Com shows marcados no Brasil, líder do Aerosmith lista os ensinamentos adquiridos com a banda
Andy Greene Publicado em 20/06/2016, às 13h45 - Atualizado às 13h45
Apesar dos rumores de uma possível aposentadoria do Aerosmith, a banda segue na estrada – já tem, inclusive, três shows confirmados no Brasil, em outubro (São Paulo, Porto Alegre e Recife). Steven Tyler também trabalha, desde 2015, em um disco solo de country music, e apesar das ocasionais divergências com Joe Perry, o guitarrista de sua banda, o cantor não deixa de exaltar o amigo: “Não importa o que Joe tenha dito recentemente sobre ciúmes, eu não poderia estar fazendo meu álbum solo se não fosse por ele”.
Quais são as melhores e as piores partes do sucesso?
Sou uma daquelas poucas pessoas que amam a notoriedade. Amo ser amado por gente que ama as músicas que a minha banda amou o suficiente para gravar. Agora, o outro lado é que todos têm uma câmera no iPhone, então não dá para ir a lugar algum sem tirar uma foto. Tenho uma camiseta ótima com a estampa “go fuck your selfie” [foda-se sua selfie], que uso quando vou a aeroportos.
Parece que, em parte do tempo, você odeia a fama.
Depende de como acordo pela manhã. Às vezes, estou na academia às 7h30, ainda não tomei café e todo mundo que me encontra fica tipo “ai, meu Deus!” É como ser bicado até a morte por galinhas, mas também há momentos em que fico muito grato, como quando um menino de 9 anos me diz que amou um comercial comigo no intervalo do Super Bowl ou um quarentão fala que se casou ao som de “I Don’t Want to Miss a Thing”.
Há mais de quatro décadas, você lidera uma banda com pessoas de personalidade forte. O que isso te ensinou sobre liderança?
A não ser que você seja um general comandando soldados que apenas seguem as ordens, só pode guiar tendo os outros como exemplo. No começo [o Aerosmith] só tinha a ver com fumar muita erva, tentar acordar alguém [com nossa música] e muitas brigas no “clube do bolinha”, mas eles me ensinaram muito. E estar junto há 40 anos tem sido uma das maiores alegrias da minha vida.
Parece que vocês cinco perceberam que as forças que os atraem são maiores do que as que os afastam.
Bem colocado, meu bom homem. Uma das maiores coisas que aprendemos é “não consigo fazer isso sozinho”. Nunca poderia ser o cara com quem você está falando se não fosse por nós cinco sentados na cozinha em Lake Sunapee, no verão de 1971, decidindo nos mudar para Boston.
O que você entende sobre dinheiro agora que não entendia há 40 anos?
Não quero que meus filhos saibam disso, mas só me preocupei com dinheiro quando descobri que empresários e donos de gravadoras tinham roubado quase tudo de nós. Só pensava: “Cara, se eu conseguir compor uma música como os Kinks conseguiram, como Janis Joplin, como os Beatles, e tiver um irmão para fazer isso comigo – Joe Perry –, o resto virá”. Graças a Deus, conseguimos isso. Agora, temos contadores e advogados, porque quando você estoura, os abutres começam a rondar.
Quem são seus heróis?
Há muitos, mas, na verdade, qualquer pessoa que tenha sobrevivido a um trauma. Gente como Dave Grohl. Ele poderia ter seguido o caminho do restante do Nirvana, mas se levantou do banco da bateria e virou vocalista e guitarrista. Somos farinha do mesmo saco: você não encontrará dois caras mais simples, pé no chão e prestativos do que eu e David.
Que livros você está lendo agora?
Acabei de ler História da Minha Vida, do Giacomo Casanova. Amei pra caralho. Era eu em outra época, metade homem, metade mulher.
O que quer dizer com isso?
Bom, você já ouviu o Aerosmith – há muita energia feminina naquele som. Se está esperando que eu declare que estou saindo do armário, não é isso. Só estou dizendo que, com Paul McCartney, há muita energia feminina na melodia. E com o John Lennon eu diria que há mais energia masculina. Sempre achei isso.
Que regras você segue na vida?
Você é o que come. Durma com um olho aberto. Siga seus sonhos. Há muitas delas. As pessoas estão morrendo lentamente hoje. Ou ficam muito na internet e perdem o emprego ou estão comendo demais. Tudo isso vai te derrubar. É tão evidente quanto colhões em um cachorro alto.
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