Trem Recauchutado

Produtora revisita o Clube da Esquina com série de vídeos e colaboração de Silva

Lucas Brêda | Tradução: Ligia Fonseca (Nick Jonas)

Publicado em 10/02/2015, às 17h15 - Atualizado em 13/02/2015, às 15h50
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<b>ADMIRADOR</b><br> Silva queria retomar a importância do movimento mineiro -

Desde que tinha 13 anos e comecei a ouvir Iron Maiden, tinha meu disco do Milton Nascimento para revezar”, diz Fernando Neumayer, que, apesar do sotaque carioca, retoma a cada frase a reverência aos mineiros do Clube da Esquina. À frente da produtora Tocavideos, ele é responsável pelo projeto Mar Azul, que traz 11 vídeos de músicas dos “frequentadores do Clube” na voz de outros artistas, entre eles Pedro Luís (“Reis e Rainhas do Maracatu”) e Moska (“Quem Sabe Isso Quer Dizer Amor”). As gravações chegam este mês ao canal da produtora no YouTube.

Entre as versões finais, destaca-se a releitura inusitada de Silva para “Um Girassol da Cor de Seu Cabelo”, com apenas violão e bateria eletrônica. “Quando recebi o convite, demorei um pouco para dar uma resposta. Disse que toparia fazer se fosse a ‘Girassol...’”, conta o capixaba. “Escolhi um arranjo bem minimalista. Geralmente minhas músicas têm muitas camadas, então resolvi limpar bastante e usar o violão – instrumento que uso pouquíssimo – e a batida para criar esse clima seco.”

“Filmamos quase tudo no mesmo lugar”, diz Neumayer, se referindo ao estúdio Bituca, localizado na casa onde Milton Nascimento morava, em Itanhangá, bairro do Rio de Janeiro. “Nem sabia que a gravação seria lá”, Silva confessa. “Para mim, seria em um estúdio qualquer no Rio de Janeiro. Quando a gente parou no condomínio e me disseram que era a casa do Milton, eu gelei. Gravar a música dele, na casa dele – é uma responsabilidade muito grande.”

Além de serem admiradores confessos da obra do Clube, Neumayer e Silva dividem a crença de que o grupo “fica de lado em relação a outros movimentos”, como afirma o produtor. “Um dos pontos [do projeto] é este: ‘Vamos lembrar- -nos dos mineiros também’”, diz. “É uma obra celebrada, mas não é tão falada como a Tropicália, por exemplo”, acrescenta Silva. “É um pouco subestimada em alguns momentos. E acho incrível como é bastante original. Eles utilizaram muitas coisas contemporâneas – e isso deu um refresco grande para a música brasileira da época.”

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