Vanusa supera a depressão com disco produzido por Zeca Baleiro e promete uma “guinada roqueira” na carreira
Mauro Ferreira Publicado em 19/01/2016, às 19h48 - Atualizado às 20h42
Você sabe que eu sou roqueira, né?”, sonda Vanusa. Aos 68 anos, ela se sente jovial como esse tal de rock and roll. Por ora, a cantora paulista se contenta com o recém-lançado álbum produzido por Zeca Baleiro e que traz no título o nome que a artista recebeu quando veio ao mundo em 22 de setembro de 1947. “Esse disco é um renascimento”, conceitua. A frase poderia soar clichê na voz de qualquer outra cantora. Mas, na de Vanusa, tem sentido. Lançado pelo selo Saravá Discos, de Baleiro, o álbum Vanusa Santos Flores representa mesmo a volta à vida de uma artista que teve o pico de popularidade ao longo dos anos 1970, década em que emplacou nas paradas populares músicas como “Paralelas”, do sumido Belchior, e quando lançou Zé Ramalho para o Brasil ao gravar “Avohai”, em 1977, meses antes de o cantor e compositor paraibano ganhar fama nacional com a edição do primeiro álbum. “Meu poço tem uma mola. Toda vez que chego ao fundo dele, essa mola me arremessa de lá feito um foguete”, filosofa.
A sentença de morte em vida foi dada a Vanusa pela própria artista desde que viralizou um vídeo com sua atrapalhada interpretação do “Hino Nacional Brasileiro” em solenidade na Assembleia Legislativa de São Paulo, em 2009. Vanusa virou piada e se enterrou dentro de casa, com síndrome do pânico, sem querer ver ninguém. Acabou se internando em uma clínica para tratar o problema. Lá, entrou em contato com os dramas de viciados em drogas muito mais pesadas do que os remédios que tomava para combater a depressão e evitar a insônia. Na clínica,
caminhou, nadou, assistiu a palestras motivacionais, fez terapia e recebeu o telefonema salvador de Zeca Baleiro, propondo o disco que demorou dois anos para ser lançado. “O Zeca entendeu o meu tempo e me cercou de carinho. Sempre fui muito elétrica. Mas aí chega uma hora em que, quando a cabeça vai, o corpo fica. E, quando o corpo quer, a cabeça recusa. Eu aprendi que precisava organizar a minha vida”.
A carreira rendeu 18 álbuns, dois casamentos famosos – com o cantor Antonio Marcos e com o diretor de TV Augusto César Vanucci, sendo que ambos já morreram – e três filhos, com os quais, por questões de distância, Vanusa mantém contato somente por telefone. “Já estou em uma idade em que posso pintar meu cabelo de roxo e sair de moto por aí, pois não tenho mais filho para cuidar”, afirma. De volta à vida social, Vanusa já não tem medo de ser feliz e tampouco tem pânico da internet que a massacrou impiedosamente. Ela quer acreditar que tudo são fl ores na sua vida atual. Já não toma remédios para dormir e, como um modo pessoal de fugir da depressão, se permite beber socialmente o “drink da Vanusa” (como batizou o coquetel feito da mistura de rum com água de coco e suco de goiaba) e planeja fazer shows para divulgar o álbum em que regrava músicas de Ângela RoRo (“Compasso”), Vander Lee (“Esperando Aviões”) e Zé Ramalho (“O Silêncio dos Inocentes”). No CD ela também apresenta sua primeira parceria com Zeca Baleiro, “Tudo Aurora”.
“Hoje estou feito criança promovendo o meu disco. Quando você está bem, em paz, tudo começa a fl uir, a se encaixar”, comemora, ao mesmo tempo em que promete a si mesma uma guinada roqueira. “Qualquer dia eu entro no palco mordendo um morcego como o Ozzy. Sou meio doidinha”, brinca Vanusa.
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