Uma homenagem ao inovador cantor, produtor, compositor e pianista que levou Nova Orleans à era do soul e do funk
DAVID FRICKE Publicado em 07/12/2015, às 16h51 - Atualizado às 16h58
Em dezembro de 1971, robbie robertson, da The Band, convidou Allen Toussaint para ir a Woodstock trabalhar em arranjos de sopro para os shows que o grupo faria em Nova York na semana de Ano-Novo. Os desastres começaram cedo: a mala com as partituras do produtor foi extraviada durante a viagem. Depois, Toussaint, acostumado ao calor de Nova Orleans, pegou uma infecção de ouvido enquanto compunha mais partes em uma cabana cercada por muita, muita neve. “Ele conseguiu”, conta Robertson. “Naquela circunstância impossível, Allen fez algo de grande beleza”, criando a festa de metais dinâmica de Rock of Ages (1972), um dos melhores álbuns ao vivo do rock. Toussaint, que morreu em 10 de novembro, aos 77 anos, de ataque cardíaco após um show em Madri, “era o Senhor Cool”, diz Robertson com ternura. Ele era a “ameaça tripla” de Nova Orleans cujo sucesso mais perdurou: um produtor, compositor e pianista que levou as raízes, o blues e a euforia do R&B peculiar de sua cidade para o mundo.
O artista tinha apenas 23 anos quando viu seu primeiro single no número 1 das paradas: a sagaz “Mother-in-Law”, que fez para Ernie K-Doe. Na década de 1970, a proeza de Toussaint já era de conhecimento geral, atraindo admiradores como a própria The Band, Robert Palmer, o grupo Labelle, Paul McCartney, Elvis Costello e Glen Campbell. Nascido em 14 de janeiro de 1938, Toussaint já estudava com afinco discos de 78 rotações do conterrâneo Professor Longhair no começo da adolescência e “imitava tudo que tocava na rádio” no piano da família, conforme contou em uma entrevista de 2005. Aos 20 anos, havia gravado e coescrito os instrumentais arrojados de The Wild Sound of New Orleans (1958), seu trabalho de estreia..
Um homem imaculadamente bem-vestido, que usava terno até no estúdio e conduzia suas sessões com uma firmeza cavalheiresca, Toussaint perdeu a casa e o arquivo pessoal de músicas no furacão Katrina, mas se recuperou com determinação, compondo, gravando e se apresentando em ritmo acelerado até morrer. Elvis Costello se lembra de ter dito a Toussaint que lamentava as músicas perdidas, mas ele simplesmente respondeu: “Tenho de escrever mais”.
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