Desfile de estreia da LAB (marca de Emicida e Evandro Fióti) no São Paulo Fashion Week - Fotosite

Quebrando padrões, Emicida promove “ocupação” na estreia da LAB no SPFW

Rapper fez o primeiro desfile da marca dele em parceria com o irmão, Evandro Fióti, na última segunda, 24, no São Paulo Fashion Week

Lucas Brêda Publicado em 25/10/2016, às 16h52 - Atualizado às 18h36

“Estamos fazendo história”, disse Emicida em certo momento do fim do desfile de estreia da marca dele – em parceria com o irmão, Evandro Fióti –, a LAB, no São Paulo Fashion Week. A declaração do rapper foi significativa não exatamente pelas roupas terem gerado desejo no público e na mídia, mas sim pela capacidade de quebrar padrões e desafiar convenções que o desfile teve.

A LAB (ou Laboratório Fantasma) entrou para a maior semana de moda do país na última segunda, 24, fechando o segundo dia do evento, que aconteceu no Parque do Ibirapuera, na capital paulista. Não só pela postura robusta e altiva do desfile à noite, Emicida promoveu uma espécie de “ocupação” no espaço tradicionalmente a outros públicos, saindo da passarela e indo direto a um palco montado entre as barraquinhas do SPFW.

Na passarela, a coleção desenvolvida por Emicida e que tem co-autoria de João Pimenta (um dos grandes nomes da moda masculina autoral no Brasil), revelou as roupas focadas nas ruas, com influências das culturas cultura japonesa e africana e predileção por preto, branco, cinza e vermelho. Na trilha sonora, um híbrido de trap e batidas eletrônicas com batuques tribais foi intercalado por frases do rapper e samples de vozes de crianças.

O que mais fez os presentes vibrarem, contudo, foi a diversidade nas escolhas de modelos, abrangendo uma maioria de negros e incluindo gordos, carecas, cabelos black power, peles com aparente vitiligo e até as surpreendentes participações de Seu Jorge (de saia longa e moletom) e Ellen Oléria. O cantor foi até o fim da passarela e tirou o capuz da blusa para revelar a identidade.

Além de Seu Jorge, Emicida mostrou estar bem acompanhado, diluindo a possibilidade de parecer um novato, vindo de outro universo, em um espaço restritivo e intimidador. Na primeira fila, era possível ver os rappers Criolo, Rico Dalasam, Rashid e Rael e a cantora Mariana Aydar, entre outros. O show que sucedeu o desfile teve até Black Alien na plateia, tirando selfies com os presentes no parque.

Das pessoas exibindo camisetas de grupos de hip-hop (como o N.W.A.) até os DJs da noite se rendendo ao rap, a LAB chegou ocupando o SPFW. Com o feito, Emicida assume a linha de frente do momento em que o hip-hop nacional se entrelaça de vez com a moda, trilhando caminhos inéditos para o gênero no Brasil. Com o decorrer do tempo, a empreitada pode se tornar uma aventura solitária e infrutífera. Nem por isso seu primeiro capítulo vai perder a importância.

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