VELHO PRÍNCIPE Para Ozzy, o futuro do Sabbath é incerto - néstor j. beremblum/divulgação (t4f)

P&R - Ozzy Osbourne

No Brasil, Ozzy Osbourne avalia o final de um ciclo com o Black Sabbath

Guilherme Guedes Publicado em 20/11/2013, às 15h28 - Atualizado em 03/12/2013, às 13h25

Sentado na sala reservada para entrevistas em um hotel da zona sul do Rio de Janeiro, trajando um vistoso casaco azul e óculos de lentes coloridas, Ozzy Osbourne pouco lembra aquela figura errante eternizada no reality show The Osbournes. Prestes a completar 65 anos, o vocalista do Black Sabbath passou uma semana no Brasil para realizar os primeiros shows no país à frente da banda e para divulgar 13 – o primeiro álbum dele com o grupo desde Never Say Die (1978) – e o DVD ao vivo Live... Gathered in Their Masses, previsto para o fim do ano. Disperso mas escolado, Ozzy falou com serenidade sobre o futuro ao lado dos parceiros Tony Iommi e Geezer Butler, a sensação de dever cumprido e a inaptidão para o papel de celebridade.

Brigas internas, doenças, vícios e desencontros: os bastidores do histórico retorno do Black Sabbath – contados pelos próprios protagonistas.

13 faz referências ao primeiro álbum (de 1970), especialmente com os ruídos de sinos da introdução de “Black Sabbath”, que se repetem em “Dear Father”. 13 representa o fechamento de um ciclo?

Sim, fechamos um ciclo. Começamos nossa carreira com um álbum muito fácil de ser feito, e [o produtor] Rick Rubin quis exatamente isso em 13. Talvez outro tentasse fazer com que a música soasse perfeita, mas ele quis registrar a energia dentro do estúdio.

Rubin pediu que vocês usassem o primeiro álbum como referência...

[Interrompe] Nós começamos como uma banda de blues e jazz, e o primeiro álbum tem esse clima. Quando Rick nos pediu isso, eu me perguntava: “De que porra ele tá falando?” Depois entendi: ele queria a liberdade dos primeiros álbuns. Rick sempre me disse que se eu decidisse gravar com os membros originais do Sabbath, ele queria produzir. Era o sonho dele. E ele deve ter feito algo direito, porque o álbum ficou em primeiro em mais de 50 países, o que nunca tinha acontecido comigo – nem na minha carreira solo, nem com o Sabbath.

Você disse que enfim se sente em paz por ter gravado um bom disco com o Sabbath novamente...

No último disco que fiz com a banda, eu estava tão ferrado de drogas e álcool que ficávamos culpando uns aos outros pelos erros que cometíamos. Consegui muito sucesso sozinho e todos nós sobrevivemos, mas nunca fiquei satisfeito com aquele último álbum, sabe? Minha cabeça estava completamente fora do lugar. Mas agora terminar assim com um trabalho tão bem-sucedido... Finalmente posso descansar.

13 será o último álbum do Black Sabbath?

Eu não sei. Se não pudermos gravar um novo álbum, vou seguir fazendo música sozinho, enquanto eu aguentar, enquanto quiserem me ouvir e enquanto a música continuar boa. Mas estou feliz por ter reencontrado Tony e Geezer. A única parte triste é que não deu certo com [o baterista] Bill Ward. Mas não podíamos deixar as pessoas esperando.

Em “Live Forever”, você canta: “Não quero viver para sempre, mas não quero morrer”. Você se sente mais vulnerável com o passar do tempo?

Sim! Estou envelhecendo. Como disse, não quero viver para sempre, mas também não quero morrer. Vivi a vida como se estivesse na sarjeta. Talvez até seja diferente, mas gostaria de ficar aqui por mais uns anos.

Como você lida com o status de celebridade? Porque quando começou a cantar o foco era na música, não na fama.

É o preço que se paga. As pessoas dizem “Você se vendeu”, mas se o que faço não for comercial, vou fazer o quê? Vou gravar um disco para vender só uma cópia? Eu não circulo entre os famosos, em bares ou boates, não há razão para isso. Às vezes vou a restaurantes, mas não para ser visto. Minha família fez parte de um reality show que ficou maior do que esperávamos, e cheguei a um ponto em que não tinha como não encontrar com gente tipo o Arnold Schwarzenegger. Eu não saio por aí dizendo “Eu tenho um álbum em primeiro lugar!”, mas fico feliz com isso.

O novo DVD foi gravado na Austrália. Soube que na primeira turnê do Sabbath por lá, nos anos 70, você ficou torrado no sol e desde então nunca mais se bronzeou.

Sim, eu nunca mais tomei sol na vida. Foi em Perth, fiquei completamente queimado. Eu nunca tinha tomado sol. Fiquei por apenas 20 minutos e tssss... [ faz ruído de fritura]

E alguém recomendou que você tomasse um banho quente para se sentir melhor, não foi?

Sim, Tony disse isso. Aí entrei no chuveiro e “Ahhhh!” [risos].

Então você não gosta mais do sol. É, de fato, o Príncipe das Trevas.

Com certeza!

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