<b>À VONTADE</b> Chico aparece descontraído nos shows que deram origem ao DVD - MARIANA VIANNA/DIVULGAÇÃO

Show por Prazer

Chico Buarque aproveita turnê de sucesso para gravar CD e DVD ao vivo, mesclando sucessos e músicas novas

Paulo Terron Publicado em 19/06/2012, às 17h03

Baseado na cantoria vinda do público carioca, dá para dizer que Chico Buarque acertou no repertório que registrava durante dois shows para um DVD e CD, no Vivo Rio, em fevereiro. E o músico não optou pelo caminho mais fácil, construindo um set baseado em sucessos antigos: das 29 canções selecionadas, dez são de Chico (2011), a íntegra do trabalho mais recente dele. “As pessoas hoje gravam discos para fazer show”, disse Chico Buarque à Rolling Stone em 2011, quando ainda não estava certo sobre ter vontade de cantar as novas músicas ao vivo. “[Os artistas] não gravam discos para vender discos. Disco é o contrário do que era antigamente. Antigamente se fazia um show para divulgar o seu disco e o disco atingia assim uma vendagem extraordinária. Hoje não, você faz um disco e esse disco é o que vai te levar a fazer show e com o dinheiro de shows é que você vive. Na verdade, já tenho uma certa estabilidade financeira e não preciso ficar muito preocupado com isso.”

Na mesma conversa, Chico detalhou o desconforto que chegou a afastá-lo dos palcos por mais de uma década. “Em 1975, depois daquela temporada com a Maria Bethânia no Canecão, que foram meses e meses, eu estava escrevendo uma peça de teatro, Gota d’Água, e estava cansado da minha vida de cantor”, explicou. “O menos cansativo era fazer o Canecão com a Bethânia, mas as turnês, os aviões, os hotéis... eu disse: ‘Não vou mais fazer shows’. Fiquei 13 anos sem me apresentar comercialmente, 13 anos. Voltei em 1988, e durante esse tempo todos os meus discos vendiam bem.”

Passado o pequeno trauma e já sem a obrigação de se apresentar, Chico conseguiu juntar condições mais agradáveis para a realização da turnê, como já previa no ano passado. “Eu, para fazer um show, para me sentir confortável no palco, vou querer chamar os meus músicos, os meus amigos com quem eu já me dou bem e tal”, disse. “As músicas são novas, os amigos não precisam ser novos, são os velhos amigos mesmo.” Seguindo esse raciocínio, foram convocados, entre outros, os companheiros Luiz Claudio Ramos, responsável pela direção musical do disco de estúdio e da turnê, e Wilson das Neves, que, além da bateria em parte do espetáculo, ainda divide os vocais em “Sou Eu” e “Tereza da Praia”.

Além das as composições novas, a série de shows resgatou faixas como “Baioque” (da trilha de Quando o Carnaval Chegar, de 1972) – colada na recente versão do paulistano Criolo para “Cálice” – e “Geni e o Zepelin” (de Ópera do Malandro, de 1978). Na recente “Rubato”, Chico assume a confortável postura de frontman e, sem o violão, canta em pé, ao mesmo tempo que interage com a plateia.

O registro ao vivo, feito pelo Canal Brasil em parceria com a gravadora Biscoito Fino (que também lançou Chico), é uma amostra fiel da turnê que o músico estreou no último mês de novembro, em Belo Horizonte, e que rodou o país até o fim de maio, com 72 apresentações em dez cidades e um público total de aproximadamente 180 mil pagantes. Só em São Paulo, no mês de março, foram necessários seis shows extras – além dos 16 que já haviam sido agendados – para acomodar a demanda do público.

Além de DVD/Blu-ray e CD duplo que devem sair no começo de agosto, o show também será exibido pelo Canal Brasil pouco depois. “É quase simultâneo”, explica o presidente da emissora, Paulo Mendonça. “Procuramos evitar que o lançamento no canal venha a prejudicar o lançamento do DVD. Tem uma defasagem de uns dez ou 15 dias.”

Chico Buarque

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