Festas, drogas e rock'n'roll dão o tom do festival mais popular do verão norte-americano
Austin Scaggs e Evan Serpick Publicado em 08/07/2008, às 14h50 - Atualizado em 11/07/2008, às 17h08
Eram 4h30 da manhã do domingo quando o rapper Kanye West surgiu no palco principal do Festival Bonnaroo. O céu era de um tom brilhante de azul enquanto o Sol rastejava pelo horizonte, iluminando quilômetros e quilômetros de planícies agrícolas do Tennessee. Milhares de pessoas (muitas das quais acordadas há quase 24 horas em um porre sem fim regado a música e drogas), esperavam por quase duas horas - o que levou algumas a xingarem, aos gritos: "Fuck Kanye West". Mas os graves estrondosos vindos do palco revitalizaram a platéia, que resgatava sua última gota de energia para o set frenético de 90 minutos. Um jovem hippie chapado na platéia descreveu a cena como "como estar na cidade nas nuvens de O Império Contra-Ataca". Outro hippie, Phil Lesh, que tinha acabado de encerrar seu show pessoal de três horas, encontrou um ponto próximo à barraca de cerveja e esticou o pescoço para ter uma visão melhor. Para os milhares de baladeiros que sobraram para o show de West - embalado por "Gold Digger", "Flashing Lights" e "Jesus Walks" -, a imagem era a de um popstar de primeira grandeza apresentando sua ópera hip-hop espacial com o chegar da aurora. Era uma experiência de comunhão emocionante, e só um dos motivos pelos quais 70 mil fãs e mais de 150 artistas se reuniram de 12 a 15 de junho em um pasto de 2,5 quilômetros quadrados em Manchester, no estado do Tennessee (a população total da cidade é de 8.300).
"Em qualquer lugar que você vá em Bonnaroo, as pessoas estão curtindo muito", diz Analise Smith, 21, que dirigiu por 16 horas de Key West (Flórida) para a sua segunda viagem ao festival. "Quem dera eu morasse aqui." Por um longo fim de semana a cada mês de junho, os campos ao redor de Manchester se tornam a área mais densamente ocupada do Tennessee, com campings formando uma cidade completa, com correio, estação de rádio e força de polícia montada (neste ano, houve 78 prisões e 124 queixas, muitas por acusações referentes a drogas. Os detidos foram levados para a delegacia de Manchester. As massas geraram 79 toneladas de lixo, montaram 60 mil barracas e visitaram 1.250 banheiros móveis).
Na quinta-feira, duas horas depois de a música começar, milhares ainda estavam presos no trânsito, na rodovia I-24. O destaque na noite de abertura era um show de quatro horas de atrações como MGMT, The Battles e Vampire Weekend, que fizeram o máximo para adicionar improviso - uma tradição no festival - ao seu repertório. "Tocamos uma música nova e sem nome", se diverte o baterista do Vampire Weekend, Chris Tomson. "E incluímos oito trechos novos no meio. Foi bem legal!" Tomson, que vestia uma camiseta do Phish durante o show, é um dos muitos músicos que já haviam visitado o Bonnaroo anteriormente - como fãs. "Eu estava na escola ainda, e dirigi 15 horas de Nova Jersey para chegar aqui. Assistir ao Trey Anastasio [líder do Phish] foi pra mim o momento inesquecível", diz.
Você lê esta matéria na íntegra na edição 22 da Rolling Stone Brasil, julho/2008
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