Festival eletrônico Creamfields renasce no Brasil, agora em parceria com seu criador britânico
Por Paulo Terron Publicado em 17/11/2010, às 14h41
"Vocês tomaram chuva ontem? Peço desculpas, infelizmente não posso controlar o tempo britânico!", diz um alegre James Barton, organizador do festival de música eletrônica Creamfields. O tempo chuvoso produziu lama na área do evento, nas redondezas de Liverpool, na Inglaterra, mas o público não pareceu se importar: foram mais de 80 mil entradas vendidas, com antecedência, para os dias 27 e 28 de agosto. Na verdade, a plateia parecia até preferir o frio úmido e não era incomum ver grupos de amigos se jogando nas poças por diversão, nos intervalos entre apresentações de Deadmau5, David Guetta, Swedish House Mafia, Tiësto e dezenas de outros.
Em breve, o público brasileiro vai poder viver uma experiência semelhante - sem a lama, o frio e a chuva. O Creamfields deve ganhar uma residência definitiva no Brasil, em Florianópolis, a partir de 2011. A data escolhida foi 22 de janeiro, e o evento espera receber cerca de 15 mil pessoas, que poderão se revezar entre duas tendas e um palco. A estreia deve ter por volta de 25 atrações, sendo quase metade estrangeira. "Vamos trabalhar em forma de sociedade [com os donos britânicos da marca], porque é a única forma em que acreditamos ser possível", explica Leo Sanchez, CEO da Indústria de Entretenimento, empresa responsável pelo festival por aqui, referindo-se à parceria com a CI, empresa de entretenimento de Barton. "Não queríamos pagar um 'label fee' [uma taxa de utilização] e usar o nome, como foi feito anteriormente no Brasil. Esses eventos foram feitos, mas não havia um conceito de marketing, de marca. Queremos começar tudo de novo, trazer a essência do festival, que é 100% ligada à música."
O Creamfields nasceu em 1998, criado por Barton, veterano da música eletrônica britânica (e ex-DJ). Segundo ele, a filosofia por trás do nome é simples. "Se você observar os bons festivais ingleses, vai notar que eles são baseados na música", conta. "Não são feitos para ganhar dinheiro, não são centrados nos negócios - eles também são ótimos negócios, mas a prioridade é musical." É essa essência que ele quer refletida no Brasil. "É mais sobre o espírito do festival do que sobre o lado técnico. Lidamos com a música eletrônica e a 'cultura DJ'. Não queremos ser o McDonald's, uma grande franquia. Queremos que cada festival tenha uma identidade local, desde que ela reflita o que está acontecendo nas casas noturnas, no mundo da eletrônica. Às vezes é difícil encontrar promotores de eventos que consigam balancear os dois lados, o artístico e o do público. Você precisa de uma mistura perfeita para fazer funcionar."
"A ideia, aqui, é que seja um festival de verão", diz Sanchez. "Sempre na mesma data para que possa entrar no calendário mundial de festivais." A escolha de Santa Catarina também é estratégica: além de atrair turistas brasileiros e estrangeiros nessa época, ainda é um foco de música eletrônica no Brasil. Já outras regiões do país devem receber as Festas Cream, versão reduzida do evento (a primeira, para convidados, será em 10 de novembro, em São Paulo, com Faithless e Laidback Luke).
Por enquanto o Creamfields brasileiro não terá a opção de camping para o público, como seu correspondente britânico. No futuro, os brasileiros pensam em adotar o sistema. "Temos muitas vontades", diz Eduardo Papel, diretor artístico e de produção da Indústria de Entretenimento. "Mas não dá para fazer tudo no primeiro ano. A gente quer chegar a 30 mil pessoas [na plateia] e aí, sim, o acampamento pode ser uma opção." Por enquanto, os organizadores acreditam que os preços de entradas devam ficar entre R$ 80 e R$ 100. "Em nosso plano de negócio está que, em 2014, o festival também chegue a São Paulo, além de Florianópolis", conta Sanchez.
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