A musa sexy de Hollywood é uma maníaca por controle de temperamento violento, tem tendência à autodestruição e não leva desaforo para casa
Por Erik Hedegaard Publicado em 09/11/2009, às 14h43
Megan Fox é conhecida pelas coisas que diz. Já declarou ser transexual, bissexual e ter a libido de um garoto de 15 anos. Diz que "atores são os piores cuzões para se andar junto... são todos narcisistas, imbecis ou alcoólatras". Diz que a maioria dos homens é "frágil como cachorrinhos". Diz ter o nome do namorado tatuado "perto das minhas partes íntimas". Ela diz todas essas coisas loucas e maravilhosas, que frequentemente vêm acompanhadas de fotos suas, trajada apenas de calcinha e sutiã, com seus lábios carnudos provocativamente entreabertos, como se não tivesse dito nada de interessante, deixando os editores de tabloides em polvorosa. Mas por que ela faz isso? Qual o propósito? Por que ela faz isso? Qual o propósito?
A teoria mais aceita é a de que ela é viciada em atenção e que seu objetivo final é alcançar algum tipo bizarro de dominação mundial. Se esse é mesmo o plano, pode-se dizer que vai indo bem. Aos 23 anos, ela já foi chamada de "a mulher mais sexy da Terra", já foi convidada para apresentar o programa humorístico Saturday Night Live e não consegue mais sair de casa sem ser cercada pelos paparazzi. E nem foi preciso muito para chegar até aqui: alguns papéis ruins em séries de TV, alguns papéis ruins no cinema e dois filmes gigantescos dos Transformers - todos exigindo mais corpo do que atuação.
Mas, ao que parece, os teóricos entenderam tudo errado, porque não há ninguém mais decepcionada com o rumo das coisas do que a própria Megan. Desde que se inclinou sobre o capô do Camaro 76 no primeiro Transformers (2007) com barriga e decote à mostra, ela diz que vem sendo tomada pelo medo de que tenha acontecido tudo rápido demais, levando a uma atenção excessiva da imprensa. "Estou cansada de ser explorada e de ver tudo o que digo ser tratado de maneira sensacionalista", ela declara, em uma tarde quente em Los Angeles, parecendo tipicamente radiante, embora um tanto pensativa. "É um tipo de vida insuportável."
E agora há Garota Infernal (que estreia no Brasil em 23 de outubro), que provavelmente não irá ajudar a melhorar isso. O primeiro filme pós-Juno da roteirista Diablo Cody é basicamente uma comédia adolescente de terror, com a garota-demônio interpretada por Megan destroçando os colegas tarados do colégio. Há uns poucos momentos de calmaria, mas na maior parte do tempo se trata de um exercício de luxúria sanguinolenta e de uma grande desculpa para mostrar mais partes nuas do corpo da atriz (bem mais do que foi mostrado em qualquer filme anterior). Há também uma cena de beijo de língua com a atriz Amanda Seyfried, sobre a qual Megan tem algumas restrições. "Amanda não estava muito empolgada em ter de fazer, mas eu entrei de cabeça", diz ela. "Claro, não posso nem argumentar dizendo que não é uma cena gratuita, porque é. Nós duas estávamos vestidas como garotinhas, então ficou parecendo tipo um pornô para pedófilos. Não tem música - é só silêncio e som de saliva. Me senti estranha assistindo. Foi meio desconfortável. Como se eu estivesse vendo algo que não deveria."
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Sutileza não é o forte de Garota Infernal. E, pelo menos na mente da própria Megan, não vai servir para as pessoas se decidirem se ela tem ou não talento como atriz. "É um filme legal", conta, "mas não acho que alguém vai sair do cinema pensando: 'Uau, ela nasceu para ser atriz'. Não acho que seja algo que vá me elevar a outro nível. Eu mesmo não sei quanto talento tenho ou do que sou capaz. Na melhor das hipóteses, alguém pode dizer 'ela está diferente do que estava em Transformers'. Fiz um trabalho ok. Mas não sinto que tenha alcançado algo fantástico." De fato, pode-se argumentar que os papéis dela, todos carregados de efeitos pesados de computação gráfica que obscurecem todo o resto, foram deliberadamente escolhidos. O próximo da lista é o faroeste apocalíptico Jonah Hex e, futuramente, ela assumirá o papel de uma espécie de "garota aquática".Talvez seja medo, mas ela parece evitar papéis verdadeiramente dramáticos. Enquanto isso, o dia a dia continua trazendo exemplos que mostram porque ela chegou tão rapidamente ao seu status atual. "Para uma mulher, eu tenho uma personalidade bem fodona!", diria ela. Ou "Tenho boca e não tenho medo de usá-la!" Quem diz esse tipo de coisa? É incrível. É deslumbrante. É o suficiente para fazer qualquer um pirar. E talvez seja justamente por isso que ela diz o que diz. Talvez seja só mais um meio de obscurecer as coisas.
Às vezes ela dorme nua, com dois travesseiros sob a cabeça, um terceiro entre as pernas e abraçada a outro. "Gosto de me sentir como se estivesse em um casulo", diz. "Tenho de me sentir imobilizada." Às vezes, dorme com o namorado intermitente dela, o ator Brian Austin Green, 36 anos, o David do elenco original da série Barrados no Baile - embora nunca muito perto. "Não gosto de calor humano", ela diz. "Fico de conchinha até a hora de dormir, mas não consigo tocar em ninguém enquanto estou dormindo."
Nesta manhã, a TV da casa dela em Los Angeles está ligada no programa What not to Wear. Na verdade, a TV está sempre ligada, o que é outra de suas manias. "Tenho medo do escuro e não consigo dormir sem ela", confessa. "É. Se está escuro e silencioso, não consigo dormir". Megan conta que teve um sonho na noite passada. Sonhou que um dragão estava comendo pessoas em um parque de diversões e que ela havia bolado um plano para escapar viva. "A gente se cobriu de lama, saiu se arrastando e o dragão não nos pegou. Não sei qual o significado, mas é interessante." Hora de tocar o dia. Ela toma um banho, uma xícara de café, escova os dentes, pinta os lábios de um vermelho-vivo (que lembra suco de tomate), põe um vestido creme muito justo e tenta deixar para trás o sonho que teve com o dragão. Então segue para Santa Mônica para cuidar de alguns assuntos relacionados a Garota Infernal. Ao sair do carro para entrar em um hotel, sorri para os paparazzi - que em questão de minutos irão estampar seu rosto por toda a internet - e se esgueira para dentro. Logo ela está encarando um bando de jornalistas, todos dizendo o quanto gostaram de seu novo filme. Muitas horas mais tarde - ainda maravilhosa como sempre - ela se vê senta atiraria para matar. Mas acertaria a perna dele, com certeza." Ela franze o cenho enquanto faz essas declarações, mas sua voz é viva e vibrante. "É uma coisa louca", diz. "Não é saudável." E então completa: "É estranho. Em muitos aspectos sou uma contradição até para mim mesma".
Megan Fox nunca foi como as outras crianças. Para começar, seu corpo se desenvolveu cedo. A primeira menstruação foi aos 10 anos e não demorou muito para que seus seios despontassem e ela começasse a se masturbar. "Sempre me senti diferente, meio alienígena e isso só confirmava minha suspeita de que eu era estranha", conta. Na escola, as garotas mais velhas jogavam ketchup nela e a chamavam de "vagabunda" e "puta" por razões que ela sequer compreendia, já que só viria a perder a virgindade aos 17 anos. "Enfim, a coisa se espalhou como uma praga", relembra. "Uma vez que te estabelecem como a mais fraca, todo mundo te vê como alvo."
De acordo com a mãe, ela passou seus três primeiros dias de vida gritando, até ficar roxa e assustar os médicos. Nascida em Oak Ridge (Tennessee) - "onde montaram a bomba atômica", Megan gosta de contar - passou a infância na pequena Rockwood, no mesmo estado, onde o pai trabalhava como oficial de condicional. Seus pais se divorciaram quando ela tinha 3 anos, mas a mãe logo voltou a se casar, desta vez com um homem bem mais velho e que já tinha uma família, incluindo uma filha mais velha. Logo depois, se mudaram para Port St. Lucie (Flórida). Seu padrasto era um disciplinador rígido. Quando jovem, Megan não tinha permissão sequer para decorar o próprio quarto; tudo era escolhido para ela. A garota começou ter o que chama de "crises de pânico, que se manifestavam com ataques violentos de fúria. Como se eu não soubesse o que fazer". A certa altura ela começou a fazer terapia a fim de lidar com esses "verdadeiros problemas emocionais", mas não parecia estar funcionando.
Fora o tempo que passava na escola, a atriz passou a adolescência em casa, de castigo por conta da aparente inabilidade em resistir à vontade de roubar o carro da família e sair aprontando. Uma vez, foi pega roubando cosméticos da linha das gêmeas Mary-Kate e Ashley Olsen no Walmart - e foi banida da loja pelo resto da vida. Ela já tinha uma personalidade forte que, às vezes, podia até ser diabólica. Certo dia, uma colega de classe contou que um garoto chamado Ben Leahy gostava dela. Megan tinha 15 e ele era um ano mais velho. A garota logo percebeu que tinha em mãos uma vantagem sobre o rapaz que podia ser usada a favor dela. Seu pensamento era: "Ele gosta de mim, eu ganho. Agora vou falar com ele e ver o que acontece". E o que aconteceu entre eles durou três anos. Ela saía escondida de casa, à noite, e ia deitar na grama com Ben para observar as estrelas. "Eu o amava", conta. "Ele era doce e maravilhoso, bem alto e grande, com um corpo perfeito. E era um cara durão. Estava totalmente apaixonada." Mas o que ela queria era atuar. Começou quando tinha 5 anos e, aos 16, ela já havia aparecido em vários filmes rodados na Flórida, entre eles Bad Boys 2, no qual foi figurante em uma cena em uma casa noturna. O diretor Michael Bay a colocou de salto alto, chapéu vermelho de caubói e shortinho estampado com as listras e estrelas da bandeira norte-americana, dançando sob uma queda-d'água, totalmente ensopada.
Um ano mais tarde, mudou-se com a mãe para Los Angeles e, dois meses depois, iniciou oficialmente a carreira interpretando a inimiga riquinha de Lindsay Lohan em Confissões de uma Adolescente em Crise. Ela ainda namorava à distância Ben, mas ele logo terminou com ela. "Megan parecia cada vez mais obcecada em fazer a carreira dela dar certo", declarou Ben recentemente. "Me partiu o coração, mas eu tinha que deixá-la seguir seu caminho. Ela era muito para mim."
Então, em 2006, veio Transformers. Para Megan, parecia ser só mais um papel, uma coadjuvante para um bando de robôs, mas não demorou até que transformassem em notícia tudo o que ela dizia - e até que ela se tornasse a única atriz considerada para o papel que interpreta em Garota Infernal. "Nos encontramos pela primeira vez em um bar", conta Diablo Cody. "No momento em que ela entrou, percebi que ela não tinha a atitude padrão das atrizes em começo de carreira, querendo sempre agradar. Ela tinha personalidade, era esperta, quieta e sarcástica. Fiquei espantada. Ela fala o que pensa, é sombria. Tem esse ar de femme fatale. Na verdade, como muitas pessoas, estou meio obcecada por ela."
Mais tarde, essa mesma femme fatale está parada em frente a um espelho de corpo inteiro. Seu cabelo, longo e negro, escorre em cascatas sobre um de seus ombros. Ela se vira de lado, bambeando um pouco sobre o salto agulha e se olha. O que ela vê? "Vejo a mim mesma", diz. "Vejo meu visual, mas há coisas de que gosto e outras de que não gosto. Meu cabelo é bom. A cor dos meus olhos também, obviamente - é uma qualidade que tenho. Não tenho nada que seja horrível. Sou muito baixa. Sou naturalmente 'encorpada'. Mas, no geral, não fico superexcitada com tudo isso".
Não fica?
"Não fico." Ela ri enquanto mexe no cabelo. "Sabe aquele programa, Obsessed, no qual os terapeutas fazem pessoas que têm TOC [Transtorno Obsessivo Compulsivo] confrontarem seus medos? É o que estou fazendo agora." Ela mexe o cabelo mais um pouco, percebe o que está fazendo e para. "Brincar com meu cabelo é meu tique. Fico mexendo quando estou nervosa. Fico inquieta." Ela fica ainda mais inquieta, então foge do espelho e não olha para trás. Muitas pessoas presumem que Megan Fox quer ser a próxima Angelina Jolie e que, para isso, vem imitando seu estilo. Que sirva de prova sua alegada bissexualidade e suas oito tatuagens. Mas a verdade é que a atriz que Megan mais lembra não é Angelina, e sim Sharon Stone, que fez Hollywood tremer ao dizer "ter uma vagina e atitude nesta cidade é uma combinação letal". Como Sharon, a atriz tem algumas coisas a dizer sobre o poder de sua sexualidade, embora de um modo mais esperto e divertido. "Tinha 12 anos quando comecei a receber os olhares e a atenção de homens adultos, e por um período usei mal esse poder", conta. "Quando você vê garotas de 16 anos usando sainhas curtas e saltos de stripper - eu era bem desse jeito. Mas isso não é ser poderosa. É o oposto. É tirar o poder de si mesma. Eu era como Jennifer [a personagem de Garota Infernal]. Ela é perdida em sua sexualidade. O que você faz é domar sua sexualidade e usá-la para controlar seu destino. Você faz isso com os homens fazendo com que se sintam menores, e homens se sentem diminuídos quando estão atraídos por alguém." Ela faz uma pausa e então prossegue. "E isso é o que acontece quando uma garota ou mulher está completamente no comando de sua sexualidade e incorpora o poder de sua vagina. Isso intimida os homens - não todos, mas alguns. Homens têm medo de vaginas. E, quando você dá a eles uma vagina poderosa e confiante, eles ficam aterrorizados. Eles não sabem como lidar com isso. Olha, não descobri nada de mais. Não nasci com uma vagina especial. Todas as vaginas são criadas igualmente. Mas, assim que você começa a amar a sua, tudo fica bem. Você está pronta."
Há uma nova pausa, seguida de um longo e desconfortável silêncio.
Em Hollywood, com quem ela transaria? Jack Nicholson? "Ele não está na casa dos 70 anos? Oh, meu Deus, não!" Warren Beatty? "Com certeza não!" George Clooney? "Ele ainda é relativamente jovem. Mas não vejo chance de isso acontecer. Olha, eu nunca transaria com alguém que eu não amasse, nunca, nunca. Fico enojada só de pensar. Nunca cheguei nem perto de ter uma transa casual. Ficaria aterrorizada. Não sou sexualmente promíscua. Só fiquei solteira durante os sete meses da minha vida adulta, entre meu primeiro namorado e o que tenho hoje. Sou uma monogâmica serial. Não há nada que me agrade em ser solteira."
Isso é divertido. Fox parece disposta a falar de qualquer coisa. Como sua personagem em Garota Infernal, ela já arrancou sangue durante o...?
"Sexo?", ela completa. "Bem, é uma pergunta complicada. Com facas, não. E não vou me aprofundar mais que isso nesse assunto."
E então ela fica sentada, em silêncio total pela primeira vez no dia.
É estranha, entretanto, a recusa de Fox em elaborar mais o assunto, já que a impressão que se tem é que sua vida tem sido uma enorme sequência de assuntos aprofundados. Ela fala sem problemas dos rumores de que andou ficando com seu companheiro de Transformers Shia LaBeouf durante o período em que ela e o namorado deram um tempo: "Ah, cara, não vou dizer que não o amo ou que nunca o amei ou vice-versa, mas nunca chegou a esse patamar". Ela explica, feliz, por que gosta de ouvir Britney Spears no iPod enquanto está em um avião: "Voar me deixa apavorada, mas sei que não é meu destino morrer ouvindo Britney".
Ok, de volta ao sangue e ao sexo. Se não com facas, com as unhas? "Um, nnna, ummmm, nnnão", diz ela, começando a ficar envergonhada. "Você tem de estar com o cara certo para fazer essas coisas. Mas sangue me dá enjoo. Não consigo lidar com isso. Não tenho nada contra cortes, por outro lado. Não me afeta tanto quanto agulhas." Ela já se cortou? "Sim, mas não quero falar disso." Cortava-se quando era mais jovem? "Não, não dá para dizer que eu era do tipo que se cortava. Garotas passam por diferentes fases quando estão crescendo, quando se sentem angustiadas e fazem coisas diferentes. Pode ser um distúrbio alimentar ou o autoflagelamento." E distúrbios alimentares? Ela teve? Ela meio que bufa e ri ao mesmo tempo. "Nenhum sobre o qual eu queira falar a respeito", diz. "Porque se eu tocar no assunto, vou adquirir status de exemplo, vou ter
de escolher minhas palavras cuidadosamente e vou ter de
me certifi car de contar as coisas de um modo bem específi
co, e não estou a fi m." Tocar no assunto fez com que
surgisse a sensação de que um enorme elefante invadiu a
sala. Será que Megan consegue notar? "Sim", diz. E ela não
se sente nem um pouco incomodada com ele.
Se você já tentou imaginar por que Megan diz coisas que ultrapassam o limite da loucura, é bom saber que muitas delas não são verdade. Historicamente, ela tem inventado coisas "só para foder com os jornalistas". Recentemente, fez isso com uma revista que publicou uma matéria com o título "Megan Fox foi uma adolescente lésbica!", contando sobre o relacionamento com uma stripper chamada Nikita. O problema é que o caso não aconteceu. Megan inventou tudo. "O jornalista estava me pressionando, então comecei a falar de Nikita, contando como se tivesse sido bem mais picante do que foi", diz. "Nunca foi nada sexual." Quando Megan conta uma história como essa (e ela se espalha pelo mundo), a coisa toma vida própria e passa a ser o único assunto na boca de todos. E, no meio de tudo isso, qualquer análise mais aprofundada sobre a mulher por trás das palavras se perde - o que, no fim das contas, é exatamente o que ela quer. "É uma luta", diz ela. "O que eu quero é viver sem ter de prestar contas pela minha própria existência. Não quero me dividir com o público. Quero desviar a atenção da minha realidade. Por isso crio estas outras coisas que eu não ligo de ceder. Posso agradar e ao mesmo tempo resguardar todo o resto. Faz sentido?"
Faz. E ela é boa nisso. Ao mesmo tempo, pense como ela dorme com a TV ligada, seu corpo em um casulo; e como seus sonhos envolvem dragões que irão devorá-la se ela não se cobrir de lama, como ela não se sente "superexcitada" com o corpo que tem, o quão violento é seu temperamento e como ela traz à tona assuntos como automutilação e distúrbios alimentares - mas se recusa a se aprofundar neles. Ela parece deixar vazar um pouquinho de seu verdadeiro eu, apesar de tudo. Considere também o motivo de ela ter se tornado atriz. "Na verdade, ainda não descobri", diz. "Fui atraída por razões que não sei explicar." E prossegue: "É um processo masoquista, por causa desse ciclo horrível de ter de se vigiar ou falar de si mesma, quando você odeia ter que se policiar e é horrível de verdade..." Ela para de repente, recuando mais uma vez, como se percebesse que se revelou demais. Ainda assim, tudo isso pode fazer parte de seu jogo, de um modo hollywoodianamente-ultracomplexo. Seria possível? "Fica bem claro quando estou com o meu modo de entretenimento ligado", diz ela. "E, ao mesmo tempo, às vezes fico como estou agora, sem tentar entreter. Hoje", conclui, "você está simplesmente conversando comigo".
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