Amadurecido, quarteto Boogarins se aprofunda na psicodelia com segundo disco e shows na Europa
Lucas Brêda Publicado em 11/11/2015, às 17h38 - Atualizado em 21/12/2016, às 19h36
Logo após tocar no festival Primavera Sound, em Barcelona, em maio de 2014, o Boogarins entrou em estúdio na cidade de Gijón, na Espanha. “Embarcamos com o pensamento de ‘Vamos gravar o que temos até agora’”, conta o vocalista do grupo, Dinho Almeida. Na ocasião, o quarteto goiano vivia o turbilhão da primeira turnê internacional da carreira, impulsionada pelo álbum de estreia, As Plantas que Curam, lançado em setembro de 2013 pelo selo norte-americano Other Music. “Foramumas 60 datas, três meses tocando quase todos os dias”, relembra Almeida. “O jeito como tocamos [nas novas gravações] é resultado direto disso, dos shows que tínhamos realizado.”
Os registros analógicos feitos na Espanha foram estruturando, ao longo dos meses, o segundo álbum do Boogarins, Manual, liberado no último dia de outubro. “É o primeiro disco da banda como banda”, explica o vocalista. “No primeiro álbum nós só gravamos. Não sabíamos se iríamos ter que tocar aquilo ao vivo um dia.” Desde as sessões em Gijón, o quarteto perdeu o baterista Hans Castro, que cedeu lugar ao ex- -Macaco Bong Ynaiã Benthroldo. “Minha maior preocupação foi virar amigo dos meninos”, diz ele, que tocou na gravação da faixa “Falsa Folha de Rosto” e já assume as baquetas no palco. “Quando você tem afinidade, uma relação, isso toma uma proporção muito maior.”
Recheado de construções instrumentais, Manual mantém o colorido psicodélico característico da banda – até por resgatar composições mais antigas –, mas ganha novas ousadias estéticas e finalização muito maisrefinada. “Em ‘Avalanche’ – que abriu todos os sets da turnê –, já estávamos com uma sonoridade específica na cabeça. Mas sentimos falta de algo mais moderno”, diz o guitarrista Benke Ferraz, que produziu e mixou as faixas com o norte-americano Gordon Zacharias. “Quando juntou o trabalho do Gordon com o que já havíamos feito, ficou tudo como queríamos: o som alto, alterado, também com a cara do analógico.”
Na época que fez As Plantas Que Curam, o Boogarins resumia-se a Almeida e Ferraz, recém-saídos do ensino médio. “Gravamos em casa”, lembra o guitarrista, falando ao telefone em um carro, enquanto ele e os três companheiros se organizavam para uma turnê europeia de mais de 20 datas que começou no fim de outubro. O jornal britânico The Guardian foi apenas um dos veículos estrangeiros que elogiaram o som dos rapazes. “Ainda moramos na casa dos pais, mas passamos mais tempo viajando”, diz Ferraz. “Dois anos atrás, quando estávamos ensaiando, fazendo faculdade, eu nunca iria imaginar que chegaria a este nível”, ele reflete, comemorando “a quantidade de coisas que fizemos devido a um disco gravado em casa”.
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