto à infra-estrutura, bem, é complicado. Só sei que no Rio nem sempre é fácil se locomover na cidade, que o sistema de metrô é limitado e que talvez acomodação seja um problema. Mas tenho certeza de que tudo funcionará. E, quando você vai ao Brasil, você já vai querendo se divertir – o que é muito importante.
Qual você acha que será a maior descoberta para o público britânico ao assistir ao seu programa sobre o Brasil?
Imagino que duas coisas possam acontecer, sendo uma mais séria: as questões relativas às favelas. Acho que isso pode ser uma surpresa, já que as pessoas acham que o Rio é feito só de praias e samba. E tentamos explicar o que está sendo feito nas favelas, como é para as pessoas que moram lá, o legado disso tudo. A outra surpresa é o Sul do Brasil. Acho que será uma revelação ver o contraste entre a influência africana da costa do norte e o sul, muito mais influenciado pelos europeus. Exploramos um pouco da cultura germânica em Blumenau e coisas assim. Acho que muita gente vai se surpreender ao ver que há pessoas fazendo danças alpinas e bebendo pints de cerveja no Sul do Brasil.
Houve uma época em que foi dito que você seria o Dom Quixote no infame The Man Who Killed Quixote, de Terry Gilliam. É verdade?
[Risos] Sim, lembro-me disso. Era apenas um boato. Conheço o Terry muito bem e sempre conversamos sobre trabalhar juntos novamente, como fizemos em Os Bandidos do Tempo, Jabberwocky – Um Herói por Acaso e Brazil ... Então foi que: “Se eu não conseguir mais ninguém, Michael, sempre posso escalar você!” [Risos ] Ele já tinha o Johnny Depp, imagino que o Depp seja uma atração maior do que o Michael Palin.
Paul McCartney e Ringo Starr dizem que é cansativo como até hoje eles ainda têm de responder sobre uma possível volta dos Beatles. Você se sente de forma similar quanto ao Monty Python?
É, sim, sempre tenho de responder a respeito de uma reunião. É quase como se não fosse possível satisfazer as pessoas com o que você já fez – e acho que já fizemos nosso melhor, culminando em A Vida de Brian , nosso melhor filme. E as pessoas ainda acham que basta usar uma varinha mágica e estaremos de volta fazendo a esquete do papagaio. Só que não temos mais o Graham Chapman, e é difícil entender que éramos um sexteto, um grupo incrível de seis pessoas que contribuíam como autores e performers. Eu sempre disse que não poderíamos nos reunir sem o Graham – e ainda acredito nisso. A força centrífuga do Python fazia os integrantes serem jogados para fora, mas enquanto nos seguramos juntos, funcionou. Não acho que daria para juntar os pedaços e fazer algo novo.
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