Redação Publicado em 19/02/2016, às 15h50 - Atualizado às 16h26
Registrada em 1979 em Paris durante as sessões de Emotional Rescue, “Gangster’s Moll” é uma balada reflexiva, cuja letra discorre sobre uma garota que foi namorada de um gângster. Apesar de a melodia se apresentar redonda, os Rolling Stones infelizmente não a finalizaram. Na versão que circula em álbuns pirata, Mick Jagger pode ser ouvido indicando aos músicos os acordes que eles deveriam tocar. O cantor revisou a faixa em 1987, durante os ensaios do disco solo Primitive Cool, e a tocou acompanhado por Jeff Beck. Esta gravação também segue inédita.
Esta balada soul, gravada em Rotterdam, Holanda, durante os ensaios para as sessões de Black and Blue, também é conhecida como “Sexy Night, Lovely Lady”. Jagger canta em falsete, tentando imitar o estilo de artistas de soul music da época. A banda tateia, se esforçando para chegar a algum formato final, enquanto improvisa a melodia. A grande curiosidade é a participação de Jeff Beck na guitarra. Na época em que se preparava para gravar Black and Blue, o grupo estava testando substitutos para a vaga deixada por Mick Taylor. Beck tocou com os amigos apenas informalmente e a entrada dele nos Stones nunca foi cogitada de uma forma séria por nenhuma das partes.
Em 1973, a banda rumou para Kingston, Jamaica, e entrou no Dynamic Sound Studios. A missão era gravar canções para o álbum seguinte, que seria Goats Head Soup. Como sempre, os Stones gravaram material que acabou não sendo aproveitado. Muitos desses registros eram apenas experimentos instrumentais, com a banda improvisando em cima de riffs criados pelos guitarristas Keith Richard e Mick Taylor. O furioso rock “Cris Cross Man” (também conhecido como “Save Me”), contudo, tinha méritos para ser incluído na versão final do álbum. Até hoje a canção segue no limbo.
Em 1971, o contrato dos Stones com Decca chegava ao fim. A banda estava louca para se livrar da gravadora e criar o próprio selo, mas a Decca insistiu que os Stones gravassem um último single antes de partirem. Contrariado, Mick Jagger foi para o estúdio e gravou "School Boys Blues", hoje mais conhecida como "Cocksucker Blues", um blues pornográfico que contava as desventuras de um rapaz que ia para Londres e acabava se prostituindo. "Aonde posso ter meu pau chupado? Ande eu posso ser enrabado?", diz a explícita letra. Os Stones, naturalmente, sabiam que ela nunca iria passar no crivo – eles a gravaram mais como um “foda-se” para a empresa, que ao longo dos anos censurou capas de discos da banda e dificultou a divulgação de várias canções. Naturalmente, os executivos da Decca, horrorizados, arquivaram a música. Ela continua proibida até hoje, mas é presença obrigatória em compilações pirata. A única vez que ganhou um breve lançamento oficial foi em 1983, na caixa de vinis Rest of The Best, lançada na Alemanha. A infame faixa saiu como um single-bônus do pacote, mas foi recolhida imediatamente a pedido da banda. Hoje, é item de colecionador. A canção também batizou o infame e proibido filme sobre a turnê de 1972 dos Stones, dirigido por Frank Cooper.
Depois de experimentar com o som psicodélico em Their Satanic Majesties Request (1967), os Stones retornaram ao som de raiz do blues e folk em 1968 com o clássico Beggars Banquet. A maior parte das canções do álbum começou com um esqueleto melódico composto com violão. Nas sessões, os Stones experimentaram muito nesse formato. A balada “Blood Red Wine” foi gravada durante as sessões e permaneceu inacabada. Melancólica e majestosa, ela tinha tudo para ser um dos grandes destaques daquela época.
As sessões para o álbum Beetween the Buttons começaram no final de 1966, no Olympic Sound Studios, na Inglaterra. O álbum marcou o ponto alto da fase “decadente chique britânica” da banda. Musicalmente, o trabalho se afastou do R&B e das raízes de música negra e se mostrou mais sofisticado, com texturas rebuscadas. “Get Yourself Together” (também conhecida como “I Can See It”) é um das sobras das sessões. Este rock de batida bem marcada e letra insolente mistura soul music e psicodelismo.
Apesar de não serem tão prolíficos quanto os Beatles, os Stones também gravaram uma boa quantidade de material exclusivo para a rádio BBC. Estes registros nunca apareceram em LPs oficiais da banda. A maior parte deles era composta de versões para músicas de artistas de R&B e de rock norte-americano, incluindo várias faixas de Chuck Berry, como ”Roll Over Beethoven”, “Memphis Tennessee” e “Beautiful Delilah”. Dentre os tesouros que ainda estão em posse da BBC e que até hoje não viram a luz do dia, exceto em edições piratas, está “Cops and Robbers”, uma exuberante cover do bluesman Bo Diddley.
Os Rolling Stones ajudaram a promover os Beach Boys na Inglaterra. A banda louvou o talento de Brian Wilson na imprensa britânica depois do lançamento do single “I Get Around” em 1964. O que ninguém sabia é que os Stones, naquele mesmo ano, gravaram uma versão informal da faixa no Regent Studio. É basicamente um instrumental, mas é possível ouvir Mick Jagger murmurando durante o refrão. O mais interessante é que a banda não tentou imitar os Beach Boys tocando surf music. Em vez disso, aplicou à gravação o estilo do R&B moderno que tocava na época. Esta raridade só foi revelada ao público em 2013, por meio de diversos bootlegs.
Em 1964, os Stones foram para o lendário estúdio em Chicago da Chess Records, gravadora em que os grandes mestres do blues gravaram seus maiores clássicos. O quinteto fez um bom número de canções, mas apenas algumas delas foram lançadas oficialmente. Uma que permanece presente apenas em registros não oficiais é “Tell Me Baby, How Many Times”, escrita por Big Bill Broonzy. Nesta impecável versão dos Stones, Brian Jones se destaca tocando gaita.
O falecido Brian Jones era um músico incrivelmente versátil, mas ele nunca desenvolveu o seu lado de compositor. A instrumental “Hear It”, que ele escreveu com Keith Richards, foi uma das poucas aventuras dele nesse campo. É uma faixa interessante, com expressivos violões unidos a um violino. O músico de estúdio Big Jim Sullivan se junta aqui a Jones e Richards. Ninguém sabe se a canção teria letra, mas como era apenas um trabalho em andamento, nunca foi cogitada para ser lançada oficialmente. Ainda assim, apareceu em uma coletânea pirata chamada Necrophilia.
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