Camundogs: patrimônio acreano agita o Varadouro - Vini Mania

Rio Branco forma heróis do rock

Música onde o vento faz a curva

Humberto Finatti Publicado em 14/08/2007, às 11h17 - Atualizado em 02/09/2007, às 22h22

Dentre a enorme quantidade de festivais espalhados por todo o território brasileiro, o longínquo estado do Acre começa a ter papel de destaque. A segunda edição do Festival Varadouro aconteceu em outubro na capital Rio Branco, com dezesseis bandas, sendo 8 do próprio Acre e as outras oito vindo de outros estados. Em duas noites, o evento reuniu um público razoável (por volta de 1700 pessoas) e conseguiu rara exposição na mídia especializada para um festival realizado em plena Amazônia, distante pelo menos 4 mil quilômetros dos "centros difusores de tendências culturais", como São Paulo e Rio de Janeiro.

"A cena acreana existe sim, sempre existiu", afirma Daniel Zen, um dos produtores responsáveis pelo Varadouro. "As bandas fazem um trabalho fortemente autoral e isso tudo repercute um mês após a realização do festival." Com pouco mais de 600 mil habitantes espalhados em um enorme território com apenas 22 municípios, o Acre parece ter pouco a oferecer em termos culturais. O panorama só se alterou graças ao trabalho desenvolvido por agitadores culturais e musicais da capital - grupo este que possui uma produtora/gravadora própria (a Catraia Records, responsável pela organização do Varadouro) e que também conta com apoio do Poder Público para colocar em prática suas ações.

Com um custo total de R$ 140 mil (dos quais, R$ 100 mil foram bancados pelo governo local, através da Fundação Cultural Elias Mansur) e participação entusiasmada do público, o evento mostrou alta diversidade musical (Álamo Kário, Mamelucos, Pia Vila e Nicles) e revelou heróis locais: os grupos Camundogs e Los Porongas. O primeiro, um sexteto, possui um repertório pop que é cantado integralmente pela platéia durante seus shows. "Já temos um público forte e totalmente consolidado em todo o estado", comemora o vocalista Aarão Prado. "Mas no nível do Brasil ainda somos uma promessa." Para dar suporte a esse "plano de dominação", o Camundogs lança seu primeiro Dualdisc em 2007. O Los Porongas segue um caminho semelhante. Com apenas um EP de seis músicas lançado (e que será recolocado no mercado em 2007, com novas músicas e produção de Felippe Seabra, do Plebe Rude), o grupo enfeixa elementos de rock rural, MPB dos anos 70, Mutantes e psicodelismo. Em março, preparam-se para desembarcar em São Paulo e tentar vôos mais altos.

Se havia alguma dúvida sobre a existência e a importância da cena acreana dentro da música independente nacional, um festival como o Varadouro a dirimiu. "Em 2007, o festival deverá aumentar o número de bandas participantes. Vamos procurar captar recursos com mais ênfase fora do Poder Público. Temos planos para a iniciativa privada, como fazer parcerias com empresas de telefonia", promete Zen.

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