<b>DE OLHO</b> Bial não lê as críticas sobre o <i>Na Moral</i> - TV GLOBO/ESTEVAM AVELLAR/DIVULGAÇÃO

P&R - Pedro Bial

Em novo programa, ele recorda a adrenalina do BBB e discute a moral da nação

Pablo Miyazawa Publicado em 10/08/2012, às 11h59 - Atualizado às 12h19

Em 2010, Pedro Bial declarou na Rolling Stone Brasil que gosta de ser o “moralista da nação”. É justamente esse o conceito por trás do Na Moral, novo desafio do jornalista de 54 anos: enquanto pouco remete ao realismo fantástico do Big Brother Brasil, o programa de debates se dedica a discussões de tabus com um viés jornalístico – a especialidade de Bial. “Mas no meu lugar não tem zona de conforto. A briga só ficou maior”, ele diz. Após anos aparecendo na tela três meses ao ano, Bial agora tem uma rotina que descreve como “pauleira braba” e se diz impressionado com a recepção do público. “Está incrível! Nas ruas, pessoas de todas as classes, talvez até com maior intensidade do que com o Big Brother.”

O conceito do Na Moral é discutir tabus. Como jornalista, você se via também nesse papel de fiscal que analisa onde doem os calos do brasileiro?

Nunca escolhi, mas sempre me caíram temas espinhosos por contingências ou por circunstâncias. Minha geração aprendeu que o capitalismo era o “sistema do diabo” e que o socialismo era “uma alternativa”. Como repórter, fui exposto a isso: vi o desmoronamento do socialismo real, revi coisas e entendi o capitalismo de uma maneira que nunca tinha entendido. Já tenho isso mais claro, mas ainda é uma questão complexa. Talvez esta seja “a questão”: liberdade e justiça. Porque a liberdade exclui a justiça e a suposta justiça excluiria a liberdade. É a dicotomia básica. Então, o programa propõe botar ideias opostas lado a lado, e elas têm que se aturar. Não é um convencer o outro, às vezes alguém muda de ideia. Eu, por exemplo, tinha um grilo com a adoção de filhos por casais gays. Fui estudando, conversando e mudei de ideia. Não tenho nada contra e talvez até muito a favor, mais do que um casal hetero.

Pedro Bial estampou a capa da edição 42 da Rolling Stone Brasil. Leia aqui.

O discurso final resume o conflito, mas não escolhe lados. A ideia é mesmo não tomar partido?

Tem uns que adoram, outros adoram odiar – todo mundo fala das crônicas da eliminação do BBB. Então, havia uma demanda pelas “crônicas do Bial”. No Big Brother é uma carta enigmática: eu não posso contar para eles o que está acontecendo, então são textos engraçados para alguns, outros acham idiotas. Enfim, dá muito trabalho para fazer aquilo. A crônica final é para isso, deixar em aberto. Eventualmente tomar um lado ou outro, mas, fechando o programa, a gente abre a discussão.

Os temas do Na Moral são passados de maneira bem rápida. Gostaria que fosse mais longo?

No horário em que ele é exibido [23h50], o ritmo é esse mesmo, não tem jeito. Adoraria que emplacasse, que tivesse uma segunda temporada no ano que vem. E, se houvesse, que tivesse um pouco mais de tempo e fosse um pouco mais cedo. Agora, isso já é querer demais... [risos] O que a gente já conseguiu já é uma vitória e estou superfeliz. Não posso ficar sonhando com isso.

Quando se lida com polêmicas, às vezes o tiro sai pela culatra – no caso do programa que debateu a questão da invasão de privacidade e os paparazzi. Você é desestimulado pela Globo a tocar em temas que possam respingar em vocês mesmos?

Tenho 32 anos de casa, conheço bem os valores em que se baseiam a história dessa catedral da iniciativa privada que é a Globo. Nunca me falaram o que eu deveria ou não fazer, não só nesse programa. O que, aliás, era uma característica do dr. Roberto [Marinho], porque no momento em que você, como chefe, dá uma orientação clara – “é isso e aquilo” –, você fica escravo dessa orientação. Ele era muito inteligente, não dava essa orientação. Dizia: “Você procura seu critério”. É a mesma coisa que está acontecendo comigo. Eles confiam no meu critério. Se porventura aparecerem aspectos contraditórios que envolvam a própria natureza da nossa empresa, a gente vai trabalhar com a maior naturalidade possível.

Você passou anos sendo observado no BBB, e agora tem um novo programa em análise. Consegue ler opiniões e se colocar no papel do crítico?

Não consigo. Evito ler críticas, só quando não dá para evitar. Para mim, a crítica do autor é sua própria obra. Tenho o senso crítico ligado o tempo todo na feitura do produto. Mas ninguém gosta de ouvir crítica. Vai tentar educar uma criança criticando cada passo que ela dá! Vai criar um maluco. Já tenho um senso crítico violento.

O BBB é ao vivo, o Na Moral é gravado. Como você sente a diferença?

Como o programa é gravado como se fosse ao vivo, a adrenalina é a mesma, porque não tem volta. “Para tudo, vamos regravar...” Começou, começou. O calor do ao vivo está nas gravações. Agora tenho dois picos de adrenalina na semana: no dia em que gravo, que é como se estivesse fazendo ao vivo; e no dia em que vai ao ar.

Após o Na Moral, qual é seu futuro no BBB?

Estou escalado pra apresentar o Big Brother 13 em janeiro, e eu farei com prazer, com grande orgulho, como sempre fiz. E estou trabalhando para que o Na Moral tenha uma segunda temporada no ano que vem.

Com o sucesso dos reality shows com famosos, você encararia participar de um BBB de celebridades?

Mas nem fodendo [risos]. De jeito nenhum, nem por milhões de dólares. Não faria. Nada. Eu sei bem o que é.

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