O líder do Jane’s Addiction fala sobre o Lollapalooza Brasil e a ideia de morar na praia
Bruna Veloso Publicado em 09/12/2011, às 12h23 - Atualizado em 26/12/2011, às 14h51
Perry Farrell é um homem bem humorado – ainda que na sua recente passagem pelo Brasil esse lado tenha ficado em segundo plano. Em visita para a divulgação do line-up da edição brasileira do festival Lollapalooza, criado por ele nos Estados Unidos há 20 anos, Farrell recebeu tantas críticas por conta da venda de ingressos que chegou a dizer que “perdeu alguns anos [de vida]”. Mesmo assim, o cantor e empresário de 52 anos não desanimou – tanto que, ironicamente, diz que pode um dia vir morar em alguma praia brasileira.
Nos anos 90, o Lollapalooza era mais ligado à contracultura. Como você vê o festival atualmente, mais em direção ao mainstream?
Acho que hoje a própria contracultura mudou. Se existe uma contracultura hoje, ela está na dance music. E, mesmo assim, até o dance está na “grande” cultura atualmente. O hip-hop era contracultura, mas explodiu e virou mainstream. Não acho que exista uma subcultura que possibilite um festival [dessa magnetude], a não ser a dance.
Em Chicago, vocês têm até curadoria para a comida vendida no festival. Nós temos muitos problemas...
Sério?
Sim, filas, preços abusivos e má qualidade. Você á tem planos para essa área na edição brasileira?
Ainda não tenho um plano para isso. Cheguei aqui e comecei a enlouquecer, dizendo pra todo mundo: “Nós temos que conversar sobre a comida, o layout do festival, os preços”. E eles me disseram que eu deveria falar apenas sobre o line-up, que não deveria me preocupar. Só que estou, sim, preocupado, porque estão surgindo os questionamentos. Mas agora eu digo para você: não se preocupe, porque isso é importante para nós.
Você tem planos para o futuro do Lolla Brasil?
Bem, quero ter, mas tem sido tão louco, que eu não sei se meu coração pode aguentar. Não, não, estou brincando [risos].
Há muita coisa acontecendo desde que você chegou, não é?
É! Tenho perguntado para minha equipe: “Os brasileiros são muito apaixonados, certo?” No Twitter, tinha gente me odiando. Me disseram para não me preocupar, pois “eles te amam, te odeiam, e fazem as pazes com você, tudo no mesmo dia”.
O que é essencial para se fazer um bom festival?
Você tem que começar pela música, ela vai chamar as pessoas certas. Se eu te der uma banda que tem um público de idiotas, você terá um festival cheio de idiotas. Se você tem um grupo que dialoga com o underground, então terá as pessoas certas, “artísticas”, apaixonadas. A próxima coisa é o lugar, é como comprar uma casa.
Você e Etty, sua esposa, estarão aqui para o festival. Seus filhos também vêm?
Sim! Eu disse para eles, em Chicago, algum tempo atrás: “Esse é o negócio do papai, é o negócio da família. E um dia ele será de vocês. Vocês têm interesse?” Eles disseram que sim. “Bom, então quero que vocês andem pelo Kidzapalooza [o palco infantil do festival, que também estará na edição brasileira], vejam como as crianças estão se sentindo, se estão se divertindo.” E todos os anos eles fazem isso.
Você se enxerga como um homem de negócios?
Em parte. Todos somos pessoas de negócios, você é uma mulher de negócios. O que eles [empresários brasileiros] não sabem é que estão fazendo negócios com um louco [risos].
Você já disse que a primeira separação do Jane’s Addiction foi causada pelas drogas...
Eu não disse isso. [Se exalta] Os outros disseram. Não gostei, na época, do modo como fui tratado pelos outros integrantes. Eles podem dizer que é porque estavam sob efeito de drogas, mas eu não justifico as coisas dizendo que estava sob efeito de drogas. Se eu fizer merda enquanto estiver drogado, fui eu quem fez merda.
Mas houve um momento em que você pensou que era a hora de pisar no freio?
Quando tive filhos. Infelizmente, para aqueles de nós que amam festejar, quando se tem filhos você deixa de ser uma pessoa sem responsabilidades. Você tem uma criança que precisa ser alimentada, que precisa aprender. Se você não tem a capacidade de mudar para ser pai, então você é um imbecil e deve se envergonhar disso. Mas isso não quer dizer que eu não festeje. Minha vida tem um equilíbrio, não posso farrear o dia inteiro como fazia antes, só preciso escolher os momentos adequados.
O Jane’s Addiction acabou de lançar um disco, mas você já disse à Rolling Stone que não se imagina até o final de sua carreira musical como integrante da banda. Então, o que você vai fazer?
Ainda estou voando pelo palco, e me sinto muito bem. Nos próximos cinco anos, quero me dedicar ao Jane’s Addiction e deixar para trás uma obra consistente. Meu sonho é achar um lugar na praia, talvez no Brasil, onde eu possa fazer [música] house. Porque com o house eu não preciso voar. Quero um lugar aberto, onde eu possa sentir a praia vibrando. É o quero fazer pelo resto da minha vida.
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