Exposição, discos e livros resgatam toda a trajetória do artista
M.F. Publicado em 13/09/2016, às 02h01 - Atualizado às 02h11
“Esse acervo é um patrimônio da humanidade.” Aos 27 anos, Giuliano Manfredini não mede palavras e elogios quando discorre sobre o acervo pessoal do pai, Renato Manfredini Jr., vulgo Renato Russo. Até então confinado no apartamento situado no bairro carioca de Ipanema, onde o mentor da banda Legião Urbana morou por anos, o patrimônio artístico de Renato será exposto ao público. Todo o material do cantor e compositor carioca vem sendo restaurado e organizado, nos últimos dois anos, na sede do Museu da Imagem e do Som, em São Paulo. A intenção é apresentá-lo em megaexposição prevista para ser inaugurada em 2017 – e depois da capital paulista a mostra deve seguir para outras cidades do Brasil. Fotos, desenhos, diários, manuscritos de letras de músicas, roupas, livro e até o texto de uma inédita peça de teatro, chamada A Verdadeira Desorganização do Desespero,
fazem parte dos arquivos.
A exposição integra uma série de tributos a Russo por causa dos 20 anos da morte do artista, a serem completados em outubro. À frente das homenagens está Giuliano, o filho zeloso da memória do pai. “São 20 anos de ausência e ainda existem coisas que as pessoas não sabem e que são imprescindíveis para o entendimento da mente criativa do Renato”, argumenta Giuliano. Uma dessas coisas é a biografia do fictício grupo de rock The 42nd Street Band. Escrito por Renato na adolescência, o livro vai ser enfim editado. Paralelamente, a biografia Renato Russo – O Filho da Revolução, escrita por Carlos Marcelo e publicada em 2009, será relançada.
Na área fonográfica, há dois projetos em fase de finalização. Previsto para ser lançado em outubro, dando início às homenagens que vão perdurar até outubro de 2017, o álbum- tributo Viva Renato Russo – 20 Anos vai apresentar recriações de músicas do artista por bandas contemporâneas, entre elas Baleia (Rio de Janeiro/RJ), Molho Negro (Belém/PA), Selvagens à Procura de Lei (Fortaleza/ CE), Vespas Mandarinas (São Paulo/SP), Codinome Winchester (Campo Grande/ MS), Republica (São Paulo/SP), Supercordas (Paraty/RJ) e Uh
La La! (Curitiba/PR). A cantora gaúcha Duda Brack também faz parte do elenco. Integrante da extinta banda brasiliense Finis Africae, Ronaldo Pereira ajudou a produzir o disco, feito sob a direção artística de Giuliano. “A gente acredita nessas bandas. Elas trazem legitimidade para o projeto”, afirma Giuliano. “É importante ter bandas com espírito independente mexendo com a música do Renato. A ideia foi levar a música dele para o universo de cada banda. Até porque acredito que se Renato estivesse vivo iria puxar novos artistas para perto dele.” O álbum Viva Renato Russo – 20 Anos vai estar disponível em plataformas de streaming. A edição física será distribuída gratuitamente a instituições e fãs-clubes.
Outro projeto fonográfico é uma caixa produzida pela gravadora Universal Music, com reedições em CD da obra solo de Renato Russo. A discografia individual do artista inclui dois álbuns lançados em vida – The Stonewall Celebration Concert (1994) e Equilíbrio Distante (1995) – e títulos póstumos, como O Último Solo (1997), Presente (2003) e Duetos (2010). O primeiro dos póstumos foi montado com sobras dos álbuns de 1994 e 1995. O segundo foi produzido a partir de pesquisa no acervo de Renato.
“Sou responsável pela marca Legião Urbana. Tudo que é proveniente do Renato, eu tomo conta”, sentencia Giuliano, que brigou na Justiça com os dois remanescentes vivos da formação clássica da banda, Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá, pela posse da marca. Dado e Bonfá conquistaram, contudo, o direito de usar o nome Legião Urbana em shows feitos por eles com convidados. “A minha missão é reunir e reapresentar todo o material do meu pai”, acredita Giuliano. “Existe um vácuo na história. Tem uma lacuna interna que precisa ser preenchida para o completo entendimento do artista Renato Russo.”
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